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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Os desafios do turismo receptivo em Teresópolis

Responsável pela pasta no governo municipal aponta necessidade de várias mudanças

Nina Benedito
@ninabenedito

O setor de turismo foi um dos mais prejudicados com a crise sanitária, contudo estamos vendo uma retomada que tem tudo para ser um “boom” e que o segmento é apontado como um dos setores promissores em crescimento e desenvolvimento. Em recente entrevista ao “Programa da Nina” na Diário TV, o Secretário de Turismo, Maurício Weichert fala sobre os desafios enfrentados pelo trade turístico local e pontos que acredita que seja necessário haver mudanças para Teresópolis crescer de diversas maneiras através da visitação turística. “Os produtores de eventos foram muito impactados. Esses realmente ficaram sem trabalho, os compromissos assumidos lá atrás, quando a pandemia chegou, tinham provavelmente vendido o evento, tendo patrocinadores, eles tem que realizar esses eventos e não tiveram condições de devolverem o dinheiro a grande maioria, então a gente está priorizando esse andamento, e os novos eventos que vem ainda para o final do ano e para o ano que vem, todos eles muito rigorosos na questão dos protocolos de segurança”, pontuou. A seguir, veja outros tópicos da entrevista.

Projetos para novos eventos
“Recebemos diversas demandas de novos eventos que estão sendo estudados por nossa secretaria. É muito importante, para quem é promotor de eventos, que faça o seu Cadastur junto ao Ministério do Turismo, obrigatório dentro da lei geral do Turismo, e venha conversar conosco para apresentar o seu projeto, desde que o evento seja realmente turístico, ou seja, que o público final sejam os turistas”.

Turismo Receptivo
“Essa questão do receptivo, é fundamental, principal e hoje acho que seja o nosso maior gargalo. Lá atrás, na minha carreira como profissional, eu já tive empresas receptivas, já trabalhei em empresas de receptivo, e precisa ter um capital de giro muito grande, porque você tem que operar no negativo durante uns seis meses as vezes até um ano, porque é necessário você ter os passeios, os serviços de forma regular. Tendo passageiro ou não tendo passageiro a gente vai sair com o passeio , só assim começa a entrar na cultura. A maioria dos nossos receptivos hoje não tem esse capital de giro, a maioria são guias que abriram MEI, CNPJ e começaram a trabalhar com receptivo também, e trabalham de forma privativa, ou seja, por demanda, não tem esse tour regular.

Parcerias com o receptivo
“Na época que eu trabalhava no Teresópolis Convention, tentei criar uma parceria entre esses receptivos para que pelo menos a cada final de semana um deles fizesse o regular, ou seja, ao invés de todo final de semana, fazer algo intercalado e todo mundo vende todo mundo, todos se comissionam, todo mundo arrecada junto, mas essa parceria não foi pra frente”.

Grandes operadoras
“O que eu tenho percebido então, fazendo um outro movimento, é indo buscar as grandes operadoras do Rio, do Brasil e até do exterior para essas grandes operadoras começarem a vender Teresópolis, e elas então demandarem o receptivo local, e feito esse movimento, as grandes operadoras tem uma série de regras de compliance de faturamento que os nossos receptivos não atendem. Um deles é que esses receptivos tem que ter veículo próprio, e não terceirizar ou sub locar. E aí temos novamente uma questão. E  eu fui buscar se existia uma franquia de turismo receptivo, porque de agência emissiva tem um monte, e de receptivo, não tem. Conversei no nordeste com a Luck Turismo, descobri a Associação Brasileira de Receptivos Turísticos, comecei a conversar com eles “cria um modelo, faz alguma coisa, apoia o nosso receptivo local” e vamos dizer que estamos flertando nesse processo”. 

Ecoturismo
“Considero Teresópolis um destino turístico pronto para ser lapidado, a gente tem muita coisa bonita, o Ecoturismo tem que ser muito bom, porque a gente está cercado por três unidades de conservação, temos mais de 70% do nosso município de área verde, então, a gente tem que ser muito bom nesse segmento. O setor de Ecoturismo é o que mais cresce há dez anos, é o que continua crescendo, é o que paga bem, e aí tem todo um trabalho nosso na secretaria que também é dar noções desse mercado, de como o empreendedor da cidade tem que se adaptar”.

