Luiz Bandeira
Moradores da comunidade Beira-Linha, em Teresópolis, continuam preocupados com possíveis danos estruturais causados pelas obras de instalação da rede de coleta de esgoto realizadas pela Águas da Imperatriz ao longo do Rio Paquequer. Após a publicação da primeira reportagem sobre o tema, duas semanas atrás, novos relatos reforçam o clima de insegurança e a sensação de abandono entre os residentes naquela comunidade e o Diário voltou ao local.
A moradora Estefani Schuenck afirma que o atendimento recebido até agora não oferece segurança real. Segundo ela, a Defesa Civil informou que sua casa estaria “segura momentaneamente”, expressão que, para a moradora, significa apenas que “não há perigo no momento”. Ela critica a postura do órgão: “Pra haver um perigo maior, a gente necessita que a chuva caia, que o rio encha, pra que eles possam dizer assim: ‘pronto, realmente aconteceu’. Eles estão esperando o quê?”
Estefani relata que todo o processo a deixou ainda mais desconfiada após uma promessa não cumprida por parte da concessionária: “O engenheiro deles disse que ia fazer uma visita na minha casa e não fez. Falou pra eu ficar despreocupada, que iriam fazer uma coisa boa pra minha estrutura e, no final, infelizmente, fizeram igual a cara deles.”

A moradora diz ter sido desrespeitada por um representante da empresa dentro da própria casa. “Eu ouvi da boca de um representante da empresa que eu não tinha estudo para falar sobre o assunto.”
Com as chuvas constantes, ela descreve noites sem dormir e episódios de ansiedade: “Hoje, 1h45 da manhã, começou a chover. Parou às 3h40. A gente fica na espera, não tem descanso mental. É um problema que a empresa força a gente ter, porque mexe com o nosso psicológico.”
Estefani afirma que, ao buscar respostas, é encaminhada repetidamente para outros setores: “Quando a gente procura a resposta deles, mandam procurar outro. Aí esse outro manda procurar um terceiro. O atendimento é péssimo e não resolve.”
Diante disso, moradores organizam o abaixo-assinado “A Voz da Comunidade”, cobrando um posicionamento formal da empresa. “Eu preciso que eles deem por escrito uma declaração garantindo que, se a nossa casa tiver um problema maior de estrutura, eles venham corrigir ou indenizar.”

Rachaduras e medo constante
A moradora Ariane Fernandes, que também vive à beira do Paquequer, conta que sua casa começou a ceder após o início das obras. Ela procurou ajuda e, com apoio do vereador Calé, conseguiu reunir engenheiros, a assistente social e a Defesa Civil para uma vistoria. Apesar disso, afirma que tudo ficou apenas na conversa: “Eles vieram, só que falaram que é temporariamente e que no momento não tem risco, sendo que é nítido que cedeu a minha casa. Tem uma rachadura enorme na lateral da coluna.”
Ariane diz que nenhuma orientação veio acompanhada de documento oficial. “É muita burocracia. Os acordos são feitos de boca. Não tenho nenhum documento da Defesa Civil.”
Ela relata ainda ter recebido uma recomendação surpreendente: “Me falaram pra eu comprar um pouco de cimento, tapar o buraco e ficar vigiando de três em três dias pra ver se cede.”
Para a moradora, a falta de responsabilidade institucional agrava o sofrimento de quem vive próximo ao rio: “É o sistema jogando pro sistema, e a gente fica no prejuízo. Sem dormir, com medo de chuva, da casa cair. A casa está oca. A gente sente que cedeu.”

Comunidade pede respostas
Enquanto rachaduras aumentam e a insegurança cresce, moradores afirmam que vivem “à mercê da situação”, aguardando que a empresa ou os órgãos responsáveis formalizem seus diagnósticos e assumam responsabilidades. A mobilização no bairro segue aumentando, e os residentes cobram mais clareza, menos burocracia e medidas efetivas para garantir a segurança das famílias.
Posicionamento do Grupo Águas
O Diário de Teresópolis segue acompanhando a situação. Quando o assunto começou a ser discutido, a Águas da Imperatriz informou não ter recebido nenhum chamado ou registro de rachaduras em imóveis na Beira Linha. À época, a concessionária afirmou ainda que as obras são realizadas seguindo todas as normas de segurança e que realiza vistorias sempre que solicitada. “Os moradores que desejarem entrar em contato com a empresa podem fazê-lo pelos canais oficiais: WhatsApp (21) 97211-8064, telefone 0800 757 0422 ou pelo site (http://www.aguasdaimperatriz.com.br)”, disse a empresa que substituiu a Cedae em Teresópolis.









