Anderson Duarte
A série de encontros dos teresopolitanos com as propostas oferecidas pelos candidatos ao cargo de Prefeito de Teresópolis no próximo dia três de junho começa a chegar ao seu desfecho, e na sexta edição das entrevistas foram ouvidos os pleiteantes do partido Solidariedade, o ex-prefeito Roberto Petto, e sua candidata a vice, Raquel Monroe. A dupla escolhida pelo partido para concorrer nesta eleição suplementar, esteve nos estúdios da Diário TV ontem, 23, e apresentou aos telespectadores, leitores e internautas do Grupo Diário, parte de suas propostas para as áreas de Saúde, Funcionalismo Público e Serviços Públicos. Guardado o compromisso com a qualidade da informação e o alcance dos fatos e acontecimentos envolvendo a vida do teresopolitano, O DIÁRIO leva até a população as propostas e pensamentos dos pleiteantes para a condução do mandato tampão do cargo, provocado pela cassação da chapa de Mario Tricano e Sandro Dias. Além de conhecerem cada um dos postulantes ao cargo, e os seus respectivos vices, os leitores, bem como os telespectadores da Diário TV, vão ter também a oportunidade de conhecer as propostas destas candidaturas para a cidade de Teresópolis. Todas as nove candidaturas foram convidadas e devem participam em sua totalidade da série utilizando o espaço cedido pelo Grupo Diário para expor suas proposições para a gestão da cidade. Além da veiculação ao vivo também serão feitas outras duas reprises e a veiculação aqui em nossa edição impressa, no dia seguinte a participação do candidato.
– Quem são Roberto Petto e Raquel Monroe
Uma ex-servidora pública e um ex-prefeito compõem a chapa oferecida pelo partido Solidariedade aos teresopolitanos nesta eleição suplementar que passaremos a enfrentar. Raquel Monroe, que possui formação superior na área de contabilidade e ampla experiência tanto no segmento do serviço público, onde já ocupou diversos cargos de chefia e comando, além da vaga como servidora alcançada, como também no segmento privado, onde além da área de contabilidade e economia, trabalha como gestora de unidades de saúde, especificamente UPAs. Monroe acredita no servidor de carreira capacitado, na máquina pública com capacidade gerencial e na especialização dos serviços prestados pela prefeitura. Espera junto com Roberto Petto desenvolver políticas públicas de valorização da administração e também saneamento das crises instituídas pelas ingestões anteriores. A candidata a vice na chapa, estreia no mundo político, mas acredita que sua experiência nos dois setores mais importantes, e atuando especificamente no orçamento público, a gabaritam a pleitear o cargo com seu companheiro de urna.
E esse companheiro de urna carrega a experiência de já ter administrado o município em pelo menos duas oportunidades e ter sido o último prefeito dos últimos anos a conseguir terminar o mandato, e sem nenhum tipo de investigação legislativa em seu currículo. O médico e bacharel em Direito Roberto Petto tem vasta experiência na gestão pública, onde não só atuou como Chefe do Executivo, mas também comandou importantes setores e empresas da área de saúde. Mais recentemente tem se dedicado fora do município a gestão de uma Unidade de Pronto Atendimento e nesta função alcançou destaque considerável, mesmo em um meio tão turbulento. Para Petto, sua história de vida e sua condução na vida pública o referenciam a voltar a comandar a cidade, assim como o caracterizam como um homem público capaz de solucionar muitos dos problemas e adversidades vividas pela gestão municipal. Além de não possuir CPIs e outras investigações em sua trajetória, Petto considera que sua gestão foi a última que efetivamente conseguiu produzir algo de positivo para a cidade, como a inauguração de escolas, postos de saúde e outras benfeitorias agora muito mais raras e até inexistentes.
