Marcello Medeiros
No último fim de semana, mais um casal foi vítima de assalto no trecho de Serra da estrada Rio-Teresópolis. Residentes em Além Paraíba, eles estavam em um Honda Civic quando foram emparelhados por outro veículo e obrigados a parar nas proximidades do quilômetro 97. No desenrolar da abordagem, os bandidos atiraram contra as vítimas, que terminaram baleadas: A motorista foi atingida nas pernas, duas vezes, e o carona de raspão na cabeça. Eles foram socorridos pela ambulância da CRT e levados para o Hospital das Clínicas. Esse foi o segundo caso do tipo registrado em cerca de um mês. No anterior, o veículo foi perfurado, mas seus ocupantes nada sofreram. Um dos motivos para o aumento desse tipo de violência seria a instalação de radares em três pontos da rodovia (quilômetros 91,1, 101,2 e 104,1). Os dois primeiros permitem máxima de 60 km/h e o terceiro apenas 50 km/h.
No primeiro ataque com arma de fogo, a Polícia Rodoviária Federal, responsável pela segurança da rodovia e tem base nas proximidades do pedágio, em Magé, informou que melhoraria a segurança na serra de Teresópolis. Nesta segunda-feira, fizemos novo contato com a Assessoria de Comunicação da PRF, que informou “que já houve um reforço nas rondas das equipes na localidade”. A Polícia Rodoviária também destacou que “em caso de informação que possam ajudar na captura dos criminosos, a PRF pede para ligar para o telefone: 191, com garantia de sigilo do denunciante”. O DIÁRIO também questionou se a velocidade aplicada nesses trechos poderia ter relação com o aumento da violência, não obtendo resposta nesse sentido.
Importante destacar a escalada da criminalidade pode prejudicar o turismo no município e, com menos pessoas subindo a Serra, cai movimento dos hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais e – consequentemente – o número de vagas de emprego será reduzido.
Quando a vítima ajuda os bandidos
Mesmo que a PRF consiga aumentar seu efetivo e ampliar as rotas e horários de patrulhamento na Rio-Teresópolis, ou instalação de novas bases na BR-116, os bandidos poderão continuar agindo com certa tranquilidade porque muita gente tem contribuído com a criminalidade ao utilizar grupos de WhatsApp alertando sobre operações policiais ou aplicativos como o Waze, que indica onde há reforço na segurança.
No início do ano, O DIÁRIO mostrou que esse tipo de ação, no lugar de apenas evitar a apreensão de veículos com situação documental irregular, principal alegação de quem busca tais meios, pode facilitar bastante a vida de criminosos envolvidos em vários tipos de delito, de roubos e furtos a assassinatos. Afinal, se alguém “que está devendo algo para a Justiça” souber onde pode ser enquadrado, vai buscar outra rota de fuga, assim como aqueles que pretendam praticar assaltos. “Quando a pessoa avisa em grupo de WhatsApp está contribuindo para sua própria falta de segurança. Então pedimos ao teresopolitanos, que tem essa cidade como uma cidade segura, que não utilize esse serviço, não use desse artifício, que deixe a polícia trabalhar para que possa tirar da sociedade essas pessoas que fazem tão mal”, relatou na ocasião o Coronel Marco Aurélio, Comandante do 30º BPM.
Waze pode ser proibido
A Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou no ano passado um projeto de lei que transforma em infração o uso de dispositivos eletrônicos, aplicativos ou rede sociais que alertam o motorista sobre a presença de radares, policiais ou autoridades de trânsito. O projeto de autoria do deputado Major Fábio (PROS/PB) estava em tramitação desde 2013, e prevê a alteração do Código de Trânsito Brasileiro. A análise em plenário deve acontecer ainda este ano. O texto original do projeto se referia apenas às blitzen realizadas para o cumprimento da Lei Seca. Com o passar do tempo, acabou englobando também os avisos da presença e localização de radares, policiais e autoridades de trânsito.
A medida deve atingir diretamente aplicativos como o Waze (cuja função primordial é a navegação via GPS) e o Radardroid (específico para alertas sobre radares), entre outros. Para os aplicativos, o risco caso eles não restrinjam estas funcionalidades pode ser a proibição do acesso por parte dos provedores de internet. Já para os motoristas que utilizarem está prevista uma multa de até R$ 50.000, além de sete pontos na CNH.