Antiga prática continua sendo fundamental para a emissão de alertas e auxílio na comunicação
Quando todos os modernos recursos convencionais de comunicação entram em colapso, seja por problemas técnicos ou falta de energia, o radioamadorismo “fala mais alto”. E salva vidas. Em Petrópolis, na Região Serrana, a atuação de 53 radioamadores voluntários da cidade foi fundamental nas primeiras 48 horas da tragédia causada por temporal no último dia 15, quando quedas de barreiras e enchentes devastaram a cidade, deixando mais de 230 mortos. Com energia comprometida nos dois primeiros dias na maioria das áreas atingidas, o que impediu o acesso a internet, celulares e, consequentemente, às redes sociais, a rádio transmissão foi a saída para se estabelecer a comunicação entre bombeiros, moradores e servidores públicos.
Bases foram montadas no 15°GBM (Petrópolis) e no Gabinete Integrado de Gestão de Desastres, instalado no Colégio Estadual D. Pedro II, com transmissões para outras bases comunitárias e bases móveis. Estações portáteis também foram instaladas no Instituto Médico-Legal (IML) e no Hospital Municipal Alcides Carneiro. O superintendente operacional da Secretaria de Estado de Defesa Civil (Sedec-RJ), coronel Alexandre Silveira, diz que não há como precisar, mas não tem dúvidas de que a ação imediata dos integrantes da Rede de Operações de Emergência de Radioamadores (ROER) de Petrópolis, em parceria com a corporação, ajudou a salvar vidas.
Cadastrados em 172 pontos do estado, os radioamadores passaram a integrar a rede oficial de informações da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros e a receber treinamentos. Nos cursos, aprendem a como proceder diante de calamidades, seja relacionada a chuva, fogo ou estruturas de imóveis colapsados, por exemplo. Vice-diretor da ROER, o militar da reserva Fábio Hoelz justifica a importância da parceria com o Corpo de Bombeiros. De acordo com ele, durante os momentos de maior crise em Petrópolis, os radioamadores trocaram mais de 1.000 mensagens urgentes, das quais pelo menos 600 foram de alerta máximo para que as pessoas deixassem suas casas imediatamente. Ou seja, o recado de perigo iminente foi emitido logo que o temporal começou a apertar. Quando percebemos que a situação foi se agravando, aceleramos os avisos à comunidade, de diversas formas, por meio dos radioamadores localizados em todos os pontos do município, sobre a necessidade de evacuação imediata dos imóveis nas áreas de risco – destaca Fábio, lembrando que na Vila Felipe, uma das localidades mais devastadas, somente um rádio transmissor fez a ponte de comunicação dos bombeiros na região por três dias, abastecido por gerador.