Situações constrangedoras, como ficar preso na roleta de um ônibus ou quebrar a cadeira ao sentar durante uma visita à casa de um amigo. Vladmir da Silva, de 49 anos, já viveu essas e outras circunstâncias desagradáveis quando pesava 185 quilos. Há quase um ano, a vida dele está mais leve, com menos 80 quilos. Vladmir é um dos cerca de 2,7 mil pacientes que passaram pelo procedimento cirúrgico no Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), em Marechal Hermes, por meio do Programa de Cirurgia Bariátrica, da Secretaria de Estado de Saúde. – Após tentar lutar contra a obesidade durante 15 anos com várias tentativas frustradas e inúmeras dietas, o único resultado que seria satisfatório no meu caso seria a cirurgia bariátrica para obter uma qualidade de vida. A condição de obeso começou a me acarretar vários problemas, como diabetes, hipertensão, dores nas articulações, nos joelhos e tornozelos. Caso eu não passasse pela cirurgia, já estaria com mais de 200 quilos – revelou Vladmir.
Em 2019, o programa completa nove anos de existência e é o único no Brasil a realizar o procedimento exclusivamente por videolaparoscopia, procedimento menos invasivo agressivo ao paciente. Liderado pelo médico Cid Pitombo, reconhecido internacionalmente pela técnica, o programa é bastante procurado por quem precisa de qualidade de vida. – Hoje, atendemos no ambulatório cerca de mil pacientes por ano. Isso gera um volume de pacientes anuais, entre os que estão para serem operados e os que já passaram pela cirurgia, cerca de 2.700 pessoas. Estamos com a meta de chegar a até três mil pacientes operados este ano – afirmou Cid Pitombo, coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica.
Para ser atendido no programa de Cirurgia Bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o paciente deve procurar atendimento em uma Clínica da Família ou Posto de Saúde próximo da residência para que um médico avalie a necessidade do procedimento. Se a operação for indicada, o médico solicita uma segunda avaliação para a Central Estadual de Regulação, que encaminha o pedido de forma online. Se a operação for indicada, o médico solicita uma segunda avaliação para a Central Estadual de Regulação, que encaminha o pedido de forma online. O paciente é contatado e tem uma consulta de avaliação marcada. Antes da cirurgia, há um rigoroso programa de preparo obrigatório, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, nutricionista e psicólogo).
– Aqui no Hospital Estadual Carlos Chagas, temos tomógrafo para obesos, serviço de endoscopia, ultrassonografia, exame de sangue e ecocardiograma. Fazemos todos os exames pré-operatórios aqui, além de todos os controles pós-operatórios também. A unidade tem um centro cirúrgico completamente preparado para isso e o mais interesse: todos os pacientes são operados pela técnica de videolaparoscopia, que é uma cirurgia minimamente evasiva, ou seja, que não agride tanto e o paciente pode logo voltar para suas atividades de trabalho ou atividades sociais – explicou o médico.
Mais qualidade de vida
Isabel Cristina Adão, de 58 anos, pesava 128 quilos antes da cirurgia. O histórico familiar da professora, com mãe e irmã obesas, assustou e a fez buscar o tratamento. Após oito meses do procedimento cirúrgico, Isabel está com 74 quilos, mais qualidade de vida e não descuida mais da alimentação. – Tudo melhorou: a disposição, a alegria de poder deitar, dormir, sentar, cruzar as pernas, além conseguir andar melhor, pegar uma condução, dirigir um carro. Ou seja, faço tudo agora. Eu sou professora, ainda trabalho e dou aulas. Meus alunos não me reconheceram. Estou vivendo a vida com muita satisfação. Tenho algumas orientações médicas, como praticar academia e caminhada. A minha comida eu mesma controlo com o apoio da nutricionista daqui e não como com aquela ansiedade toda que tinha antes. Sou uma mulher mais determinada para nunca mais saber de uma vida de gorda – disse Isabel.
A mudança de vida de Paulo Cesar Fonseca foi motivada pela saúde. Além de hipertenso, ele tinha a glicose alta e precisava controlar estes problemas com medicação. Após perder 60 quilos com a cirurgia bariátrica, Paulo deixou os remédios de lado e os substituiu pelo exercício físico. – A vida está excelente e sou outra pessoa agora. Minha pressão normalizou, a glicose também e, por isso, não preciso mais tomar remédio. Já comecei a caminhar e me aventura a dar uma corridinha de leve. Minha meta é conseguir participar de uma corrida de rua. O obeso carrega um estigma e fica limitado em muitas coisas. Quantas vezes fui ao parque com meus filhos e só fiquei olhando? E o medo de ir ao brinquedo e ficar entalado? Agora, estes problemas acabaram – comemorou Paulo, de 53 anos.