As formações rochosas com nome de animais mais conhecidas de Teresópolis são a Tartaruga, símbolo do Parque Natura Municipal Montanhas de Teresópolis, e o Elefante, na área do Parque Estadual dos Três Picos. Porém, existe uma terceira, um pouco menos visitada, com uma vista tão interessante da região quanto as duas primeiras. É a Pedra da Galinha, também conhecida como Cadetes, localizada na zona de amortecimento do Parque Nacional da Serra dos Órgãos e acessada pela área urbana, por fora da unidade de conservação ambiental. Com 1.350 metros de altitude, a montanha fica entre Iúcas e Jardim Serrano e se destaca nas proximidades do Hospital São José por conta do íngreme paredão com centenas de bromélias. Do seu ponto mais alto, a vista para praticamente toda a zona urbana do município é espetacular, sem esquecer os diferentes ângulos de atrativos turísticos e dos parques que protegem rica biodiversidade e beleza cênica não só em Teresópolis, mas em municípios vizinhos.

O acesso da trilha fica nas proximidades do número 121 da Estrada Abelardo da Cunha, em um terreno baldio, no lado esquerdo, sentido Serrano. O trajeto até o cume é bem curto, pouco mais de um quilômetro. Porém, o desnível e a orientação no primeiro segmento são os “complicantes” dessa caminhada. São aproximadamente 300 metros da base ao topo, o que representa, na curta distância, uma inclinação forte durante quase toda a subida. Quanto à sinalização, o trecho inicial é bem aberto. Porém, como moradores da região utilizam nascente no local para a captação de água, há dezenas de picadas para a passagem desse público e a instalação de mangueiras.

A dica é seguir no caminho mais aberto, pegando duas curvas mais fortes para a esquerda, ladeando o muro de uma residência até atravessar um bambuzal. Desse ponto em diante, a trilha começa a ficar bastante óbvia – principalmente quando se acessa a crista da montanha. E, quando a vegetação rareia, começa a bonita vista para a área urbana de Teresópolis e montanhas protegidas pelo Serra dos Órgãos e, bem ao longe, os Três Picos.

Tem cérebro, mas há quem não pense
Já nesse primeiro ponto dá vontade de parar e ficar admirando, mas, quanto mais alto, mais bonito. Logo no início do trecho pela crista uma curiosidade. Um bloco de pedra que lembra bastante um cérebro. Infelizmente, ao lado dele existem pichações. Aliás, o fácil acesso já tem gerado alguns problemas nesse sentido, havendo mais rabiscos criminosos em outro ponto acima e lixo espalhado em uma pequena caverna quase no topo.

Água e um mundo diferente
No trecho final da caminhada, onde há um grande bloco rochoso que representa a “crista da galinha”, são duas opções para o visitante. Pela esquerda, um trepa-pedra para os “mais ousados”. Pela direita, apenas caminhada ladeando o promontório. Na segunda opção também existe uma pequena nascente. Mais alguns metros e pronto, cume!
O local mais aberto, e de onde se avista majestosamente à frente a região urbana de Teresópolis, cercada ao fundo pelas dezenas de montanhas do Parque Estadual dos Três Picos, fica um pouco abaixo do ponto mais alto. À esquerda, a BR-495, rodovia que dá acesso a Itaipava, Distrito de Petrópolis, e montanhas como a Tapera, Triunfo, e até a Tartaruga. Bem na direita, o Centro de Treinamento da CBF e o Lago do Comary se evidenciam no horizonte.
O “cume verdadeiro” é mais fechado de vegetação. Porém, de lá se avista Nariz e Verruga do Frade e outras montanhas na Serra dos Órgãos. Essa possibilidade de ver o mundo de cima pode abrir também uma perspectiva maior sobre nossa posição e responsabilidade no planeta. Somos pequenos demais e, mesmo assim, causamos grandes males em um ambiente que dependemos para sobreviver. Nossa região é linda, rica em biodiversidade e de belezas cênicas que fazem inveja a qualquer município. Mesmo assim, é fácil perceber quanto a pressão antrópica pode ser prejudicial se não houver uma mudança no pensamento geral e que respeitar a natureza é respeitar nossas futuras gerações.

“Galinha escaladora”
Para quem gosta de “subir pelas paredes”, a Galinha tem algumas vias de escalada, a maioria na face virada para o Jardim Serrano. Dessas, três foram conquistadas do renomado Mozart Catão, o maior expoente de Teresópolis no esporte e que morreu em 1998 quando escalava a face sul do Aconcágua, ao lado do também teresopolitano Alexandre Oliveira e do brasiliense Othon Leonardos (que por sua vez passou a infância e tinha casa por aqui).
Duas vias bem frequentadas são a “Nosso Lar” (3º IVSup E2) e “Rodapé” (VSup E3), conquistadas em 2005 por Rennan Gaspar e Thiago Bessa, também escaladores locais. A primeira tem cerca de 100 metros e vai até próximo ao cume. A segunda, aproximadamente 30 e onde é necessário dominar a técnica de aderência – tipo de escalada sem praticamente nenhuma agarra e onde a pessoa progride usando o atrito das sapatilhas e mãos com a rocha – para vencê-la. Em tempos mais recentes, foram abertas outras vias por outros conquistadores locais, como Wagner Zoega e Armando Miguel.

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