Na noite da última quarta-feira (23), a Casa de Cultura Adolpho Bloch foi tomada por aplausos, sorrisos e muita emoção durante a apresentação do grupo “Amigos do Choro”. Em comemoração ao Dia Nacional do Choro, o espetáculo reuniu clássicos do gênero e homenagens a grandes mestres da música brasileira, encantando o público com uma verdadeira celebração da cultura nacional.
Formado por cinco músicos talentosos — João Gaborges (cavaquinho e bandolim), Marcos Dantas (violão), Miguel Beserra (pandeiro), Rubens Tavares (violão de 7 cordas) e Vinicius Gusmão (flauta transversa) — o grupo apresentou obras de mestres como Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Hermeto Pascoal. O repertório passeou pelas raízes do Choro, encantando o público com virtuosismo, improviso e emoção.
O Choro: uma joia da música brasileira
Originado nas camadas populares do Rio de Janeiro no fim do século XIX, o Choro — ou chorinho, como é carinhosamente chamado — é considerado a primeira música urbana tipicamente brasileira. Sua sonoridade única nasce da fusão entre ritmos africanos como o lundu e elementos da música europeia, como a polca, a valsa e o maxixe.
Ao longo das décadas, o gênero foi ganhando forma e sofisticação nas mãos de músicos brilhantes como Ernesto Nazareth, Joaquim Callado, Anacleto de Medeiros e, claro, Pixinguinha, verdadeiro patrono do estilo. Sua flauta e seu saxofone marcaram uma era, abrindo caminhos para que o Choro se tornasse uma das expressões mais ricas da cultura nacional.
Mais que um estilo musical, o Choro é uma linguagem — marcada pela liberdade criativa, pelas frases ornamentadas e pela troca entre os instrumentistas. É uma conversa entre melodias e harmonias que exige técnica, mas também alma.
Reconhecimento e preservação
Em fevereiro de 2024, o Choro foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O reconhecimento destaca a importância do gênero como expressão artística e social, presente em todas as regiões do país.
Com o título de patrimônio, o gênero passa a contar com ações voltadas à sua salvaguarda: políticas públicas, editais, rodas de choro em espaços abertos e a inclusão do gênero em programas educativos. Para músicos, estudiosos e apaixonados, a conquista representa um passo fundamental para garantir que o Choro continue vivo e pulsante nas novas gerações.
O legado de Pixinguinha
A escolha do dia 23 de abril para celebrar o Choro se deve, originalmente, ao suposto aniversário de Pixinguinha. Embora documentos mais recentes indiquem que o mestre tenha nascido em 4 de maio de 1897, a data oficial — instituída por lei em 2000 — permanece inalterada. Foi proposta por alunos da Escola de Choro Raphael Rabello e pelo bandolinista Hamilton de Holanda.
Autor de composições memoráveis como ‘Lamentos’ e ‘Carinhoso’, Pixinguinha foi criticado por alguns de seus contemporâneos por introduzir elementos do jazz às suas obras — mas hoje é reconhecido por sua inovação e genialidade.
Viva o Choro!
Para o Secretário de Cultura, Wanderley Peres, a noite em Teresópolis reafirmou a vitalidade do gênero: “O Choro segue mais vivo do que nunca. E é nas mãos de grupos como o ‘Amigos do Choro’ que essa tradição se mantém em movimento, dialogando com o passado e encantando o presente. Uma verdadeira aula de história e musicalidade, traduzida em acordes que falam direto ao coração.”
A noite especial em celebração ao Dia Nacional do Choro também foi destacada pelo subsecretário de Cultura, Arnaldo Almeida: “A comemoração do Dia Nacional do Choro foi uma noite especial! Com o teatro da Casa de Cultura lotado, fomos brindados com um show de raríssima qualidade! Agradecemos aos músicos do grupo ‘Amigos do Choro’ que nos proporcionaram uma viagem pelos grandes clássicos e também pelos novos compositores do gênero!”

