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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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“Povo não participou das discussões para a venda da água por isso aconteceu assim”

Em entrevista a O DIÁRIO, ex-deputado Salomão alerta para a necessidade da participação popular

Wanderley Peres

E chegou cara a conta da água da Imperatriz, o dobro do preço que a Cedae cobrava aos donos de comércio e quem tem sala comercial. Agora, depois de sentir no bolso, o povo reclama, chora as mágoas. Mas, ao longo de todo o tempo em que a sua desgraça foi gestada pela administração municipal, ninguém reclamou, nem mesmo a sociedade civil organizada, aqueles que representam as parcelas do povo nas associações de classe, nos sindicatos, nas entidades diversas que existem para defender os seus interessados.

“Os políticos devem ouvir mais as pessoas e a população precisa participar mais das discussões, diretamente, ou pelos seus representantes. Quando se ouve, e se discute, se compreende, e fica mais fácil a solução”.

Esse foi o tom da conversa entre o radialista Hélio Carracena e o ex-deputado Salomão, no programa Hélio Carracena, da tevê DIÁRIO, nesta segunda-feira de carnaval, 12 de fevereiro de 2024.

DEJAVU

“Você lembra do pedágio, foi assim também. Colocaram um posto de cobrança separando o município. Da mesma forma que acontece agora com a água, não foi do nada que aquilo e isso aconteceu. Ao longo de vários meses, houve as audiências públicas, com a presença apenas dos representantes dos interesses em questão. E, na hora de fazerem o contrato da concessão da estrada, fizeram como quiseram porque ninguém, no seu devido tempo, reclamou. Se as audiências públicas da água tivessem a participação popular, o valor justo para a água comercial poderia ter sido debatido, e aí na hora de fazer o contrato, haveria de ter essa preocupação. Sem essa previsão, deu no que deu”.

EQUÍVOCO

“Ainda bem que o prefeito reconheceu o equívoco e já prometeu resolver o problema que arranjou. Realmente, o correto, o mais justo, é como se praticava a taxa mínima comercial, na base de 10 metros cúbicos. O problema é se a nova concessionária vai querer abrir mão de recurso tão vultoso. Para se ter uma ideia de quanto de dinheiro a empresa vai deixar de arrecadar, basta vermos os números.

Teresópolis tem cerca de 23 mil empresas, sendo quase 20 mil consideradas pequenas, e destas 14 mil são MEI. Destes quase 20 mil, 1.047 são lojas de roupas, quase mil salões de cabeleireiro, e o que uma loja de roupa ou uma barbearia ou salão de beleza gasta de água por dia? Quase nada. As lojas de comércio, as salas comerciais, quando muito, tem um banheiro com uma torneira de pia e um vaso. Imagina que a metade, e a metade aí já é muito, porque deve ser muito mais, se a metade destas 20 mil pequenas empresas pagar a taxa mínima de 10 mil litros, que já não gastam, e não de vinte mil litros, que jamais gastariam? É só multiplicar 10 mil contas por R$ 150,00 cada um a menos, isso dá R$ 1 milhão e meio por mês. O contrato já está assinado, será que a empresa Águas da Imperatriz vai abrir mão desse um milhão e meio de reais por mês?”

COMERCIAL MÍNIMA

“Não se discutiu, no seu devido tempo, essa questão primordial do custo da água comercial, que em Teresópolis era cobrada um valor mais razoável antes em função da grita da população, e estávamos lá na Alerj para atender a essa queixa, quando ela surgiu. Fizemos um projeto de lei, e reclamamos, e antes da lei ser aprovada, a própria Cedae reconheceu o erro, de cobrar uma taxa mínima de 20 mil litros de quem gasta tão pouco, passando a cobra a taxa mínima da água comercial no valor da quantidade de 10 mil litros”.

A SOLUÇÃO

“Essa reclamação chegou para mim através do comerciante Brasinha, que tinha uma papelaria, na Barra do Imbuí, e ele estava indignado com a cobrança por uma água que não consumia, em taxa mínima de 20 mil litros. E nos propusemos a fazer a lei, que não foi aprovada, mas foi a base para a solução do problema, momentaneamente, porque o presidente da Cedae, Vagner Victer, antecipou e colocou em prática, antes da lei ser aprovada”.

TAXA INJUSTA

“Os números da economia no Brasil são bons, mas a realidade dos pequenos empresários, dos Meis, especialmente, não está boa, e essas pessoas não podem ser mais sacrificadas. É preciso resolver essa injustiça na cobrança da taxa mínima por um valor que nós já tínhamos resolvido, lá atrás, que era injusto.

Contamos com a providência do prefeito, que já deu sinal de que vai corrigir seu erro, precisamos da intervenção da Câmara, e parece que o presidente Leonardo, conforme li no DIÁRIO, já está atento a isso, e precisamos também do engajamento das pessoas prejudicadas, que os empresários e pequenos empresários reclamem, que não aceitem isso, porque foi assim com o pedágio, que ninguém quis participar também das discussões para a privatização da estrada, e quando colocaram um posto de cobrança em Três Córregos, todo mundo reclamou, mas aí já era tarde e foi preciso tanta lutar para acabarmos com o absurdo daquela cobrança”.

