A total falta de preocupação com o saneamento básico de todos os prefeitos que passaram pelo Palácio Teresa Cristina e o desmazelo de grande parte da população tem gerando diversos problemas, inclusive de saúde, para muitos teresopolitanos. Alguns desses exemplos de descaso são o poluído rio Paquequer, que recebe esgoto sem nenhum tipo de tratamento, e cada vez maior número de lixões clandestinos em vias públicas ou áreas de floresta, locais que acabam virando criadores de vetores de doenças como mosquitos e ratos. Em relação aos roedores, aliás, a situação é bastante crítica. Um especialista no combate a esse tipo de praga consultado pelo jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV relata que a estimativa é que existam cinco animais para cada teresopolitano. Diante desse preocupante quadro, o município tem reforçado o trabalho do setor de Zoonoses, da Secretaria Municipal de Saúde. Na semana passada foi publicada em Diário Oficial a contratação da empresa Erradik Saúde Ambiental Comércio de Produtos Domissanitários para o fornecimento de rodenticida em pó, em bloco e isca para o controle dos roedores que podem causar diversos tipos de doença.
“Esse trabalho nas áreas públicas, nas ruas, beira de rios, realmente tem que ser feito pela prefeitura para combater a infestação de ratos. E realmente temos uma infestação grande na cidade, aproximadamente cinco ratos por pessoa. Sabemos isso porque trabalhamos fazendo desratização em quarteirões, por exemplo. Então, pelo número de ratos que morrem e número de pessoas que têm no quarteirão, conseguimos fazer uma média e chegar a esse preocupante número. A prefeitura está fazendo certo em licitar veneno para rato, para que seja feito pela Zoonose esse fundamental trabalho. Os ratos, ratazanas e camundongos transmitem uma série de doenças graves. A leptospirose é a mais comum, mas tem tifo, peste bubônica, febre, raiva… Então, repito, é muito importante esse trabalho. E é de competência da prefeitura essa desratização em áreas públicas. Como empresa nós cuidamos das residências, das empresas, mas não podemos colocar iscas nas ruas, não podemos fazer na beirada do rio, isso é um trabalho para ser feito pela Zoonose da prefeitura”, explica Fernando Amaral, da Inseti-Serra.
População tem que ajudar
Fernando lembra ainda que, com atitudes simples, a população pode contribuir para diminuir a proliferação de roedores. “Importante que os moradores tenham cuidado na colocação de alimentos para cachorros e gatos, por exemplo. Tem pessoas que deixam comida dentro da tigela o dia todo, o que atrai ratos. A pessoa que tem animal sabe hora que ele come, se é manhã, meio do dia ou noite, tem adestrar animal comer naquele horário certinho, colocar a tigela por meia hora, quarenta minutos, e retirar. Na hora que o cachorro está no portão latindo, por exemplo, o rato vai na tigela e come. Tem que colocar, esperar comer e tirar, assim como o lixo não pode ser colocado de qualquer jeito no chão. Tem que colocar em plástico, na lixeira e só colocar na rua no dia de coleta da prefeitura. É um cuidado que tem que ser de todos os moradores, não só da prefeitura. O rato é um animal nocivo à saúde do homem quanto de animais”, destaca.
Em relação ao combate de infestações, Fernando fala ainda sobre o perigo do manuseio de venenos. “O Inea é o órgão que nos fiscaliza, que controla todo o material que a gente compra, através dos fornecedores. Só para se ter uma ideia somos obrigados a descartar ao fornecedor cada embalagem de material que utilizamos. Também serve para embalagens de inseticida, que tem que passar por uma tri-lavagem e furada para não ser utilizada novamente , e devolver ao fornecedor. No caso do veneno de rato, somos obrigados a guardar cada saquinho e devolver ao fornecedor, pois eles podem causar a contaminação de água e solo”.
Doenças transmitidas pelos ratos
Leptospirose: causada por bactérias que ficam alojadas nos rins dos roedores. Por isso, acabam sendo transmitidas pela urina deles. Penetram nos homens pelas mucosas ou através de algum machucado. Quando ocorrem as enchentes, aumentam os casos de leptospirose. O tratamento é feito com antibióticos, mas se a doença não for descoberta a tempo, pode levar à morte.
Peste bubônica ou peste negra: uma das doenças mais antigas que se têm registros. Transmitida pela pulga do rato de telhado. Até hoje, mata pessoas ao redor do mundo. Assim como a leptospirose, a peste bubônica também é tratada com antibióticos.
Tifo murino ou febre murina: também transmitida pela pulga do rato de telhado. Seu tratamento também é por antibióticos.
Hantavirose: Passada pela saliva e pela urina dos ratos. Causa uma virose que pode ser mortal se não tratada. Não há tratamento específico para a doença. Tratam-se apenas as infecções pulmonares que ela causa.
Sarnas, alergias: o pelo dos ratos e o contato com os roedores podem causar sarnas e alergias.
Febre da mordida do rato: como o nome diz, é transmitida pela mordida do roedor, quando ele está infectado. Também é passada através da ingestão de alimentos infectados pela saliva do roedor. Causa febre, vômitos e dores musculares. Pode evoluir para pneumonia e até infartos. O tratamento é feito com antibióticos, como a penicilina.
“Temos uma infestação grande na cidade, aproximadamente cinco ratos por pessoa. Sabemos isso porque trabalhamos fazendo desratização em quarteirões, por exemplo. Então, pelo número de ratos que morrem e número de pessoas que têm no quarteirão, conseguimos fazer uma média e chegar a esse preocupante número”, lembra Fernando Amaral, do Inseti-Serra