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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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R$ 51 MILHÕES: Prefeito não pagou dívidas em atraso, afirmam diretores de hospitais à CPI

Vinícius divulgou que tinha utilizado boa parte dos R$ 51 milhões que recebeu do governo do estado para pagar dívidas dos hospitais

Wanderley Peres

Matéria investigativa do jornal O DIÁRIO, publicada em setembro do ano passado, deixou as próprias autoridades municipais surpresas. Há seis meses apenas iniciada a pandemia, quando o município tinha recebido cerca de R$ 30 milhões de recursos Covid, além dos demais recursos destinados pelos governos estadual e federal, regulares para a manutenção dos serviços de saúde, Teresópolis tinha recebido R$ 51 milhões do governo do Estado. Sem transparência, e escondendo como podia os recursos recebidos, como também escondia, e ainda esconde e maquia, os números de mortes e os casos de Covid no município, enganando e confundindo a população quanto ao número de leitos disponíveis na rede, o governo municipal surpreendeu até mesmo a Câmara de Vereadores, que repercutiu a matéria, exigindo posicionamento do prefeito.

No dia seguinte a publicação, em irônica postagem na internet, o prefeito confirmou a matéria, afirmando que, ao assumir a prefeitura, “os hospitais estavam fechando as portas de atendimento para a população” por conta das dívidas deixadas pelos governos anteriores. “Um pouco antes de assumirmos a Prefeitura, os hospitais estavam fechando as portas de atendimento pra população. Esse era o cenário. Pra vocês terem uma ideia, cerca de R$ 16 milhões foram utilizados pro pagamento de grande parte de dívidas que existiam das gestões anteriores com hospitais, que estavam em colapso”, afirmou Vinícius, que em 9 de outubro voltou ao assunto, comemorando uma suposta boa colocação no ranking da Transparência, onde Teresópolis seria o 7º mais transparente do estado do Rio e o 1º da região serrana. “Com a verba destinada pra Saúde, desde 2018, pagamos milhões em dívidas do passado, colocamos os salários em dia, conseguimos salvar a Beneficência Portuguesa: aumentamos e muito os recursos da Prefeitura pra Bené e levamos a pediatria e a ortopedia pra lá – e ainda estamos enfrentando a pior pandemia dos últimos 100 anos”, afirmou numa live, em outra oportunidade, garantindo que utilizou os R$ 51 milhões para “pagar o salário dos profissionais da saúde e quitar dívidas do passado, fazendo que os hospitais filantrópicos possam
também oferecer um atendimento de mais qualidade”.

Agora, na última quarta-feira, 19, diante da Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Câmara Municipal visando apurar a utilização dos recursos da Covid a partir das constantes denúncias de falta de transparência e da má utilização de recursos pelo município, foram colhidos os depoimentos dos representantes dos hospitais da cidade contratados pela prefeitura para o atendimento às vítimas da pandemia, tendo os diretores dos hospitais São José e HCT afirmado, categoricamente, que não receberam dívidas em atraso alguma, conforme tinha afirmado o prefeito. Ou seja, se pagou dívidas com os R$ 51 milhões repassados pelo governo do Estado para colocar a saúde do município em dia, não foi as vultosas dívidas contraídas pela municipalidade junto aos hospitais.

Divulgação oficial da Prefeitura informa que foram pagos mais de R$ 33 milhões com dívidas antigas. Hospitais informaram que não receberam

Representante do Hospital das Clínicas, Dra. Rosane confirmou que persiste a dívida da prefeitura com a FESO, contraída entre 2013 e 2017, devidamente judicializada, no valor de R$ 27 milhões e 500 mil, mais correção em cerca de 36 milhões, indo a dívida a mais de R$ 60 milhões. O HCT afirmou, categoricamente, que não houve pagamentos dessa dívida em atraso, contrariando a falação do prefeito, que justificou, no ano passado, ter usado boa parte, mais da metade dos R$ 51 milhões que recebeu do governo do Estado para pagar dívidas da prefeitura com os hospitais, entre eles o HCT.