Profissionais de fora e união
“Eles não vão ficar, quem vem de fora pra cá, se vier, já está ‘brifado’ conversas que vai ter que usar a mão de obra local. O que falta para o empresário aqui de Teresópolis, é a capacidade de investimento, e isso não é da noite para o dia. Tem que estar preparado para correr riscos, tem que ter dinheiro para investir, como eu falei, no receptivo você vai colocar seis meses a um ano dinheiro na frente, você vai operar com prejuízo, só depois de um ano, dois anos que você vai começar a ter um fluxo de turistas suficiente para poder bancar suas despesas, e hoje é difícil ter alguma empresa de Teresópolis que tenha esse capital de investimento. O que eu sugiro sempre é o cooperativismo, o associativismo, eu acho que se cada um der um pouquinho, cada um ajudar, você vai ter instituições mais fortes”.

Conselho aos empresários
“Conheço muitos do setor de turismo aqui em Teresópolis, que todo dia tem uma ideia nova, tem um projeto novo. Tudo que está na sua cabeça pode dar certo, mas tem que focar, se dedicar seis meses, um ano em um projeto, porque cada dia criar uma ideia nova, você nunca vai terminar nada, e provavelmente na primeira barreira vai desistir e vai partir para aquela ideia nova. Eu falo isso de carteirinha porque sou uma pessoa inovadora, extremamente sonhadora, e todas as consultorias que eu já tive, a palavra é foco! E a gente percebe isso aqui em Teresópolis.  Escolha um seguimento no turismo, se você é bom em natureza, vá trabalhar com natureza, se você é bom em gastronomia, vá trabalhar com gastronomia , com cerveja, com rural, com casamento, com compras, vai ser ‘o cara’ naquilo, vá ser o especialista. Nesse ponto de vista, falta esse tipo de parceria entre as empresas”.

Desunião no trade turístico
“Não só acho como tenho certeza. A gente vê isso nas reuniões, é melhor dividir o montante do que cada um ficar brigando por uma migalha, e o turista percebe, ele acaba fazendo o ‘tourist out’, fazendo o turismo auto guiado, ele mesmo se virar. Quando eu cheguei a Teresópolis há quatro anos, vim transferido de uma empresa para cá, e eu perguntava ‘gente, o que orgulha você aqui em Teresópolis? O que tem pra fazer em Teresópolis? E as respostas eram sempre negativas. Não é possível que não tenha nada pra fazer, e a gente escuta isso na recepção de hotel. Estamos falando de grandes empresários  da cidade, essa capacitação hoteleira, quando você fala que um hotel diz que não tem nada pra fazer, isso é muito grave e prejudica toda essa cadeia que está trabalhando, está investindo dinheiro naquele negócio. O que está faltando nessa rede hoteleira que vive cheia?”.

Problemas
 “É um conjunto de problemas, mas falta profissionalização, tanto no setor hoteleiro, gastronômico, no receptivo. Quando eu falo profissionais, são aqueles que se qualificaram, estudaram, abriram um negócio porque tem amor, e porque sabem gerir aquele tipo de negócio. Tem muita gente no turismo, que é um apaixonado por viagem e abre uma agência, ou adora receber gente, e abre uma pousada, que fala 15 idiomas e vai ser guia de turismo, isso acontece, mas o cliente está cada vez mais exigente, o mercado está cada vez mais exigente, e essa profissionalização vem ou porque caiu a ficha e a pessoa vai estudar, ou alguém vem comprando tudo. Vai enxergar que aqui é uma oportunidade, vai entrar e vai fazer acontecer, mas pra isso, precisa ter um setor público que passe credibilidade para esse empresário, precisa ter políticas públicas com legislações que também deem essa credibilidade”.  

 

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Edição 03/05/2024
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