– “Foram dezesseis secretários em oito anos, não como manter política de Saúde”
Para os candidatos, o primeiro assunto em destaque na entrevista e motivo do primeiro bloco, deve ser também a prioridade absoluta do novo governo que se instalar após o dia três de junho. Para ambos, está na Saúde, o maior desafio do mandato tampão, pela sua dimensão constitucional que está sendo desrespeitada, e também em relação ao rombo causado pelas últimas gestões. “Foram dezesseis secretários em oito anos, não existe possibilidade de se manter uma política pública de Saúde neste cenário! É muita incerteza, muitas mudanças bruscas, e mesmo com uma equipe de servidores tão qualificada e competente como a que dispomos hoje, fica quase impossível fazer alguma coisa. É preciso calma e tranquilidade para se vencer desafios tão grandes como o que temos hoje na Saúde. Dou sempre em minhas aulas o exemplo da UPA, fala-se muito nela sendo um grande problema na área, mas é preciso entender, que como um grande iceberg, a UPA é apenas a ponta desta montanha. Todo o sistema de saúde está desestruturado hoje. Não adianta correr para resolver a UPA, se todo o sistema hoje está comprometido pela falta de gestão. Não se ouve o conselho de saúde, não se discute com a sociedade, isso não é administração, isso é imposição pública”, explica Raquel, que lembrou ter passado por uma série de ações capacitatórias enquanto ocupava cargo público.
O médico Roberto Petto vai um pouco mais além e faz uma crítica a algumas soluções que estão sendo apontadas durante as campanhas eleitorais. “Preciso e tenho o dever de dizer aos meus companheiros e eleitores, que um dos meus compromissos dois anos atrás, quando na campanha, era a instituição da Fundação Municipal da Saúde, mas hoje, depois algumas decisões de nossos tribunais, isso já não se faz possível. A Lei de Responsabilidade Fiscal não abarcava as ações destas fundações, mas hoje, esses gastos entram na discriminação da verba geral limitada ao emprego em pessoal. Quem promete isso está desatualizado”, explica Petto acrescentando que uma das práticas mais condenáveis das últimas décadas acabou por voltar nos últimos anos. “Eu falo com muita tristeza hoje, mas não posso deixar de registrar que em Teresópolis, o sistema de Beija-Mão, muito característico de determinados nomes políticos, infelizmente está de volta. Ele está com uma roupagem nova, mas efetivamente é o mesmo sistema corrupto e desumano que já fez tantas vitimas nos últimos anos”, explica Petto.
– Servidor Público precisa de respeito e ambiente para trabalhar
O segundo bloco de entrevistas teve como tema o funcionalismo público municipal. Apontado por muitos especialistas como uma fonte de problemas e endividamento para a maquina administrativa, o setor tem acumulado perdas, dívidas e benefícios esquecidos nas últimas gestões. “Eu sou do tempo que servidor público andava de cabeça erguida, tinha dignidade para comprar, viajar e até planejar o futuro. Isso foi retirado do servidor, que ainda ganhou o rótulo de muitas pessoas de o causador de muitos problemas da saúde financeira da cidade. Isso não só não é verdade, como também é exatamente o contrário. Nosso servidor público municipal é a saída e a resposta para muitos destes problemas hoje vividos. O servidor precisa de tranquilidade para tocar a administração, ele não pode viver com medo, com a lembrança da chibata, isso não é condição de trabalho que se espera de um servidor. Eu sou sempre questionado por alguns funcionários que trabalharam comigo direto sobre os nossos churrascos, onde eu ia pra cozinhar para o pessoal, das nossas reuniões e festas. Isso não é desperdício de tempo é estreitamento de laços, é proporcionar que o servidor possa atender bem ao nosso contribuinte, mas que especialmente produza muito mais com esses impulsos. Um gestor que não investe na qualidade dos que o cercam está fadado ao insucesso, ter ao lado gente competente e motivada só ajuda ao gestor”, explica Petto.
Já Monroe lembra que um servidor capacitado é economia aos cofres públicos e mais serviços sendo bem prestados para a população. “A mesma preocupação que vejo na iniciativa privada com relação ao cuidado com a capacitação dos colaboradores, eu entendo que deva existir no serviço público. Assim como o Roberto eu entendo que não adianta querer ser empresário na seara pública que o resultado não serão bom, mas precisamos levar a mentalidade de eficiência e foco que temos no empresariado como norte também na gestão pública. No poder precisamos também buscar o lucro, mas esse lucro é social e revertido ao bem comum. Um servidor público bem qualificado e com qualidade de ambiente de trabalho pode e vai produzir muito mais que um funcionário perseguido, desmotivado, sem condições de trabalho descente. Dou o exemplo da UPA novamente, o que adianta um profissional maravilhoso no local, se a gestão pública não oferece os insumos e medicamentos necessários. Temos que ser capacitados e incentivados a produzir uma gestão administrativa mais eficaz”, lembra Monroe, que também acrescenta que a redução de secretarias e cargos também deve seguir esse principio.
