Marcello Medeiros
Enquanto mantém dezenas de secretarias, com altos salários para secretários, subsecretários e outros cargos comissionados, além de grande número de contratados através do Programa Operação Trabalho, o governo Mário Tricano deixa passando fome mais de três mil servidores concursados da Prefeitura. Com dois meses de salários em atraso, a categoria não sabe mais a quem recorrer – visto que nem decisões judiciais têm sido cumpridas. Diante da crise gerada pela péssima e irresponsável administração do município, os representantes dos funcionários públicos se viram obrigados a iniciar campanha para ajudar essas pessoas. Desde o início da semana, o SindPMT está literalmente batendo de porta em porta para tentar conseguir cestas básicas, buscando apoio da população e empresários para tentar amenizar a situação daqueles que dependem do bom senso de um político que tem mostrado cada dia mais despreparo e menos sensibilidade para cuidar da vida não só dos servidores, mas de todos os teresopolitanos. Nunca é demais lembrar que sem salário os funcionários públicos não compram no comércio, não almoçam nos restaurantes e deixam de utilizar diversos serviços.
No ofício distribuído nas empresas, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais lembra que o atual gestor deve hoje ao servidor dois meses de salário e que a entidade já fez todas as ações cabíveis e denúncias e, mesmo com todas as decisões favoráveis, o prefeito não as cumpre, deixando assim 1.305 servidores públicos na ativa e 1.848 aposentados sem ter o que comer. “Vimos através deste, contar a colaboração da sociedade e solicitar encarecidamente doação de cesta básica para serem distribuídas a esses servidores que, mesmo sem salário, mesmo sem vale transportes, estão servindo a população de Teresópolis, mas sem comida na mesa e sem passagem de ônibus está muito difícil de continuarmos a fazer o nosso papel”, pede o SindPMT.
Responsável pelo setor de comunicação da entidade e por fazer esse contato com o empresariado, o sindicalista Francisco de Assis esteve na redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV, reforçando o pedido de apoio da população teresopolitana.
“O sindicato fez tudo possível para evitar a chegar esse ponto, mas o próprio sindicato está com baixa arrecadação, porque o servidor não é pago e consequentemente não tem fazer o desconto em folha. Por isso iniciamos essa campanha, porque o servidor está passando fome, entrando quase no terceiro mês sem salário. Então, não vimos outra saída a não ser pedir ajuda da sociedade, das empresas, para poder ajudar essas pessoas que estão passando fome, que não tem comida para colocar na mesa. É caso de necessidade extrema. É preciso se sensibilizar com o servidor que não tem o que comer, com o aposentado que não tem dinheiro para comprar remédio. Tem servidor morrendo e o gestor público não se sensibiliza. É triste, chegou o momento da cidade tomar uma atitude”, pontua. “Qualquer doação hoje é bem vinda. Se a pessoa puder ajudar e levar na sede sindicato, agradecemos. Se não tiver como entregar e quiser que vá buscar só ligar que vamos até sua casa, sua empresa, e retiramos”, completa Francisco, informando que todas as firmas solidárias ao movimento receberão retorno de mídia junto à categoria e apoiadores.
A sede do SindPMT fica na Rua Fernando Martins, 35, no principal acesso do bairro Vila Muqui, funcionando das 9h às 18h, de segunda a sexta-feira. O telefone da entidade é o 2643-2175. Outro meio de contato é e-mail falecom@sindpmt.com.br
“Já foi bom ser funcionário da PMT”
Houve um tempo em que ser funcionário público municipal era sinônimo de status, era motivo de orgulho fazer parte de uma categoria com salários em dia, vários benefícios, como plano de saúde e vale alimentação, além de imóveis na Região do Lagos para serem desfrutados nos períodos de férias ou fins de semana, fora a conhecida estabilidade trabalhista. Nos dias de hoje, porém, ser funcionário da Prefeitura significa ter que contar com a ajuda de terceiros para sobreviver e a desconfiança de muitos na hora de fazer uma compra. Afinal, quem quer vender ou emprestar dinheiro sem saber se vai conseguir receber? Atualmente, até aqueles que já cumpriram ou estão bem perto de completar sua missão como servidor público de Teresópolis têm muitos motivos para não conseguir dormir direito. O cada vez maior rombo na TerePrev é outro problema que não parece solucionável. E falando em solução, aquele que se dizia “o salvador da pátria” e diferente dos que haviam passado pelo Palácio Teresa Cristina em tempos recentes, o prefeito Mário de Oliveira Tricano, conseguiu se tornar pior do que seu antecessor, o cassado e crucificado Arlei Rosa. Só para se ter uma ideia do fácil comparativo feito por aqueles que dependem do poder público municipal para pagar suas contas e alimentar suas famílias, no governo do ex-vereador os atrasos de salários começaram a acontecer no final do segundo semestre. No caso do proprietário do Hotel Jecava, e dezenas de outras grandes propriedades no município, a folha salarial está comprometida desde o início do ano. Atualmente, já são dois salários em aberto – com exceção do pessoal da Educação, que recebe através do FUNDEB. E se nos primeiros meses de 2017 já foi uma grande agonia, com a arrecadação do IPTU e outros recursos, o que esperar do restante do ano?
Verba do FUNDEB “vai acabar”
Aparentemente em situação melhor, por conta dos recursos do FUNDEB, a educação também vive o caos do cada dia pior governo Tricano. Durante manifestação realizada em frente ao Palácio Teresa Cristina nesta terça-feira, Rosângela Castro, do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE), lembra que os recursos são finitos e que a categoria também vem perdendo vários benefícios. “A gente está em situação menos difícil, se é que se pode dizer assim, porquê há um fundo destinado para pagar o servidor da educação, mas em 2020 essa destinação acaba e o dinheiro vai direto para a prefeitura. Também perdemos vale alimentação e plano saúde. O último ataque foi a trintenária, colegas com dias para fazer 30 anos de serviço público perderam esse direito, perdemos indexação do reajuste ao piso nacional do magistério porque foi considerado inconstitucional… Por isso a educação está aqui dizendo que não vai aceitar perder mais direitos. E ainda tem essa proposta absurda de roubar 10% do nosso salário, do bruto, para nos pagar, uma grande contradição tirar de nós para nos pagar. Outro ataque da secretária Eveline de Cardoso é querer ampliar nossa jornada de trabalho. Estão ampliando para dizer que estão cumprindo a lei do terço de planejamento que não tem até hoje, uma lei de 2009, necessária ara dar qualidade em nossas aulas durante o ano letivo. Importante lembrar ainda que já estão usando a verba do FUNDEB do mês seguinte para completar o atual, iniciando assim um escalonamento que será cada vez mais frequente”, atenta.
FOTO MARCELLO MEDEIROS: Responsável pelo setor de comunicação da entidade e por fazer esse contato com o empresariado, o sindicalista Francisco de Assis esteve na redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV, reforçando o pedido de apoio da população teresopolitana