Anderson Duarte
A coluna “Saída pela Direita”, do jornalista Fábio Zanini na Folha de São Paulo, trouxe na última semana uma entrevista com o Prefeito Vinícius Claussen bastante reveladora e que expõe posicionamentos não tão explícitos no discurso do político em terras teresopolitanas. Talvez por ter uma veiculação muito direcionada, inclusive privada aos assinantes da Folha, o artigo ainda não havia produzido efeitos em nossa região, mas como sempre existem aqueles mais atentos aos assuntos pertinentes ao município, já no início desta semana, diversos prints e links com a entrevista seguiam sendo compartilhados pelas redes sociais e grupos de WhatsApp da cidade. O texto já começa com uma provocação: “É possível tratar cidade como empresa? É o que quer o prefeito de Teresópolis”, diz o artigo. Fica então a nossa pergunta: se está sendo mesmo tratada a cidade como uma empresa, quem somos nós, cidadãos teresopolitanos nesta relação, os donos, ou os empregados do prefeito? Outro ponto destaque da fala de Claussen a Zanini está na afirmação de que um Hospital privado seria muito mais benéfico para a administração de que um público e sua confirmação de que vai disputar a reeleição em 2020.
Começa o jornalista seu texto: “Se você se impressionou com o discurso de campanha de João Doria de que é um gestor, e não um político, provavelmente vai achá-lo comedido em comparação ao do prefeito de Teresópolis, Vinicius Claussen. Eleito há um ano para comandar a cidade da serra fluminense para um mandato-tampão, Claussen, 40, não tem problema em dizer com todas as letras que seu objetivo é transformar a prefeitura numa empresa”, diz o texto. Considerado o símbolo do sucesso eleitoral do grupo Livres, que ‘defende o liberalismo acima de tudo e a iniciativa privada acima de todos’, como explica o jornalista da Folha, Claussen tem seguido a cartilha deste liberalismo desmedido e entre suas marcas está a insistência na privatização de diversos serviços e o mais rapidamente possível.
Esta voracidade pela privatização da estrutura administrativa, segundo pontua o jornalista, também acaba por se contrapor a medidas tomadas neste primeiro ano de governo, quase como se fossem contraditórios entre discurso e prática. “Claussen, nesses primeiros 12 meses de governo, tomou algumas medidas que, à primeira vista, não diferem em nada de colegas Brasil afora que seguem expandido a máquina. Comprou ambulâncias, contratou médicos e até deu aumento de salário para os servidores públicos. Ele não vê contradição entre discurso e prática”, diz a entrevista. Cabe acrescentar à fala do prefeito, o fato da máquina administrativa hoje possuir em seus quadros aproximadamente o dobro de cargos comissionados e de confiança que na comparação com as gestões anteriores, sem contar o número de secretarias, que também aumentou em relação a todos os prefeitos passados.
Ainda em sua explanação ao jornalista Fábio Zanini, Claussen segue contando como suas realizações nestes primeiros meses de atuação executiva, trouxeram ao município, diversos benefícios e melhorias. De acordo com o prefeito, implantar mais austeridade e modernização nos processos internos, “… conseguiu tirar a cidade do cadastro de inadimplência de convênios e regularizar os salários de servidores públicos”, diz. Para o Chefe do Executivo teresopolitano, o amplo programa de privatizações, conhecido na era Tricano como “pacote de privatizações”, e mantido pela atual gestão quase na íntegra, seria a aplicação de uma receita de liberalismo em áreas estratégicas cm vistas na eficácia da gestão. E como disse o jornalista em seu artigo, “nem a Saúde escapa”, lembrando trecho da fala de Vinícius em que o político fala da desnecessidade de construção de um Hospital Municipal em nossa cidade. “Não vale a pena termos um hospital municipal, que custa duas vezes mais que um particular. Podemos ter parcerias com empresas e fundações, que têm foco, investem em capacitação, conseguem produtividade muito maior”, afirma o prefeito em entrevista.