Anderson Duarte
O problema já era anunciado desde que o vereador Pedro Gil assumiu interinamente o poder com a vacância deixada pelo afastamento de Mario Tricano, mas agora passa do campo da projeção para a esfera da dura realidade e iminência. Com o esvaziamento dos cofres públicos promovido pela gestão temerária do político condenado, não haverá condições de cumprir com as folhas de pagamentos nos próximos meses, ao menos com a constância e assiduidade apresentada até este mês. Assim, o maior público assalariado do município, composto pelos servidores públicos municipais da ativa e aposentados e pensionistas, vai precisar se preparar para meses de muitas dificuldades neste segundo semestre. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Servidores do município em entrevista nesta quinta-feira, 09. Para Katia Borges, presidente do órgão, serão momentos de muita dificuldade para a classe, que vai precisar se organizar e se planejar para não passar por dificuldades ainda maiores, mas, as mudanças de governo e mentalidade de gestão, podem ser determinantes para que o rombo deixado pela irresponsabilidade de prefeitos anteriores venham a ser superados.
“Eu tenho certeza que serão momentos de muita dificuldade, afinal, sabemos que está sendo paga a décima terceira folha, consequência de atrasos anteriores, mas que não há mais dinheiro para os próximos meses. Isso é complicado para pedirmos aos nossos associados, mas é necessário. A nossa classe vai precisar se preparar para o pior, que no nosso caso é a ausência do salário no final do mês. Mas também entendemos que esse novo momento político enfrentado pela cidade pode ser um diferencial para superarmos tanta ingerência e descompromisso como vimos em governos anteriores. Hoje somos recebidos com presteza, nos vemos bem vindos à sede do poder e assim acho que podemos buscar soluções de forma coletiva, através do diálogo, coisas que não tínhamos possibilidade de fazer em governos anteriores, mas ainda assim, nossa classe vai precisar se organizar”, enaltece Katia.
A Sindicalista, que representa mais de cinco mil e quinhentos servidores municipais, entre ativos e inativos, nem gosta de lembrar do recente passado onde deste universo, mais de três mil funcionários amargavam atrasos em seus proventos, ou seja, mais da metade de trabalhadores da prefeitura, sem poder contar com os salários no final do mês. Aluguéis atrasados, contas de fornecimento de luz em aberto com pedidos de interrupção do serviço, cartões e empréstimos acumulando juros sob juros, enfim, um cenário de prejuízos sem fim para os servidores que ainda pagam a conta dessa incompetência gerencial toda. Mais uma vez, o SindPmt informou que está acompanhando os pagamentos e deliberações do Executivo de perto, mas que o cenário não é dos mais favoráveis. Não custa lembrar que essa falta de pagamento de salários e outros benefícios acabou gerando um inquérito civil ainda em tramitação, além de outro inquérito sobre o não repasse das cotas das contribuições previdenciárias.
Quanto ao diálogo com a nova gestão, Kátia se disse animada. “É uma outra situação que encontramos na prefeitura hoje. A todo momento somos muito bem atendidos na Casa, nesta semana mesmo, depois da notícia de não pagamento de parte dos nossos aposentados, recorri ao poder executivo e fui muito bem recebida pelo nosso secretário de governo, Henrique Carregal, que prontamente buscou respostas e avaliou a possibilidade de resolução para o problema, tanto que já foi pago hoje, e também encontramos no prefeito uma figura acessível e com boa vontade para resolvermos a questão que é tão séria. O Vinicius nos disse que o quadro é mesmo muito complicado, mas que terá nos próximos meses o foco voltado a garantir que isso não ocorra, ou seja, que nossos servidores não tenham que amargar mais atrasos e acumulo de folhas como vimos nos últimos anos. Me garantiu que vai encontrar caminhos para aumentar a arrecadação nos próximos meses e tentar evitar o atraso, que hoje é inevitável, mas que pode ser superado, pelas palavras do próprio Vinícius”, explica Karla.