– Serviço Público de qualidade é aquele que é feito pelo servidor da Prefeitura
Por fim, a dupla do Solidariedade escolheu falar sobre a situação precária dos Serviços Públicos municipais e como esperam instituir mudanças para reverter um processo de precarização sofrido no setor nas últimas gestões. “Eu me lembro que na gestão Petto, ao instituirmos o Plano Diretor, escolheram-se, além das nossas marcas e potencialidades, aqueles segmentos que mais mereceriam cuidado e demandariam mudanças. Pois bem, estava lá, em 2006, os serviços públicos como fonte de mudança qualitativa sugerida pela própria população. O que me espanta é que hoje, tanto tempo depois, não só não e modificou qualitativamente, como depreciou ainda mais, ou seja, o que era uma situação ruim, se transformou em tragédia para a cidade”, lembra Raquel. Já seu companheiro de chapa lembra de outras falácias que estão sendo ventiladas na área pelas candidaturas adversarias, em especial a questão das auditorias que estão sendo prometidas. “Eu preciso dizer que antes de passarmos a limpo essa questão da gestão dos serviços públicos eficientes, precisamos ser francos com a população. Tem muito candidato prometendo auditoria na gestão, isso é mentira, a prefeitura já possui este tipo de prática interna e externamente realizadas. Prometer isso é desconhecer a lei. E outra questão é com relação aos contratos de terceirização, é preciso muito cuidado com as promessas”, enaltece Petto, que também acrescenta com relação aos contratos celebrados:
“Eu gostaria muito que hoje nossa administração assumisse todos os serviços públicos, mas não posso ser mentiroso com as pessoas. Sei que um serviço público de qualidade é aquele que é feito pelo servidor da Prefeitura, mas não sei se poderíamos e deveríamos assumir novamente essas incumbências. Não sei se temos condições para isso, é preciso avaliar bem”, explica Petto. Segundo o ex-prefeito, a desestruturação vivenciada nos últimos anos de extrema privatização de serviços pode ter comprometido a estrutura da máquina pública a ponto do município não poder assumir tal responsabilidade. “O mais grave de todo é imaginar que todo nosso estrutural se foi, ou seja, os nossos caminhões de coleta, nossas máquinas de manutenção de vias e estradas, nossos ônibus escolares, enfim, nossos serviços públicos foram desmontados para que fossem assumidos pela iniciativa privada. E sem nenhuma fiscalização por parte do contratante, ou seja, nós teresopolitanos, acabam não sendo prestados”, lamenta e finaliza Petto.
– Cronograma de entrevistas segue até o dia 29 deste mês
Para garantir que todas as reportagens em O DIÁRIO sejam veiculadas em dia de semana, nenhuma delas será realizada na sexta-feira, cabendo a edição de fim de semana do dia 01 de junho contendo uma compilação de todas as entrevistas realizadas anteriormente. Quanto aos assuntos que poderão ser abordados será dada liberdade aos entrevistados para que decorram sobre uma lista de temas previamente estipulados, obedecendo o limite de três escolhas, uma para cada bloco. Ao final os candidatos terão três minutos para explanações de livre escolha. Todos os vídeos estarão disponíveis no canal do YouTube do Jornal O Diário de Teresópolis em até 24h após a participação. A primeira e mais importante regra determinada pela organização das entrevistas é que determina que cada um dos participantes farão suas interpelações com o intuito, único e exclusivo de expor suas plataformas e projetos políticos para a cidade de Teresópolis, enquanto possíveis candidatos eleitos. As entrevistas serão realizadas obedecendo a ordem de apresentação alfabética ilustrada no sistema de divulgação de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral e obedecendo ao seguinte cronograma:
24/05, quinta-feira: Odenir Quincas e Marcão – PP
28/05, segunda-feira: Roberto Mello e Sabiá – PT
29/05, terça-feira: Vinícius Claussen e Dr. Ari – PPS