Wanderley Peres
A professora Regina Shudo dará palestra em Teresópolis no próximo dia 7 de abril. O anúncio foi feito no DO desta terça-feira, 29, onde saiu publicado também o custo da apresentação: R$ 12 mil. Aos costumes, por inexigibilidade de licitação também, a Prefeitura contratou ainda 350 inscrições junto ao “coaching” Vicente Falcão, presidente de uma empresa de Treinamento em Desenvolvimento Profissional e Gerencial, o “Instituto Conhecer”, de Vila Velha, no Espírito Santo, para a “formação dos agentes de creche da secretaria de Educação”. O custo unitário do curso é de R$ 1.620,00, totalizando as 350 inscrições 567 mil reais.
As publicações repercutiram na Câmara de Vereadores, que na sessão desta terça-feira, 29, voltou a reclamar da enorme falta de critérios na utilização de recursos da Educação.
“Depois de contratar uma ONG de Minas Gerais para comprar livros de um coaching famoso, a prefeitura agora está contratando treinamento de agentes de creche de um instituto do Espírito Santo. Estão brincando com coisa séria. Esses empenhos feitos ao apagar das luzes são para gastar o dinheiro sobrando”, afirmou o vereador Maurício Lopes ao apresentar pedido de informações ao prefeito, aprovado por unanimidade, agora querendo saber o poder Legislativo sobre as duas suspeitas aquisições, ambas por inexigibilidade de licitação e, aparentemente, sem o menor interesse público. “Estão sangrando a Educação, fazendo negócios e não cuidando da educação das crianças”, afirmou o vereador, cobrando posicionamento, também, do Conselho de Educação. “Compra em valor superior a R$ 500 mil em brinquedos e aquisição de cursos, palestras e livros que não se sabe se são mesmo necessários ou se estão com preços justos. Os conselheiros podem se complicar”, completou.
O vereador Amorim observou que as artérias da Educação estão sendo cortadas, isso sim, levando para o ralo o dinheiro que faz tanta falta na devida aplicação. “Esse dinheiro poderia estar sendo usado na reforma das escolas. Será que o prefeito não sabe que os prédios das escolas estão cheios de deficiência? É vergonhoso esse desperdício. Dá para desconfiar que tem gente levando vantagens nisso. 567 mil para treinar agentes de escola. Será que esses palestrantes de alto gabarito sabem o que as nossas crianças estão precisando? Se fosse um curso de capacitação para qualificar os professores. Mas, 12 mil por uma palestra, estão de brincadeira, é um absurdo. Estão jogando dinheiro fora, e pode ter alguém levando vantagem nisso. Não tem como ser honesto isso. Temos que acionar o Ministério Público. Tudo agora é na ‘dispensa de licitação’, porque não dizer na mão grande. Não se tem mais disputa de preços para nada. A gente só vê desperdício de dinheiro público enquanto a Lino Orona continua sem condições de funcionar e tantas outras escolas há dois anos fechadas sem reformas”, disse.
Justificando o voto favorável, a vereadora Erika informou convite à secretária Satiele, de Educação, que dará explicações aos vereadores na quinta-feira, 1, em encontro reservado no Salão Azul. Marcos Rangel retrucou, observando que a vereadora informasse à secretária para que já trouxesse as respostas quanto aos questionamentos dos vereadores, explícitos nos pedidos de informação. “Sairá caro para o prefeito a ignorância das observações feitas por essa Casa, que vai fiscalizar com rigor a aplicação do recurso público destinado à Educação”, completou o vereador Leonardo, na sessão presidida pelo vice-presidente Fabinho.
Ao final da sessão, os vereadores discutiram a aprovação de uma recomendação que se transformou em “determinação” ao prefeito para que os processos de compra suspeitos sejam congelados durante o tempo em que serão investigados pela Câmara.
“Se o curso de 120 horas durar 6 horas por dia, o palestrante vai ganhar R$ 28 mil por dia. Isso é um absurdo, especialmente numa cidade que nem oferece novas vagas nas creches. Não seria melhor gastar esse dinheiro construindo novos espaços, ampliando o número de vagas?”, observou o vereador Raimundo Amorim.