O início do ano letivo de 2017 na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que estava previsto para agosto, ainda não está confirmado. O motivo é a falta de recursos para pagamento de professores, funcionários, bolsistas e até o restaurante universitário, segundo admitiu o reitor da instituição, Ruy Garcia Marques. Ele foi o anfitrião da reunião da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), realizado no Rio de Janeiro.
A instituição terminou o segundo semestre letivo de 2016 somente neste mês de julho, devido à greve e às dificuldades financeiras. Neste ano, a universidade retomou as atividades apenas no dia 10 de abril, devido a um esforço conjunto da Reitoria, servidores técnico-administrativos, professores e alunos. “Está previsto iniciarmos o primeiro semestre letivo de 2017 em 1º de agosto. É sabido que estamos com três meses de salários atrasados, com bolsas de alunos e professores atrasadas e atraso no décimo terceiro de 2016. Já vínhamos dizendo que, se não acontecer alguma coisa, relativa a uma tentativa de regularização dos salários nessas próximas semanas, acredito que não teremos condição de iniciar. Estudantes, docentes e técnicos administrativos não têm mais recursos sequer para locomoção e alimentação”, disse o reitor.
Segundo ele, a crise que afeta a Uerj deverá começar a ser resolvida a partir de setembro, quando o governo do Rio vai regularizar as pendências financeiras com o funcionalismo, com a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal. Apesar da previsão do reitor, o prazo pode ser menor, porque o governador Luiz Fernando Pezão estimou que o estado vai conseguir atualizar os pagamentos dos servidores em agosto.
O presidente da Abruem, Aldo Nelson Bona, reitor da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (Unicentro), disse que a crise da Uerj é a mais grave das instituições públicas de ensino superior do país, mas que todo o sistema está sofrendo com falta de verbas. Para ele, uma das soluções é aumentar as parcerias com as empresas, a fim de diminuir a dependência do setor público. “A crise pela qual passa a Uerj não é exclusividade. É uma crise pela qual passam as universidades estaduais e municipais e também as instituições federais. Afeta o sistema de educação superior e de ciência e tecnologia do país. Mas é muito mais aguda na Uerj. É preciso uma solução que envolve um conjunto de ações, exige discussão de um novo modelo de financiamento e passa por uma interação, cada vez mais necessária, entre academia e setor privado”, disse o presidente da Abruen.