O início da primavera se dará no próximo dia 22 de setembro, estação que traz dias mais longos, clima agradável e o florescer da natureza, mas também desafios para a saúde. As mudanças de temperatura, a maior concentração de pólen no ar e alterações nos hábitos alimentares podem impactar o bem-estar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que 35% da população mundial sofram algum tipo de alergia, e esse número tende a subir. A fisioterapeuta Ana Cristina Tavares Silveira Santos, especialista em fisioterapia respiratória, explica que muitas plantas (gramíneas, árvores e flores) liberam pólen na primavera, elevando a concentração de partículas alergênicas suspensas no ar. Com o clima mais quente e seco, as temperaturas sobem e a umidade relativa do ar cai, favorecendo a irritação das vias aéreas.
“A combinação de pólen e ar seco agrava quadros de rinite alérgica, asma e bronquite, já que aumenta a inflamação das vias aéreas e a hiperresponsividade brônquica. Os sintomas alérgicos, como espirros, tosse, chiado e falta de ar, tendem a se intensificar nesta época”, diz a professora do curso de Fisioterapia da Estácio Volta Redonda, observando que o pólen é reconhecido pelo sistema imunológico como ‘invasor’, levando à liberação de histamina e mediadores inflamatórios, desencadeando congestão nasal, espirros, coceira e broncoconstrição.
Os sintomas mais comuns são espirros; congestão nasal; coriza clara; coceira no nariz, garganta e olhos; olhos vermelhos e lacrimejantes; tosse seca e falta de ar (em casos de asma). Para evitar crises alérgicas causadas pelo pólen, a dica da fisioterapeuta é evitar ambientes abertos em dias secos e com muito vento, lavar o rosto e trocar de roupa ao chegar da rua, usar óculos de sol e máscaras em locais de alta polinização e lavar as narinas com solução salina.
“Não é recomendado manter as janelas abertas durante o dia, quando a concentração de pólen é maior. O melhor é ventilar os ambientes no início da manhã ou à noite, em horários de menor concentração”, aconselha. Já as atividades físicas ao ar livre são indicadas, pois o exercício melhora a função pulmonar e contribui para o bem-estar geral. A dica é praticar cedo ou após a chuva, evitar horários de alta polinização e usar máscara em áreas com muita vegetação. De acordo com a profissional, crianças e idosos merecem atenção redobrada por serem mais vulneráveis às mudanças do clima e à alta concentração de pólen.
Exercícios respiratórios ajudam aliviar sintomas e prevenir crises
Ana Cristina salienta que o acompanhamento com um fisioterapeuta especializado em fisioterapia respiratória faz toda diferença, auxiliando no controle de sintomas, prevenção de crises e melhora da qualidade de vida. ”Hoje temos recursos
fisioterápicos, como o laser, que acelera a resposta de defesa do organismo frente a um processo inflamatório, trazendo mais eficácia e rapidez no tratamento das doenças respiratórias”.
A profissional dá dicas de exercícios respiratórios que podem ser realizados com o objetivo de ajudar a aliviar sintomas alérgicos ou prevenir crises durante a primavera.
1-Respiração diafragmática, que ajuda a ampliar a ventilação pulmonar, reduzir o esforço respiratório e promover relaxamento. Como fazer:
-Deite-se ou sente-se confortavelmente,
-Coloque uma mão sobre o abdome (logo acima do umbigo) e a outra sobre o tórax;
-Inspire pelo nariz lentamente, direcionando o ar para a parte inferior dos pulmões — a mão no abdome deve subir, enquanto a do tórax permanece quase imóvel,
-Expire pela boca de forma lenta e suave, esvaziando o abdome,
-Repita 10 vezes, 2 a 3 vezes ao dia.
2-Respiração com frenagem labial (freno-labial), mantém as vias aéreas abertas por mais tempo, reduzindo a sensação de falta de ar e melhorando a oxigenação. Como fazer:
-Inspire lentamente pelo nariz,
-Expire pela boca entreaberta, mantendo os lábios semicerrados como se fosse assobiar,
-O tempo da expiração deve ser duas vezes maior que o da inspiração,
-Repita 10 vezes, 2 a 3 vezes ao dia, especialmente em situações de crise de falta de ar.
“Com cuidados simples e atenção à saúde, é possível aproveitar a primavera com bem-estar, desfrutando da beleza e da energia da estação”, reforça Ana Cristina.
Boa alimentação e hidratação fortalecem o organismo
A nutricionista Marcella Tamiozzo, professora do curso de Nutrição da Estácio, também traz dicas importantes para quem sofre com o acúmulo de pólen na primavera. “Para fortalecer o organismo e reduzir os impactos dessas condições, a alimentação tem papel fundamental no suporte à imunidade, além da hidratação. Com o aumento das temperaturas, o consumo de água é essencial não só para o bom funcionamento do organismo, mas também para manter as vias respiratórias bem hidratadas, ajudando a diminuir irritações”, afirma.
Entre os nutrientes mais importantes para essa época, destacam-se:
· Vitamina C: encontrada em frutas como laranja, acerola, kiwi, limão e morango. Essencial para o fortalecimento das defesas naturais do corpo.
· Vitamina A: presente na cenoura, abóbora e manga. Ajuda a manter a integridade das mucosas, incluindo as vias respiratórias.
· Zinco: mineral que atua na resposta imunológica, encontrado em alimentos como castanhas, sementes de abóbora, feijão e grão-de-bico.
· Ômega-3: presente em peixes como salmão e sardinha, além de chia e linhaça, com ação anti-inflamatória que pode ajudar a reduzir crises alérgicas.
· Probióticos: encontrados em iogurte natural, kefir e kombucha, que auxiliam na saúde intestinal – diretamente ligada ao sistema imunológico.
