Marcello Medieros
Os tons de rosa e branco, em contraste com o céu azul de inverno, têm tomado conta das redes sociais por conta da floração das Cerejeiras, as sakuras, em especial as localizadas nas proximidades do Terminal Rodoviário José de Carvalho Janotti, na Várzea. É difícil passar pela Avenida Tenente Luiz Meirelles ou pela Rua Waldir Barbosa Moreira e não parar para registrar ou pelo menos admirar os coloridos exemplares de Prunus serrulata, espécie originária do Japão e que tanto sucesso tem feito por aqui. Mesmo bem mais tímida do que em outros anos, como em 2017, quando as três árvores desse local ficaram tomadas de flores ao mesmo tempo, elas têm atraído muitos olhares e registros fotográficos. Como não contam com o fator que desencadeia seu florescimento no seu país de origem, com a passagem do frio intenso para o clima mais ameno da primavera, as cerejeiras "brasileiras" florescem graças às inversões térmicas do inverno. Quando começa a ter menos umidade no ar, o metabolismo dessas plantas entende que é a hora liberar os botões. Assim, elas começam a florescer geralmente entre o final de julho e meados de agosto, como ocorre atualmente. Além disso, dias mais frios nos meses anteriores são fundamentais para uma floração volumosa, como ocorreu três anos atrás.
Mesmo com o encantamento a cada estação de flores das cerejeiras das proximidades da rodoviária, o olhar opaco pela correria diária faz com que a maioria dos teresopolitanos ignore o fato que elas “nem sempre estiveram por ali”. Foram plantadas em 21 de setembro de 2005, pelo cidadão teresopolitano Sebastião Corrêa, popularmente conhecido como Tião, então à frente do setor de Parques e Jardins, da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. Sempre atento aos acontecimentos no município, O DIÁRIO registrou o plantio das então mudinhas. “Ali não tinha nada, nós que fizemos a mureta, a passarela, construímos tudo, fizemos tudo com muito amor para depois realizar o plantio das sakuras. Quando se planta uma mudinha pequenina, se espera uma árvore no futuro, mas eu não esperava tanta beleza quanto aqui”, relata o sorridente Tião, que, lá atrás, em 2005, já projetava um futuro mais bonito para o local onde diariamente chegam dezenas de turistas. “As árvores que plantamos hoje poderão, com certeza, ser admiradas pelos nossos filhos e netos. Quando estiverem floridas, talvez nossos netos se lembrem de quem as plantou", relatou o emocionado servidor público ao repórter Reginaldo Castro.
As cerejeiras cresceram, floresceram e fazem cada vez mais sucesso. No pequeno espaço de tempo que ficamos próximo a elas, preparando a reportagem, flagramos dezenas de pessoas fazendo a tradicional “selfie” ou imortalizando mais uma floração das frondosas sakuras. Existem ainda outras três, um pouco menores, que também projetam um colorido e bonito futuro. “Quando você florida uma árvore que você colocou no chão, é motivo de muito orgulho. Uma planta dessas dá visibilidade para uma cidade inteira. Alguém que enxerga, gosta, que curte, para aqui. E até pessoas que nunca colocaram no chão uma plantinha, se rendem a tamanha beleza, se sentem mais bonitas perto das flores. Ter participado disso é o maior prêmio. Isso você não compra, não tem a venda”, pontua Corrêa.
A cerejeira histórica
A história dessa árvore no país se confunde com a da imigração japonesa, que teve início a partir de 1908. Para diminuir a saudade do seu país, eles plantaram centenas de variedades de Sakuras por onde passaram, se adaptando melhor ao clima do nosso país as espécies Okinawa, Himalaia e Yukiwari, que por aqui têm floração tão exuberante quanto no Japão – de onde a planta é um dos símbolos. Ainda ao lado do terminal rodoviário, mais perto da ponte, existe outro exemplar de cerejeira, este com íntima relação com o povo que tanto venera: ele foi plantado pelo Cônsul japonês na década de 70.