Luiz Bandeira
Em todo o Brasil houve manifestações de rodoviários no sentido de paralisar as atividades da categoria para exigir aumento de salários e melhores condições de trabalho. Em algumas capitais, como no Rio de Janeiro, Salvador (BA) e São Luiz (MA), motoristas de ônibus ficaram ao menos um dia parados nas garagens. Aqui em Teresópolis, o sindicato da categoria levou essas reivindicações em reuniões com os empresários que manifestaram aos representantes as dificuldades que estão atravessando para manter as empresas saudáveis. Nesta quinta-feira, 31, em entrevista ao programa Hélio Carracena, na Diário TV, o presidente do sindicato da categoria no município, José Maria Motta, e o vice-presidente Elias Rocha manifestaram preocupação com o momento que as empresas de ônibus atravessam e não descartaram paralisar as atividades em breve. “No momento não, fizemos uma negociação com a empresa e fizemos um pedido ao Marcelo (empresário dono da Viação Dedo de Deus), ele nos atendeu dando três por cento de aumento agora em março e mais três por cento em julho. A minha preocupação toda não é essa, porque a empresa andou pedindo uns empréstimos lá em baixa, a quem administra, pra poder pagar esse aumento e aí é uma situação que a gente está momentaneamente, porque o rodoviário passou três anos, para não prejudicar a população, sem aumento, no total a gente ficou sem receber esses aumentos e tivemos uma defasagem de 17 por cento”, queixou-se o sindicalista.
Pelo acordo firmado agora, a empresa que descontava 20% na cesta básica, pela participação no PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), passará a não cobrar esse percentual do trabalhador que irá contribuir com apenas dois Reais para o programa. “Eu pedi ao Marcelo que não cobrasse isso do meu associado do sindicato e que cobrasse somente R$ 2. Assim a gente passou a ter um aumento só na cesta básica, que era importante, nos cálculos que eu e o Elias fizemos”, justificou Motta.
Vários fatores tornaram o setor deficitário – sendo que este era um dos mais pujantes e cobiçados por investidores – e parece definhando por atravessar atualmente sérias dificuldades, como admitiu o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Cargas e Passageiros de Teresópolis e Guapimirim, Elias Rocha. “A dificuldade dos empresários no Brasil inteiro é a mesma, tanto em Teresópolis, quanto no Rio, quanto em outros estados é a mesma, por quê? O óleo diesel aumentou em torno de 80 por cento em um ano e as empresas até agora não receberam nenhum reajuste de tarifa, então eles alegam que estão tendo prejuízo que a receita não está dando pra cobrir. Então, foi uma dificuldade muito grande, nessa negociação nós conseguimos esses seis por cento, três agora e três em julho, mas a nossa negociação para por aí, porque a nossa defasagem é grande. Então hoje a empresa não está encontrando nem motorista pra trabalhar. A empresa abriu vaga para a contratação de novos motoristas e não está conseguindo devido o salário muito baixo”, revelou Elias.
Atenção ao momento
Os sindicalistas revelaram que as empresas de Teresópolis já tiveram inclusive que vender carros e que as frotas estaria em partes sem condições para rodar, pois tanto na empresa Dedo de Deus quanto e Viação Teresópolis os veículos têm mais de 10 anos de uso. Em 2015 a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 7057/10, do deputado Hugo Leal, que limita em dez anos a vida útil de ônibus interestaduais de passageiros. O tempo conta a partir do primeiro emplacamento dos veículos. O objetivo do projeto é obrigar as empresas a renovar suas frotas de veículos periodicamente. Muitas empresas, segundo o autor, não adquirem novos veículos, em razão da fiscalização ineficiente e de contratos de concessão sem regras claras sobre o assunto. “Estou estabelecendo apenas um parâmetro, e só posso fazer isso para o transporte interestadual porque é nossa competência. Não podemos extrapolar para o transporte municipal”, disse Hugo Leal. A lei não contempla ônibus municipais.
Foto: No programa Hélio Carracena, representantes dos trabalhadores afirmaram que as bases formadas com empresários, por hora, foi um bom acordo