Protesto foi parar na Delegacia de Polícia, e empresa retirou a máquina que fechava o local
Serviço de coleta continua, mas transbordo do lixo fica parado até prefeitura pagar o que deve
Wanderley Peres
Quinta-feira de tempo chuvoso, daqueles ainda mais difíceis para quem trabalha na rua, a céu aberto e vulnerável às intempéries, esta quinta-feira, 14, foi praticamente perdida para o pessoal da coleta de lixo em Teresópolis. Ao chegarem ao lixão para vazar o lixo coletado ao longo da cidade nas primeiras horas do dia, para o devido transbordo, a empresa responsável pelo translado do lixo impediu o acesso e uma fila de caminhões foi formada, formando-se, também, um tumulto que acabou com registro na Delegacia de Polícia. Conduzidas as partes pela Guarda Municipal, que assumiu a ocorrência, na DP a empresa que protestava aceitou retirar a máquina pesada que fechava o acesso ao lixão, para que os caminhões desovassem o lixo já coletado, e onde serão jogadas as cargas de lixo que forem coletados nos próximos dias até que volte a regularidade dos pagamentos pela Prefeitura já em recesso até a quinta-feira da semana que vem, em função dos feriados da Proclamação, desta sexta-feira, 15, e o da Consciência Negra, no dia 20. Por conta da falta de pagamento, a empresa de transbordo decidiu paralisar os seus serviços até que os valores em atraso há cerca de quatro meses sejam pagos, cerca de R$ 6 milhões, segundo se depreende do que está informado no Portal da Transparência.
Faltando pouco mais de um mês para terminar o seu mandato, Vinícius deixa o problema do lixo em Teresópolis em pior situação do que encontrou, embora sua primeira grande promessa como prefeito, feita em pomposa “visita técnica” no mês em que assumiu o mandato, tenha sido a de que resolveria o problema em três anos. Passado o prazo que o próprio prefeito anunciou ao promotor e o juiz da cidade que os acompanhava, porque os órgãos ambientais haviam fechado o lixão por conta do estado precário em que já se encontrava, daí a necessidade de solução urgente, nenhuma providência foi tomada. Depois do prazo da promessa não cumprida, e de um incêndio de grandes proporções ocorrido em junho do ano passado, aliás, tragédia ambiental que a notícia dela correu o mundo, a Justiça mandou fechar, de novo, o vazadouro de lixo, e depois deixou que fosse aberto, de novo, aparentemente, para a nova solução precária que já dura um ano e meio.
LIXO INTERESTADUAL
Em 22 de outubro passado, um veículo de carga que fazia o transbordo de resíduos do lixão do Fischer sofreu acidente na estrada BR-116, quando seguia para levar o lixo de Teresópolis para a cidade mineira de Leopoldina, a cerca de 150 quilômetros, porque o transporte do lixo do município não estaria sendo mais levado cidade da Baixada Fluminense em atendimento a solicitação do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, devido à possibilidade de acidentes na área da unidade de conservação ambiental, daí a inviabilidade de recebimento do material em Nova Iguaçu e Belford Roxo, cidades mais próximas, no Rio de Janeiro.
IRRESPONSABILIDADE
A retirada dos resíduos do município ocorre desde que o outrora aterro, atualmente lixão do Fischer, foi interditado a medido do Ministério Público. Em meados de 2023 um grande incêndio tomou conta das montanhas de detritos e durou vários dias, espalhando fumaça tóxica em vários bairros. A solução encontrada pela “gestão” foi pagar para levar o lixo para outras cidades, ao custo mensal de quase R$ 800 mil. Importante frisar ainda que o problema do encerramento das atividades do Fischer e necessidade de encontrar uma destinação final correta de todo o lixo produzido no município vem sendo discutidas desde o início do governo Claussen, ficando apenas no campo dos estudos e promessas até que a prefeitura foi obrigada a realizar uma contratação emergencial de um serviço que mensalmente custa um valor astronômico aos já combalidos cofres públicos.