Marcello Medeiros
“Teresópolis, Cidade dos Festivais”. “Teresópolis, Cidade das Flores”. “Teresópolis, Capital Nacional do Montanhismo”. Nas últimas décadas, nosso município teve diversos slogans, sendo que a grande maioria fazia referência a algum tipo de qualidade ou característica e visava contribuir com a atividade turística e imobiliária, principalmente. Na última semana, porém, acabou sendo classificado como um “Lugar de novos começos” graças a slogan instalado no pórtico do Soberbo, logo abaixo ao letreiro “Teresópolis”. A mensagem é da igreja Lagoinha, justamente a responsável pela recuperação do bem público, há anos esquecido pelos governos municipais. Porém, alheios às benfeitorias promovidas pelos voluntários, milhares de teresopolitanos debateram o tema, que vai muito além do quesito religioso que faz parecer quando se fala negativamente, principalmente.
De acordo com a Lei Municipal nº 3315, de 25/06/2014, que estabelece critérios de publicidade governamental, identificação de bens públicos, cores oficiais e dá outras providências, proibindo, entre outros, a utilização de slogans políticos, do próprio governo ou de entidades particulares. “Os bens públicos municipais, móveis e imóveis, incluídos veículos, observada a legislação pertinente à identificação destes, equipamentos urbanos, sinalização de logradouros, placas, painéis e cartazes sinalizadores ou informativos de obras públicas municipais, serão identificados, exclusivamente, pela Bandeira do Município de Teresópolis”, informa o artigo nono. “Fica vedada a utilização de slogan e/ou logomarca de Governo, podendo tão e somente serem utilizados os símbolos oficiais do Município de Teresópolis, a saber: A bandeira, o brasão e o hino, conforme expressamente estabelecido no art. 5º da Lei Orgânica Municipal”, informa ainda a lei assinada pelo então prefeito Arlei de Oliveira Rosa.
O slogan foi retirado dois dias após a instalação, depois de grande debate nas redes sociais. Nesta quarta-feira, tentamos um posicionamento da igreja Lagoinha sobre o tema. Segundo a informado via telefone por secretária da instituição religiosa, o pastor responsável pelo serviço, Alexandre Mineiro, não poderia gravar com nossa equipe por estar participando de grande evento no próprio templo e, nesta quinta-feira, viajaria para o exterior. Também tentamos ouvir o governo municipal, através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, não obtendo nenhum tipo de resposta até o fechamento desta edição.
Os dois lados
Somente na página do jornal O DIÁRIO na rede social Facebook foram quase 60 mil visualizações na postagem sobre o tema, gerando centenas de comentários e compartilhamentos, tanto a favor quanto contra a decisão de anexar o slogan particular ao nome do município. Alguns dos posicionamentos foram: Juliana Fernandes: “Lindo, parabéns!”. Juliana Barbosa: “Parabéns pela linda iniciativa!”. Monique Rocha: “Ficou lindo! Parabéns aos que investiram!”. Philippe Andrade: “Parabéns aos empresários que contribuíram pela iniciativa que a qual a Lagoinha se empenhou”. Jamil Sousa: “É preciso saber quem autorizou (se autorizou). Ao que tudo indica é um bem público. Parabéns pela limpeza, precisava. Mas isso não dá direito a se apropriar do pórtico, usando como propaganda”. Josy Braga: “A limpeza foi um ato de cidadania, louvável. Como o portal é público e o Estado é laico, o cartaz dispensado. Vamos parar de misturar comércio com igrejas. Já chega sermos obrigado a entrar nas lojas parecendo que se entra num templo. Os comerciantes deviam respeitar os clientes. Cada um com sua fé, nos seus respectivos templos”. Waldivino Turl: “A cidade agora é da Lagoinha?”. Marcio Esberard: “Isso é um absurdo inominável”.
Parabéns pela iniciativa
A reforma do pórtico teve início no final de dezembro e, na ocasião, a reportagem do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV esteve local para registrar e destacar a importância da ação na recuperação de bens de interesse de todos os teresopolitanos. “Um grupo de voluntários resolveu parar de esperar alguma atitude da administração municipal e começou a fazer sua parte para que os turistas tenham motivo para voltar a Teresópolis quando passarem pela Rotariana. Membros da igreja Lagoinha se uniram para dar uma cara nova ao espaço público, que até então mais parecia o cartão de visitas de uma cidade fantasma”, destacou a reportagem.
“Todos que estão trabalhando aqui são voluntários da igreja, da nossa Lagoinha, pessoas que moram em Teresópolis e amam essa cidade. Estamos há tempos vendo que o pórtico estava bem feio, sujo, escuro, caindo aos pedaços, e decidimos fazer o que a gente podia fazer. Existe um lema na igreja é ‘seu eu posso fazer, eu devo fazer’. Existem muitas coisas que não podemos fazer, uma pessoa sozinha não pode salvar o mundo, mas muitas coisas a gente pode fazer. Então, o que a gente pode a gente deve fazer. Tivemos autorização da prefeitura para agir e ajuda de empresários para comprar iluminação, tinta, reformar o letreiro, além de recursos da própria igreja. Estamos pintando, consertando, ou seja, servindo para que as pessoas tenham o prazer de chegar aqui e ver a entrada da cidade”, relatou na época o Pastor Alexandre Mineiro, responsável pela congregação no município.
Promessa Tricanista
Em novembro passado, através da Assessoria de Comunicação, a Prefeitura informou o seguinte: “Existe projeto, envolvendo os governos federal e estadual, para reforma do Pórtico e do Centro de Informações Turísticas do Soberbo. O referido projeto foi aprovado pela Caixa Econômica Federal e a Prefeitura aguarda uma posição sobre a previsão do início das obras”. Ainda segundo o documento, “nos próximos dias, as secretarias de Turismo e de Obras vão buscar alternativa, através de parceria com o setor privado, para a realização de reparo emergencial no pórtico”.
O slogan foi retirado dois dias após a instalação, depois de grande debate nas redes sociais. Nesta quarta-feira tentamos um posicionamento da igreja Lagoinha sobre o tema, não conseguindo contato com o pastor responsável – atarefado com grande evento no templo e por conta de viagem marcada para o exterior