Marcello Medeiros
Pais e responsáveis por estudantes de dois estabelecimentos localizados no Terceiro Distrito de Teresópolis estão preocupados com o andamento de obras iniciadas nesses locais pelo governo municipal. Segundo denúncias, os serviços foram paralisados esta semana porque as empresas contratadas pela “gestão” Claussen estão com os pagamentos em atraso. De acordo com relato de moradores dessa importante região do município, o problema acontece nas escolas Tiago Pacheco, localizada em Venda Nova, às margens da RJ-130, e Maria da Glória, no Imbiú, a poucos quilômetros de distância da primeira. “É um absurdo o que estão fazendo com nossas escolas, com as nossas crianças. Não era para ter obra quando se precisa ter aula. São meses em férias para resolver esses problemas e, não bastasse a incompetência em gerenciar um calendário como esse, ainda deixam o pessoal sem receber para complicar ainda mais”, reclamou à reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV a mãe de um estudante da Tiago Pacheco.
Moradores do entorno do importante estabelecimento escolar relatam ainda a dificuldade dos funcionários da empresa terceirizada nas últimas semanas. “Alguns deles estão ficando perto da minha casa. Mandaram eles pra cá sem uma água gelada pra beber naquele calor insuportável que estava, minha mãe e a vizinhança começou a ajudar, às vezes não tinham nem o que comer e pediam um sal pra cozinhar e pó de café. Sem cama ou colchões para dormir, fizeram uma cama com tábuas de madeira e estão dormindo sob lençóis! Minhas tias conseguiram doar alguns cobertores e um colchão. Uma vergonha e pecado fazer isso com quem realmente trabalha”, denunciou vizinha à obra, em publicação sobre o tema na internet.
No final do mês de março, a reportagem do jornal O DIÁRIO destacou que, enquanto o governo municipal gastava suas energias para aprovar na câmara de vereadores o empréstimo do ginásio Pedrão para a realização de um show pago, mães dos alunos da Tiago de Medeiros, que estudam provisoriamente numa igreja de Venda Nova justamente por conta da paralisada obra, eram avisadas pelas professoras de que não haveria aula naquele dia porque um corpo seria velado no espaço dedicado desde o início do ano como sala de aulas para os seus filhos. “Notícia estranha a reportagem saiu em campo e conferiu o inusitado, vendo os alunos da comunidade em aulas no centro comunitário da localidade e na igreja batista Betel. Na igreja evangélica, onde ficou maior número das crianças, mais de 100 nos dois turnos, a apreensão, por volta das 15h, era o confronto aula e velório, que poderia afetar as crianças, e elas teriam de ser retiradas do local antes da chegada do corpo, previsto para aquela tarde”, publicou O DIÁRIO no dia 25.
Conversando com pais de alunos, a reportagem soube de outros dois casos na mesma semana em que não teve aulas por causa de velórios na igreja, espaço improvisado que a secretaria de Educação encontrou para alocar as crianças da comunidade enquanto o modesto prédio da Tiago de Medeiros passa por reforma feita pela empresa Prad Service, de Petrópolis, responsável por outras quatro obras semelhantes interior a fora. Segundo apurado no local, a obra em Venda Nova foi orçada em R$ 315 mil e tem previsão de entrega para maio próximo, serviço que atinge também refeitório e demais dependências e que dificilmente será cumprido diante de seu atraso.
Serviço nas férias
Obra que deveria ter sido providenciada no período de férias, a reforma da Tiago de Medeiros é necessária. Mas, não se justifica prazo tão longo para obra tão pequena, especialmente pelo seu alto custo. Não se justifica, também, os alunos da rede municipal em todo o município retornarem às suas escolas no início do ano e toda uma comunidade ficar a mercê de tanta desorganização. “Vale informar, que em Venda Nova, esse ano, as aulas começaram somente em 13 de março, e diante de diversas dificuldades e improvisações temerárias, situação que seria outra se houvesse um mínimo de organização na prefeitura, como a providência antecipada de locação de espaços mais adequados para suprir as necessidades de substituir salas de aulas, e mesmo realizar obras mais rápidas e em tempo adequado, nas férias, por exemplo”, enfatizou ainda O DIÁRIO.
Preocupação errada
Nesta quinta-feira a reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV esteve na localidade de Venda Nova para registrar a paralisação da obra na Tiago de Medeiros e também o local onde os estudantes estão sendo acomodados temporariamente. Nesse segundo espaço, que como é evidente não foi projetado para tal função, a equipe foi abordada por supostas funcionárias da secretaria de Educação de forma bastante grosseira. No lugar de demonstrar preocupação com a situação que elas mesmas vivem e, pior do que isso, os jovens estudantes, usaram como argumento “que ninguém pode fazer nenhuma reportagem sobre a escola sem autorização da diretora”. Além de ignorar os apelos dos pais e responsáveis pelos estudantes, elas esqueceram que se trata de um prédio público, mantido com recursos dos impostos pagos pelos teresopolitanos, além de seus próprios salários, e que, a bem da verdade, a preocupação não deveria ser sobre realização de reportagem ou não, mas com o descaso da gestão municipal com o setor. Outro dado importante é que, em nenhum momento, tivemos acesso ao interior da unidade escolar, onde poderíamos, por exemplo, verificar se merenda servida atende à qualidade esperada ou se existem materiais básicos para a formação dos pequenos que serão responsáveis por conduzir o município em um futuro não muito distante. Todas as imagens foram feitas em via pública.
Falta professor
“Boa tarde. Venho reclamar sobre a falta de professores na escola Maria da Gloria, em Imbiú, as crianças vão ficar sem estudar até que se apareça algum professor, ou seja, não deram certeza de nada. As crianças já começaram tarde e agora vão ficar sem estudar novamente, é um absurdo”. A mensagem encaminhada para a nossa redação na quarta-feira reflete outra situação preocupante não só no Terceiro Distrito, mas em estabelecimentos no Segundo Distrito e na Cidade. Beatriz Silva e Cerom, na Zona Urbana, por exemplo, são apenas dois dos muitos casos de reclamações que chegam diariamente ao nosso conhecimento. Há cerca de duas semanas, os vereadores cobraram, em plenário, informações onde foram lotados os profissionais contratados temporariamente pelo município. Porém, mesmo com o questionamento da Câmara, não houve esclarecimento. Na última quarta-feira (10), cobramos um posicionamento do governo Vinicius Claussen em relação à preocupante situação dos jovens do Terceiro Distrito do município. Porém, até o fechamento desta edição, na quinta-feira, a Assessoria de Comunicação não havia respondido a solicitação.