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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Pichação no prédio do jornal O Diário de Teresópolis

Polícia já tem as imagens que identificam a autoria da ação criminosa

Câmeras registraram pessoa atentando contra o jornal às 21h50 e às 00h49min

Wanderley Peres

Antes das 22h desta terça-feira, 26, as câmeras de segurança externa dos edifícios da rua Rui Barbosa revelaram uma pessoa passando pela calçada e dobrando a esquina da rua Carmela Dutra. Na sequência, a câmera de outro prédio flagra a mesma pessoa atravessando a rua, enquanto retira alguma coisa da bolsa que carregava. É uma mulher, aparentemente, que entra no pátio de estacionamento do jornal O DIÁRIO e passa a escrever com spray num carro estacionado e na parede, gravando mensagens contra a Polícia Militar e contra uma página que divulga matérias policiais no Facebook. Três horas depois, as câmeras do jornal e dos edifícios vizinhos flagram a pessoa de novo, desta vez pichando o carro do DIÁRIO e as paredes da frente do prédio, que fica na rua Carmela Dutra, 745.

Ato de vandalismo contra uma empresa de comunicação que não tem nenhuma relação com a página atacada ou qualquer outra página de notícias de Facebook, porque O DIÁRIO não tem nenhum tipo de vínculo, parceria com a página Totó Online ou outra página que não as nossas páginas oficiais @odiariodeteresópolis e Diário TV, o atentado verificado contra o jornal O DIÁRIO na noite passada chocou pela ousadia e pela destruição.

O DIÁRIO não tem nenhum tipo de vínculo, parceria com a página Totó Online ou outra página que não as nossas páginas oficiais

Num primeiro momento, pela apresentação das mensagens, as autoridades suspeitaram tratar-se de familiar de alguém preso que teria tido fotografia publicada na página atacada, publicação que não tem nenhuma relação com O DIÁRIO. De posse das imagens, a Polícia Militar investiga a autoria dos crimes de invasão e destruição de propriedade, além da ofensa à instituição de segurança pública, a Polícia Militar.

Dia de limpar a sujeira feita, a quarta-feira foi de muitas manifestações de desagrado com o ocorrido e de solidariedade ao DIÁRIO, em telefonemas, áudios e mensagens de repúdio, algumas pessoas até se oferecendo para ajudar a limpar a pichação porque já adquiriram prática no assunto tamanho o abuso que vem se permitindo na cidade. Administradores dos prédios vizinhos, antes mesmo de serem acionados pela polícia, ofereceram ajuda para a procura das imagens da rua na noite anterior que pudessem identificar a pessoa criminosa. Veículos de imprensa também se solidarizaram em repúdio ao ato que se repete e expõe a fragilidade da imprensa regular num tempo em que a cobertura do dia-a-dia da cidade vem sendo feita também pelas páginas de internet, que sem como serem atingidas, cometem excessos pondo em risco a própria liberdade de imprensa.

Não é o primeiro caso

Não foi a primeira vez que alguém atenta contra o DIÁRIO. Um pouco antes da pandemia, um funcionário foi abordado no início da noite por um motoqueiro que o espreitava na calçada do jornal ouvindo diversos xingamentos e reclamações contra uma matéria que teria sido publicada envolvendo seus familiares, se desculpando depois porque estava exaltado, e porque pensava que O DIÁRIO tinha relação com “essas páginas de Facebook que publicam o que bem entendem sem checar a informação, e expondo as pessoas, sem provas, e sem o mínimo de apuração”, como o próprio disse.

Sem informar o endereço para contato e sem os nomes dos responsáveis, e sem divulgar os autores das “matérias” que publicam, aumentam as páginas de notícias na internet. Resguardadas pelo anonimato e identificadas a maioria por apelidos de seus donos ou sob títulos que não tem nenhum lastro de identificação do titular do veículo, cada dia estão mais ousadas as páginas que ultrapassam barreiras perigosas no afã de conseguir compartilhamentos e curtidas, garantindo a venda de anúncios pela visualização que alcançam, mas colocando em risco a segurança de quem tem uma empresa regular, em prédio de frente para a rua, à mercê da indignação provocada por outros.

Ataques também foram feitos contra a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

Ataques à imprensa cresceram 22%

Segundo relatório divulgado recentemente pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV, ABERT, 230 profissionais da imprensa foram vítimas de violência não letal no país em 2021, dado que inclui ofensas, agressões físicas, intimidações e atentados, um aumento de 21,69% em relação ao ano anterior, de 2020. O total de casos, com uma ou mais vítimas, foi de 145, o que representa em média 2,7 casos por semana. De acordo com o relatório, foram registrados 53 ofensas, 34 agressões, 26 intimidações, 12 ameaças, 8 atentados, 6 injúrias, 4 ataques/vandalismo, 1 censura e 1 roubo/furto.

O número de atentados contra jornalistas no ano passado dobrou em relação a 2020, passando de 4 para 8 casos, sendo que em 4 deles houve a utilização de armas de fogo. Não foram registrados assassinatos contra profissionais da imprensa em 2021. Essa é somente a segunda vez em que isso ocorre desde 2012, quando o relatório começou a ser publicado. A primeira vez foi em 2019.

O estudo também ressaltou a queda brasileira no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da organização internacional Repórteres Sem Fronteiras. O Brasil ficou na 111ª posição. “Desde 2002, quando o ranking começou a ser publicado, esta é a pior posição do Brasil. A classificação mostra que, nesses países, o trabalho do jornalista é considerado mais difícil. O cenário brasileiro é mais uma vez bastante preocupante”, destacou Flávio Lara Resende, presidente da Abert.

Edição 23/11/2024
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