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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Placa em homenagem a Mozart Catão desaparece de cemitério no Aconcágua

Montanhista brasileiro registra ato de desrespeito ao lendário escalador teresopolitano

Marcello Medeiros

Perto de completar 27 anos da morte de Mozart Catão, um dos ícones do montanhismo e escalada brasileiros, outro atleta referência nesses esportes, Pedro Hauck, paulista radicado no Paraná, constatou um ato de desrespeito ao teresopolitano – falecido em 03 de fevereiro de 1998, quando tentava escalar a Face Sul do Aconcágua, na Argentina, ao lado do também filho de Teresópolis Alexandre Oliveira e do brasiliense Othon Leonardos. A placa em sua homenagem, instalada por seus familiares alguns meses após seu falecimento no Cemitério dos Andinistas, localizado Puente del Inca, a poucos quilômetros da entrada do Parque Provincial do Aconcágua, desapareceu. Aparentemente, ela foi furtada; assim como a placa que leva o nome de Juan Stepanek, conquistador de outra montanha argentina, o Cerro Plata, mas que também acabou falecendo no Aconcágua, imponente formação rochosa que se eleva a 6.962 metros de altitude.

Outro atleta referência nesses esportes, Pedro Hauck, paulista radicado no Paraná, constatou um ato de desrespeito ao teresopolitano: “Senti falta da placa do Mozart Catão e percebi que ela foi furtada! Assim como a placa do Stepanek! Que absurdo! Precisamos recolocar uma placa em homenagem a ele já!”. Foto: Reprodução

Hauck, profundo conhecedor da cultura andina e desbravador de dezenas de montanhas e rotas nessa cordilheira, fez uma publicação nas suas redes sociais mostrando o cemitério e o sumiço das placas. “Senti falta da placa do Mozart Catão e percebi que ela foi furtada! Assim como a placa do Stepanek! Que absurdo! Precisamos recolocar uma placa em homenagem a ele já!”, pontuou Pedro, que também é referência em escaladas em outras regiões mundo a fora.

Assinada pela família Hastenreiter Catão e a esposa de Mozart, a placa continha a seguinte mensagem: “Deus o deixou repousar na montanha, tendo consigo a bandeira congelada de sua pátria. Você e suas conquistas estarão para sempre em nossos corações. Toda nossa admiração e saudade”. Nesta terça-feira (21), conversamos com um dos irmãos de Mozart, o também atleta Marco Catão: “Nossa família ficou chocada, muito triste com esse acontecimento. Vamos tentar providenciar uma nova placa para o local, essa homenagem era de grande importância para nossa família – pelo que o Mozart representou para o nosso país e principalmente para nossa família. Um lado positivo nessa história é que recebemos mensagens de muitos amigos se prontificando em levar e instalar uma nova placa nesse local, não é uma missão fácil, tem que ir para a Argentina, mas muitos estão nos dando essa força”.

Estão no Cemitério dos Andinistas os corpos e as cinzas de muitos montanhistas, civis ou pertencentes ao Exército Argentino. Mas, para outros, um memorial, como é o caso de Mozart Catão. Seu corpo foi arrastado por uma avalanche na Face Sul e nunca encontrado, enquanto os de Alexandre e Othon permanecem até hoje pendurados na parede de difícil acesso.

Tragédia que vitimou Mozart Catão, Alexandre Oliveira e Othon Leonardos foi destaque nacional. Foto: Reprodução

O acidente que matou Catão, Alexandre e Othon
Quando faleceu, Mozart Catão tinha 35 anos de idade. Alexandre, 24; Othon Leonardos, 23. Citado três vezes no Guinness Book, o livro dos recordes, Catão era considerado um dos melhores do Brasil no esporte. Oliveira tinha dez anos de escalada e se destacava na rocha e em alta montanha, devido à sua excelente capacidade de aclimatação.

Expedição liderada por Mozart Catão tinha como objetivo conquistar a duríssima Face Sul do Monte Aconcágua, na Argentina. Foto: Acervo Familia

A terceira vítima da avalanche, Othon Leonardos morava em Brasília, mas tinha forte ligação com Teresópolis. Sua família possuía casa na localidade de Montanhas, onde ele abriu vias de escalada junto com Mozart e outros teresopolitanos. A tragédia no Aconcágua aconteceu seis dias depois deles terem saído do acampamento base, sendo dois já de espera pela melhora no tempo. Naquele ano, as condições metereológicas andavam instáveis devido ao fenômeno El Niño, causando avalanches como a que vitimou os escaladores.

Brasil no Guinness Book
Em 1976, aos 14 anos, Mozart ingressou no Centro Excursionista Serra dos Órgãos – de Teresópolis, e a partir dali começou uma trajetória que o levaria a escalar os maiores e mais difíceis picos do mundo, tanto em expedições como em investidas solitárias, seguindo a melhor tradição dos grandes aventureiros. Vencendo a Face Sul, Mozart Catão esperava teria sua quarta inscrição no Guinness Book, o livro dos recordes, igualando-se a Pelé. Catão conseguiu no Guinness Book as citações: Recorde na ascensão do monte Kilimandjaro, em 17 horas e meia; recorde de ciclismo em altitude, ao pedalar uma mountain bike no topo do monte Aconcágua, e primeiro brasileiro a conquistar a conquistar o monte Everest, o topo do mundo, em parceria com o paranaense Waldemar Niclevicz, em maio de 1995.

O lendário montanhista e escalador Mozart Catão, atleta profissional que colocou o nome de Teresópolis em destaque. Foto: Acervo Família

Aos 35 anos, Catão já havia conquistado sete dos oito picos que pretendia escalar para cumprir a meta de atingir o ponto mais alto de cada continente. A mais dura conquista foi o Mont Blanc, o ponto mais alto da Europa Ocidental, com 4.807m, que Catão escalou sozinho. No trecho final, ficou pendurado no paredão, com um precipício sob seus pés. Na lembrança dos 10 anos da tragédia do Aconcágua, o Centro Excursionista Teresopolitano colocou placa no Parque Imbui com o nome de Mozart Catão, e deu a Alexandre o nome de uma via, o Ice Wall. O CET, aliás, foi fundado meses depois do acidente, em agosto de 1998, por amigos dos dois teresopolitanos, com a intenção de colocar em prática a ideia de Catão de criar uma entidade para fortalecer o esporte na cidade, e segue vivo até os dias atuais.

No topo do mundo: Mozart Catão foi o primeiro brasileiro a pisar no teto do mundo, o Everest, ao lado do paranaense Waldemar Niclevicz. Foto: Acervo Família

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Edição 22/01/2025
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