Luiz Bandeira
Justiça entende que suposto envolvido no acidente de trânsito que vitimou o jovem motociclista Higor Tavares, não deve ser preso. As investigações da Polícia Civil embasam a denúncia do Ministério Publico, que pediu por duas vezes a prisão do motorista do Volkswagen Virtus prata que, segundo imagens de câmeras de segurança de um estabelecimento comercial, comprou garrafas de cerveja momentos antes do choque. Outras imagens, feitas segundos depois do acidente, mostram o homem se desfazendo das garrafas de bebidas alcoólicas. Neste mesmo momento, a vítima estava entre a vida e a morte, já que havia sido arremessado contra um poste, instalado no canteiro que divide as duas pistas da Avenida Alberto Torres. Importante frisar que a investigação da polícia não obteve nenhuma imagem que mostre os veículos colidindo. Uma moça, que estava na garupa da moto de Higor, foi socorrida com vida para o Hospital das Clínicas Constantino Otaviano e atualmente passa bem. O testemunho desta moça pode ser preponderante para condenar ou inocentar o acusado.
Independente da decisão proferida pelo juiz do caso, nenhuma delas vai amenizar a dor manifestada pelos familiares do rapaz de 19 anos que perdeu a vida de forma brutal, porém o entendimento dos pais de Higor é de que crimes dessa natureza não podem ficar impunes sob o risco de outras famílias sofrerem com a imprudência cometida constantemente no trânsito da nossa cidade.
Nesta segunda-feira, 26, cerca de cinquenta pessoas se concentraram entre as Avenidas Feliciano Sodré e Alberto Torres, nas proximidades da Casa & Vídeo, para manifestar indignação pela negação da justiça em acatar o pedido do Ministério Público pela prisão do suposto autor. Entre abraços e lágrimas, exatamente às 15:00 horas, as pessoas foram chegando, vestidas com uma camisa com a foto de Higor. Com faixas e cartazes, os manifestantes se posicionavam em frente aos semáforos. A Guarda Civil Municipal prestou apoio à manifestação controlando o tráfego e orientando a caminhada dos manifestantes.
Ruan Tavares, pai de Higuinho, justificou o que motiva a manifestação: “Queremos apenas a justiça, pelo que a gente sabe, ele não prestou socorro, ele se evadiu do local e em momento algum tentou se entregar pras autoridades para poder justificar o que aconteceu, não fez em nenhum momento. Só queremos a justiça, acreditamos na justiça brasileira, que ela faça o papel dela, que ele realmente pague à justiça o que ela determinar, mas até agora ele está solto. Esse protesto não é só pelo meu filho, é também para outras vítimas do trânsito, pois a gente não quer que outra família passe pelo que a gente está passando. Era aniversário do meu filho no dia 5 de agosto, no dia 10 era o meu e no dia 14 era dia dos pais, mas no dia 9 de julho ele teve a sua vida ceifada”, diz. O pai do rapaz afirma que o motorista envolvido comprava bebidas minutos antes, “As provas que a gente tem e que foram entregues a justiça, mostram que ele comprou cerveja”. Os pais de Higor Tavares são separados, porém a dor pela perda do filho querido os têm unido na luta por justiça. Cataline Bravo, mãe de Higor, entende que o motorista do carro cometeu crime ao não prestar socorro às vítimas: “A gente tem todas as filmagens dele comprando a bebida, ele parou em um estabelecimento comercial onde comprou bebida. Depois entrou no carro, parou no sinal, arrancou do sinal e tirou a vida do meu filho aqui. Ele não prestou socorro, a preocupação dele é o que deixa a gente mais indignado porque a gente tem a filmagem, a preocupação dele foi parar o carro um pouco mais acima, descartar as bebidas e ir embora. Ele viu o meu filho no chão e mesmo assim, de uma frieza total, foi descartar as bebidas”, revolta-se Cataline.
Os pais, familiares e amigos da jovem vítima não conseguem entender por que a prisão do acusado não foi efetuada. “Só se preocupou em sair do local, a gente não entende porque também a prisão preventiva não foi efetuada. Porque diante de tantas provas, por que não houve a prisão preventiva dele? Causa estranheza pra gente e agora a gente pede a justiça que ajude a gente”.
A tristeza dos pais de Higor Tavares a todo momento ficava evidente e por algumas vezes Cataline precisava ser amparada, mas fez questão de frisar: “A gente tem que reviver isso tudo de novo né? Se a justiça já tivesse sido feita a gente não estaria aqui, não estaria sofrendo isso tudo de novo, no mesmo local. É muito triste, além de você perder um filho, você ainda sentir essa sensação de impunidade, é muito triste”, pontuou a mãe de Higor Tavares.