Anderson Duarte
Será que o período de calmaria entre o Sindicato dos Servidores Públicos municipais e a gestão Claussen acabou? A pergunta se justifica pelo fato da classe, mesmo com atrasos e perdas de benefícios, ainda assim ter concedido certo voto de confiança para que as coisas se acertassem, e hoje, depois de um percalço gerado pela inabilidade do governo na utilização de ferramentas de gestão para viabilizar a correção deliberada em assembleia, encontrar-se em falta com aquilo que se comprometeu. O resultado é a convocação de uma paralisação de vinte e quatro horas, a iniciar-se amanhã, 20, e que tem o objetivo de mostrar para o administrador que a classe não está satisfeita. A paralisação, que recebeu voto favorável depois de deliberação em Assembleia Geral, tem o objetivo de proporcionar um amplo debate com a categoria sobre a necessidade de participar das lutas junto com o movimento sindical. Em entrevista ao JORNAL DIÁRIO na TV, a Presidente em exercício do SINDPMT, Kátia Borges, disse que entende o posicionamento da gestão, mas que não pode abrir mão de lutar pela garantia dos direitos da classe.
“Como sempre disse a todo momento o prefeito está em negociação com o Sindicato, inclusive temos reunião nesta quarta, durante a paralisação, em que está certo que uma comissão de servidores será recebida por ele. Ainda estamos aguardando a regularização daquilo que foi compromisso assumido pelo prefeito, mas não temos mais como aguardar a correção de erros internos da gestão. O servidor tem pressa e o direto nos é garantido, portanto, o município precisa dar conta dos seus compromissos”, disse Kátia, que recentemente disse em entrevista a O DIÁRIO que não pretende baixar a guarda na luta pelos proventos em dia, muito menos com as parcelas do PCCS e outros benefícios cortados em outras gestões.
Diz a nota de convocação para essa paralisação: “A Sra. Katia Borges Rego Cabral, Presidente em exercício do SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE TERESÓPOLIS no uso de suas atribuições, conferidas pelo estatuto da entidade em epígrafe, faz saber aos que dele virem ou tomarem conhecimento, pelo presente EDITAL, vem CONVOCAR todos os SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE TERESÓPOLIS, ativos e aposentados, a participarem da paralisação de 24 (vinte quatro) horas, do Servidor Público Municipal, em frente à Prefeitura Municipal de Teresópolis, para dar continuidade, conforme deliberado em Assembleia Geral Extraordinária ocorrida no dias 13 de março de 2019, na manifestação para apresentar nossas reivindicações o pagamento da 5° e 6 parcelas de reestruturação salarial do PCCS. A paralisação de 24 (vinte quatro) horas, à se realizar no dia 20 de março de 2019, na porta da prefeitura municipal de Teresópolis, com início as 9h00minutos”, diz a nota.
Segundo a entidade, algumas prestações de contas precisam ser feitas, principalmente com relação as últimas parcelas do Plano de Cargos, Carreira e Salários. Recentemente, o Executivo Municipal desistiu de uma ação em que buscava o Poder Judiciário para rever o plano e solicitava que ele fosse considerado ilegal revogado na sua integralidade e que também os valores dos salários voltassem aos níveis de 2011. Cálculos estimados apontam para cerca de seis mil servidores atingidos pela decisão judicial, caso a mesma fosse favorável ao município. Entre as mudanças após a desistência estava o compromisso do governo de alinhar propostas mais modernas, dentro da realidade atual do orçamento para não deixar o servidor sem o direito adquirido. O Sindicato, novamente, aproveitou a entrevista para rebater críticas feitas pelas redes sociais e por veículos de comunicação ligados a grupos políticos da cidade com relação a componentes da diretoria e também com relação aos processos de prestação de contas da entidade. Segundo o SINDPMT o momento continua sendo de buscar soluções no orçamento e tentar não prejudicar ainda mais a categoria, perseguida pela gestão anterior.
Robson Abreu e Kátia Borges enalteceram o excesso de vontade para resolver o problema de arrecadação por parte da gestão, mas lembraram que o Executivo não pode deixar de lado questões como os reajustes esquecidos pelos últimos governos e benefícios cortados ao longo dos últimos anos. Kátia também lembrou que sem a devida previsão orçamentária, de nada vai adiantar ter boa vontade, os problemas continuarão os mesmos. Kátia Borges voltou a dizer que entende o posicionamento da gestão, mas que não pode abrir mão de lutar pela garantia dos direitos da classe. A Sindicalista, que representa mais de cinco mil e quinhentos servidores municipais, entre ativos e inativos, lembrou dos mais de três mil funcionários que amargaram atrasos em seus proventos por meses e meses seguidos. Aluguéis atrasados, contas de fornecimento de luz em aberto com pedidos de interrupção do serviço, cartões e empréstimos acumulando juros sobre juros, enfim, um cenário de prejuízos sem fim para os servidores que ainda pagam a conta dessa incompetência gerencial toda e que não terão melhores momentos pela frente. Não custa lembrar que essa falta de pagamento de salários e outros benefícios acabou gerando um inquérito civil ainda em tramitação, além de outro inquérito sobre o não repasse das cotas das contribuições previdenciárias.