Luiz Bandeira
A Guarda Civil Municipal de Teresópolis tem se destacado cada vez mais pelo seu trabalho diversificado e integrado às forças de segurança do município. Com funções que vão desde a proteção do patrimônio público até a fiscalização de trânsito e apoio ao patrulhamento urbano, a corporação também vem chamando atenção por um diferencial: sua unidade K9, a companhia de cães de serviço.
Reconhecida pelo apoio a operações policiais, principalmente no combate ao tráfico de drogas, a K9 demonstra diariamente que seu papel vai muito além das apreensões. Os cães são treinados para desempenhar funções específicas de acordo com suas características genéticas e comportamentais, o que garante maior eficiência em diversas missões — inclusive em ações sociais. Durante visita ao canil da GCM, o Diário de Teresópolis conversou com agentes e adestradores e conheceu de perto o trabalho desses verdadeiros heróis de quatro patas.
Morgana, a cadela farejadora de vidas
Ao lado do GCM Rezende, conhecemos a K9 Morgana, treinada para busca e resgate de pessoas desaparecidas por meio do odor específico. “Coletamos o cheiro da pessoa em algum objeto pessoal e, com as informações da área onde ela foi vista pela última vez, iniciamos a busca”, explicou Rezende. A cadela já atuou em casos emblemáticos, como no Vale da Revolta, em que buscava por um senhor desaparecido — infelizmente encontrado já sem vida — e também no caso Anic Herdy, quando auxiliou as buscas da Polícia Civil em Guapimirim.
Quando a Morgana não encontra o corpo, ela “negativa” a área, confirmando que a pessoa não está no local. “Ela pode ser a diferença entre a vida e a morte numa operação de resgate”, afirmou o guarda.
Odin e a terapia com afeto
Outra vertente importante da K9 é o trabalho de cinoterapia, como explicou a GCM Da Graça, ao lado do seu parceiro Odin, um dócil Border Collie. “Ele atua em orfanatos e asilos, levando carinho e afeto. Os idosos se emocionam, relembram cães que tiveram no passado e muitos até não querem que a gente vá embora”, relatou emocionada. O impacto positivo é reconhecido por terapeutas. “Os profissionais relatam que os idosos se sentem mais acolhidos e emocionalmente estáveis após as visitas do Odin”, completou Da Graça.

Cron, o campeão da detecção
Já no segmento de detecção de drogas e armas, o destaque fica por conta do pastor holandês Cron, parceiro do GCM Passos. “Ele já participou de várias apreensões e foi premiado em primeiro lugar no torneio de detecção de entorpecentes em Barra Mansa”, contou o agente. Cron não está sozinho: outro cão da unidade, DJ, também da raça pastor holandês, já participou de inúmeras operações e é considerado referência. “Ao contrário do que muitos pensam, os cães não são viciados em drogas. Eles estão apenas procurando seu brinquedo favorito — a bolinha — associada ao cheiro do material”, explicou Passos.

Ronaldo Jacques e o nascimento da K9
O projeto da companhia K9 nasceu por iniciativa do policial civil e adestrador voluntário Ronaldo Jacques. “Tudo começou por volta de 2010, quando o GCM Lomba me procurou para treinar um cão. Em uma missão real, ele usou o animal e tivemos um ótimo resultado. A partir daí, surgiu o embrião da K9 de Teresópolis”, relembrou.
Para identificar se um cão tem perfil para o serviço, Jacques analisa critérios técnicos: “Impulso de caça, desejo de interação com o humano, persistência na brincadeira e ausência de medos são as principais características que buscamos”.
Hoje, ele se orgulha ao ver a equipe formada por seus ex-alunos. “A GCM de Teresópolis é, sem dúvida, uma das guardas mais ativas do estado no combate ao tráfico, ficando atrás apenas do Batalhão de Ação com Cães da PM em número de apreensões”, afirmou.

Uma unidade que vai além da segurança
A atuação da Guarda Municipal de Teresópolis, por meio da companhia K9, mostra que segurança pública pode caminhar lado a lado com empatia, cuidado social e profissionalismo. Seja farejando entorpecentes, salvando vidas ou levando afeto a quem precisa, os cães da GCM são símbolo de um serviço público que dá exemplo.