O diretor-executivo do Hospital São José, dr. Sidney Luiz Rugeri também informou que seu hospital não recebeu os valores em atraso, dívidas referentes aos anos de 2017, e ainda dos anos de 2018 e 2019, de quando Vinícius já era prefeito, afirmando que nenhum valor atrasado vem sendo pago pela municipalidade desde cerca de três anos.

 

Apesar do Painel Covid informar 50 leitos UTI, hospitais só têm 36

Criada a contragosto do prefeito, que chegou a usar suas amizades pessoais para tentar impedir a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara, as investigações que, em princípio, pareciam não dar em nada, se não der em alguma coisa pelo menos vão fornecer subsídios relevantes para a justiça, caso não seja criada uma comissão processante para a cassação do chefe do executivo ao final dos trabalhos.

Na primeira reunião, dia 12, já haviam falado os secretários Antônio Vasconcelos, da Saúde; Yara Torres, do Controle Interno; e Valdeck Amaral, de Desenvolvimento Social e o ex-secretário da pasta, Marcos Jaron, onde indícios de incompetência explícita foram revelados. Desta vez, as falas do diretor da Beneficência Portuguesa, Paulo Ribeiro; e de Rosane Rodrigues, do Hospital das Clínicas e de Sidney Luis Rugeri, do Hospital São José escancaram também a mentira e supostas práticas de corrupção.

O primeiro a depor nesta quarta-feira, 19, foi Paulo Ribeiro, que apesar de ser diretor de hospital que não atende pacientes Covid, a Beneficência Portuguesa, recebeu em junho de 2020 R$ 836 mil de recursos Covid, confirmando aos vereadores ter comprado equipamentos com o dinheiro, para emprestar esses equipamentos, a pedido do prefeito, ao Hospital das Clínicas, onde ainda se encontram os aparelhos. Parte do dinheiro, a metade apenas, teria sido usada para a compra de testes Covid para os servidores e os pacientes, além de medicamentos e insumos. Causou estranheza aos vereadores os fatos dos empréstimos terem sido feitos informalmente, o que não se admite na coisa pública e, além de terem sido feitos a pedido do prefeito, os equipamentos foram adquiridos com dinheiro público para equipar um hospital para que ele pudesse vender mais diárias de leitos à prefeitura, sem descontos ou vantagens que justificassem a permuta.

Primeira e mais importante resposta a ser obtida pela CPI, diante da desinformação do painel Covid da prefeitura e da informação do secretário de Saúde, Antônio Vasconcellos, de que "o erro da informação poderia ter sido dos hospitais", a diretora geral do HCT, dra. Rosane confirmou os números informados à Câmara Municipal, afirmando, precisamente, que o HCT tem 23 leitos Clínicos e 22 leitos UTI destinados ao SUS, além de 10 leitos clínicos e 4 leitos UTI destinados aos pacientes do setor privado. 

Diretor-executivo do Hospital São José, dr. Sidney Luiz Rugeri também confirmou os números de leitos informados por ofício à CPI. Segundo ele, o HSJ tem 13 leitos clínicos destinados ao SUS para o Covid e entre 8 e 12 para o privado, em função da demanda. Quanto aos leitos UTI, regulados pela Central Estadual, 12 leitos UTI Covid SUS e outros 12 leitos UTI privado. Disse, ainda, que destes leitos apenas 11 estão contratualizados e 1 deles aguarda contratualização desde março e, ainda, o que é grave, que o HSJ chegou a contar com 18 leitos SUS habilitados, mas que não teve esse quantitativo de leitos em momento algum, por falta de espaço físico, e que eles foram inseridos no sistema por parte da prefeitura, que ainda não os teriam desabilitado apesar de erroneamente informados.

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Edição 23/11/2024
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