Wanderley Peres
Estação mais charmosa do ano, quando os veranistas sobem a serra para aproveitar suas residências na cidade e os turistas aparecem para curtir o friozinho da região serrana, lotando bares e restaurantes, o inverno é o período do ano em que os visitantes mais se identificam com Teresópolis, podendo ser percebidos aqui e ali, circulando para reconhecer o território já desbravado e rever as atrações que provocaram lembranças em visitas passadas. E o interesse do visitante pelas praças, que remetem ao charme das "pracinhas" das cidades pequenas como já foi Teresópolis um dia, guardando pouco resquício desse tempo, são as praças boa atração. É local de respiro para o aglomerado de prédios, onde o sol permeia nos caminhos entre as árvores e canteiros de flores, provocando boa sensação de convívio com a natureza, lazer que também é desfrutado, de forma mais frugal, pelos citadinos que não se atém ao charme, mas ao lazer que as pracinhas oferecem. E são muitas delas cidade afora. Além das principais praças, que são as duas do bairro do Alto, Hygino da Silveira e Nilo Peçanha, onde ficam a Feirinha e a escola Ginda Bloch; e as praças Luis de Camões, que chamam Olímpica, e Balthasar da Silveira, conhecida como de Santa Teresa; temos também que fica na confluência das ruas Rui Barbosa e Carmela Dutra, espremida entre a Prefeitura e o Fórum, praça que tão apropriadamente se chamou “das Crianças” um dia, além ainda de várias outras, como a Maria Corina, na Barra do Imbuí; e do Meudon, próximo ao centro comercial do bairro que vem explodindo em crescimento carecendo de adequadas áreas de lazer e convívio social.
Praças temos, e em razoável quantidade. Temos até uma praça olímpica, dedicada a prática esportiva também, provavelmente a nossa área de lazer com maior potencial e mais incompreendida porque sempre foi subutilizada, ou utilizada de forma conflitante pelos seus públicos, porque é área de prática de esportes, mas é também praça para crianças e idosos, que nestes dias de frio nos encaixotados dos apartamentos, o sol que se permite ser apreciado nela tem gostinho ainda mais especial. Além de ser um local saudável, apropriadamente, porque na Várzea se concentram os prédios com os apartamentos menos ensolarados da cidade, daí idosos e crianças estarem sempre nas ruas buscando pontos de sol nas manhãs de todo dia de bom tempo.
Correndo a cidade em busca de ver em que estado estão as praças públicas, a reportagem do DIÁRIO percebeu que, embora existam esses pontos de respiro e socialização, e de lazer e diversão, o estado de conservação das nossas praças está deixando muito a desejar.
Na praça do Meudon, os brinquedos estão quebrados e faltando partes, servindo mais para atravancar a pequena área destinada ao lazer do bairro. Até a academia, que a prefeitura inaugurou com pompa de realização de governo às vésperas da reeleição, está destruída e sem condições de uso. Os vizinhos dizem que foram as crianças que destruíram. Mas, destruíram porque eram brinquedos frágeis, inapropriados para o impacto de uso. "Não adianta colocar um brinquedo na praça pública e achar que só criança pequena vai usar. Eles precisam ser robustos, fortes para sustentar a utilização por crianças de várias idades e peso, ou mesmo de marmanjos que usam os brinquedos indevidamente".
Embora devesse ficar livre para o público durante a semana, com as barracas montadas nos dias de funcionamento da feira de artesanato, apenas, a praça Hygino da Silveira virou “da Feirinha” apenas. Desde que perdeu o glamour do tempo passado, quando seus jardins encantavam até os visitantes europeus que passeavam pela cidade, o público se retraiu porque o espaço que deveria ser de lazer nos dias sem feira parece hoje sem esta obrigação. Como ainda é praça, embora a prefeitura ignore essa função do espaço, a Hygino da Silveira precisa voltar a ser um atrativo, para os moradores próximos e dos bairros próximos, que recorrem ao local por ser o único.
Exemplo de praça que convive bem com seus vários públicos é a Juscelino Kubstcheck, em Araras. É das mais bem conservadas, a partir da Casa de Cultura que está em seu meio e atrais crianças com suas brincadeiras, casais de namorados, jovens e idosos, caminhando pelas suas alamedas ou lendo um livro em seus bancos e degraus.
Bucólica pracinha, que bem atende aos moradores próximos e se ilustra de forma tão agradável com os estudantes das duas escolas próximas, Ginda Bloch e FESO, apesar de ser a única praça da cidade que é tombada e que ainda mantém as características de quando foi criada no final dos anos 1910, a praça Nilo Peçanha, no Alto, está maltratada e sem a devida manutenção. Sem contar que virou, também, antro para festas até alta noite e local de desova de lixo, onde a caçamba está quase sempre transbordando. Quando o mato cresce ou a sujeira fica por demais aparente, alguém da prefeitura aparece. Mas é pouco. Praças e jardins precisam de manutenção regular, com varrição e limpeza diárias, e é um desperdício permitir que esses espaços democráticos não aflorem na beleza de seus jardins, para a alegria dos nossos olhos.
Conhecida como de Santa Teresa, a praça Balthasar da Silveira se desarranjou. Embora seus bancos ainda sejam bastante disputados pelos idosos que vivem no entorno ou vêm à cidade para seus compromissos, a “praça da igreja” virou ambiente hostil, especialmente à noite, onde droga e prostituição, além de confusões diversas, tornam o lugar desagradável e perigoso. Uma pena porque o descaso do ente público vai na contramão da igreja, que sob a direção do padre Jorge, vem sendo revitalizada, com carinho, merecendo da municipalidade a mesma atenção para a praça, onde o templo matriz em seu eixo remete ao surgimento da cidade.
Uma das praças mais bem conservadas, segundo apreciação desta semana, é a que fica atrás da Prefeitura. Tem brinquedos, poucos e antigos, mas tem e a limpeza dá sinal de que tem gente cuidando. Tem academia também e a destruição nela como ocorre nas demais seria um abuso até, afinal está entre o prédio onde trabalha o prefeito e o fórum, onde policiais e seguranças não faltam, justificado então o bom cuidado. Criada em 1957, a praça Olímpica Luis de Camões está terrível, como vem se mostrando há tanto tempo. Nos balanços faltam bancos ou correntes, sem contar o risco que oferecem o que restou dos brinquedos quebrados.
Na praça do Cemusa, só restaram pedaços de brinquedos, todos sem condições de uso, sendo local que merecia a passagem da polícia com maior regularidade, por motivos óbvios. A praça do Tiro de Guerra, que já deu reeleição a prefeito de tão bonita e agradável que ficou, isso lá em 2004, hoje é um furdunço, com carros sobre a calçada, confusão que aumentou depois que a prefeitura transformou o Tirodor em porta de entrada da saúde. É local onde os veículos dominam o ambiente depois que se transformou em pátio de posto de saúde com grande rotatividade. Brinquedos tem, mas estão quebrados, representando riscos para as crianças.