O Inverno já está em curso, apesar do “veranico” em ação, e com ele teve início o período de estiagem. Sem chuva, aumenta a preocupação com as os incêndios criminosos, queimadas que podem começar com a “limpeza” de terreno com fogo, por exemplo, e destruir uma grande área preservada. Cercado por três unidades de conservação ambiental, Teresópolis é um dos municípios onde anualmente existe a preocupação de prejuízo para fauna e flora após um incêndio. Por isso, nessa época do ano os parques reforçam suas equipes e contam com o apoio do Corpo de Bombeiros e população para evitar que o fogo se alastre em áreas de difícil acesso. O ideal é que ele nem comece, mas infelizmente ainda há pessoas que fingem desconhecer o problema que podem causar com o que parece uma simples queimada de folhas secas.
No fim de semana, o Parque Estadual dos Três Picos utilizou as redes sociais para alertar sobre a situação. “Um lindo final de semana no Rio de Janeiro e no Parque Estadual dos Três Picos, mas precisamos falar sobre o período de estiagem e os riscos elevados de incêndio florestal desta época. Nesta semana, nossa equipe de guarda-parques do núcleo Jequitibá em monitoramento, identificou um foco de incêndio florestal e com apoio da equipe GERGPAR Paraíso e do Corpo de bombeiros de Cachoeiras de Macacu, combateu e debelou com sucesso”, publicou o PETP.
A direção da unidade também informa que as equipes de guarda-parques têm a atribuição de prevenir, monitorar e combater incêndios florestais, além de garantir a segurança dos visitantes e funcionários com ações de busca e salvamento: “Os guarda-parques também costumam percorrer as propriedades próximas às áreas protegidas, notificando sobre os riscos de incêndio nessas localidades. As notificações preventivas de incêndio tem caráter educativo e preventivo, no intuito de conscientizar e orientar os moradores”.
Fumaça Zero
Anualmente o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realiza a “Operação Fumaça Zero”, programa que oferece todo suporte necessário contra as queimadas nos municípios da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como finalidade reduzir, a cada ano, 30% dos focos comparando com o período anterior. O objetivo é realizar operações integradas de patrulhamento ambiental, promover ações educativas por meio da emissão de notificações preventivas de incêndios florestais e de realizar operações de cunho fiscalizatório, a fim de coibir práticas ambientalmente ilegais e identificar os responsáveis pelos danos. São envolvidos nessas ações Corpo de Bombeiros militar, Polícia Militar, Polícia Civil, secretarias municipais de meio ambiente, dentre outros.
Culpa do homem
“Os incêndios podem iniciar-se de forma espontânea ou ser consequência de ações e/ou omissões humanas, mas mesmo nesse último caso, os fatores climatológicos e ambientais são decisivos para incrementá-los, facilitando sua propagação e dificultando seu controle”, destaca o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Ou seja, enquanto estivermos sob as atuais condições climáticas que oferecem condições a propagação dos incêndios, com baixa umidade e vegetação seca, há de se ter muito mais atenção e cuidado no manuseio de material inflamável. Ainda assim, eventualmente, elementos da própria natureza podem iniciar um incêndio, porém o descuido de quem frequenta ou é vizinho de áreas de florestas é a maior causa das queimadas, como relata a assessoria dos bombeiros.
“Os incêndios florestais podem ser causados por causas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, concentração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de vidros em forma de lente e outras causas; imprudência e descuido de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação de pequenas fogueiras, feitas em acampamentos; fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras maquinas automotoras, consumidoras de carvão ou lenha; perda de controle de queimadas e por incendiários e/ou piromaníacos”, aponta ainda a corporação.
Parques em risco
Teresópolis é uma dos poucos municípios do Brasil que tem o privilégio de ter boa parte de seu território convertido em unidades de conservação ambiental, e no nosso caso são três áreas preservadas onde há uma inestimável riqueza de espécies da fauna e da flora, nativas e remanescentes da quase extinta Mata Atlântica e que precisam ser cada vez mais protegidas dos incêndios. Se não houver políticas públicas que inibam os desmatamentos e as queimadas criminosas, corremos o sério risco de enfrentarmos, mais frequentemente, deslizamentos de encostas e escorregamento de pedras, que invariavelmente, vão expor ao risco a população mais carente, já que grande parte das comunidades se estabeleceram em morros. Outra questão preocupante é a dificuldade das equipes em acessarem alguns pontos mais frágeis das unidades de conservação. No Parnaso, por exemplo, há cerca de sete anos, um incêndio fugiu do controle dos brigadistas, que não conseguiam alcançar os focos e, por conta disso, ficaram queimando por dias uma grande área protegida, onde centenas de animais morreram causando uma tragédia ambiental sem precedentes.