OUVIR O POVO

“Quando fizemos uma grande ação do governo do Estado em Teresópolis, para aumentar a produção de água tratada e a sua distribuição em diversos bairros carentes, criamos as comissões comunitárias para acompanhar a instalação de água nestes bairros. E, com muita participação popular, chegou a água da Cedae na Quinta Lebrão, Fonte Santa, Coreia, Fischer, Castelinho e Vale da Revolta…”

ÁGUA BARATA

“Teresópolis é uma das cidades superavitárias na produção e tratamento de água. Ou seja, aqui se arrecada muito mais do que gasta com a captação, tratamento e distribuição, sem conta a infraestrutura invejável que temos. Então, a nossa água é mercadoria mais barata que em outras cidades, por isso não pode ser tão cara como em outros municípios, onde é escassa e custa mais caro captar, tratar, e fazer a distribuição”.

ALFINETADA

“A gente percebe é que muitos desejaram ter o privilégio de conseguir privatizar a água, porque é um negócio muito bom que estava para ser feito, por causa do fim do contrato existente. E deve ter sido muito bom negócio agora, para quem fez o negócio, que foi tentado antes, valendo lembrar que tem candidato aí que critica a venda da água, tentando faturar politicamente, mas que fez de tudo para vender no seu tempo de prefeitura”.

PRECATÓRIOS

“Teresópolis está com as receitas bloqueadas, proibida de receber nos cofres o dinheiro dos repasses. E a culpa, ao que parece, é dos precatórios. Mas, os precatórios têm os seus culpados, por eles, que foram as atitudes erradas e irresponsáveis de governos passados, de prefeitos que perseguiam servidores e empresas, que lá na frente, essas pessoas foram ressarcidas pelo prejuízo sofrido, também por conta de desapropriações mal planejadas. Essa história é antiga, dramas que a cidade tem de tempo mais passado, mas de tempo mais recente também, desgraças produzidas pelas tantas inconsequências administrativas”.

GESTÃO

“O orçamento municipal não é tão grande. Precisamos buscar recursos, estadual e federal, mas é preciso capacidade de gestão para isso, para que as obras não fiquem paradas, como acontece com as escolas, diversas delas fechadas, como o drama dos alunos da escola Hermínia Joseti. Nos projetos, tudo é muito grandioso, mas a grandeza não interessa, o que é importa é a escola funcionando, na sua regularidade, para o bem dos alunos que sofrem muito quando se mudam de um lugar para outro”.

TROCAS SÃO RUINS

“Temos que estar preparados para enfrentar um outro problema com a concessão da água, que é a troca dos trabalhadores. Vimos isso quando houve a privatização da CERJ. Demitiram funcionários experientes, e contrataram gente nova, piorando o serviço e o atendimento. E podemos enfrentar isso agora, porque quando se tira os funcionários experientes, colocando outros, sem conhecimento, é um problema novo que vai afetar muito a população”.

MUITO LUCRO

“A empresa já vai ganhar muito dinheiro, e não precisa estar explorando tanto, atingindo, especialmente os pequenos empresários. E isso está dando problema porque o assunto não foi discutido pelo povo, porque a autorização da venda da água não passou pela Câmara de Vereadores, onde o povo poderia ter sido ouvido, de forma adequada, afinal o Legislativo é a Casa de debates, e onde essa questão, da taxa mínima da água do comércio, por exemplo, e outras, também, poderiam ter sido esclarecidas, a tempo de não se cometer equívoco”.

ESTACIONAMENTO

“Essa questão das vagas de estacionamento, e da mobilidade urbana em Teresópolis, é motivo de apreensão para todos nós. É necessário que se faça um levantamento das vagas de estacionamento na cidade, e quantas dessas vagas são destinadas aos idosos e deficientes, por exemplo. E é preciso ver, também, mais locais para as pequenas paradas, porque depois do advento do uber, com mais carros fazendo transporte de pessoas, os carros precisam dessa parada rápida, para descer passageiro, e isso ao longo de toda a Várzea. Precisamos de discutir da mobilidade urbana, com responsabilidade, conhecimento e técnica. O secretário Daluz faz o que pode. Ajusta daqui e dali, como dá. Mas a gente percebe a carência de pessoal na Guarda Municipal.

Quando trouxemos o posto de vistoria do Detran para Teresópolis, tínhamos 34 mil veículos na cidade, e hoje são cerca de 120 mil veículos. Quadriplicou a quantidade de carros, e as ruas são as mesmas, sendo que a quantidade de guardas municipais diminuiu. É preciso, ainda, melhorar a qualidade do transporte público. Faltam linhas com horários regulares, falta um trânsito onde os carros fluam melhor. Os caminhões grandes passam pela cidade em vez de passarem pela estrada de contorno”.

Edição 06/11/2024
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