Marcello Medeiros
Apesar da dedicação diária de funcionários de diversos setores responsáveis pelo Sistema Único de Saúde em todo o país, quem depende do SUS tem uma certeza: não sabe se irá conseguir ser atendido para resolver questões que podem estar implicando diretamente na sua qualidade de vida ou colocando em risco a existência dessa pessoa. Em Teresópolis, apesar de investimentos e avanços em alguns segmentos, muitos tipos de serviços médicos continuam inexistentes e os moradores do município precisam se deslocar para outras cidades, e às vezes até estados, para resolver questões sérias e que em muitas ocasiões acabam se agravando ainda mais por conta dessa demora no atendimento. E, não bastasse tamanho dilema, nos últimos meses familiares de pacientes de diversas especialidades têm reclamado a dificuldade de conseguir o transporte oferecido pela secretaria municipal de Saúde. Segundo apurado pela reportagem do Diário, a frota do setor tem aproximadamente 50 veículos e, desses, pelo menos 20% não está em circulação. Vans, ambulâncias e carros de passeio utilizados para conduzir teresopolitanos para unidades de saúde de diversos municípios estariam temporariamente inutilizados por falta de manutenção e peças de reposição.
Começamos a verificar essa demanda após receber algumas reclamações de pacientes e seus familiares, preocupados em perder atendimentos que foram agendados meses atrás porque a SMS não estaria oferecendo adequadamente o atendimento necessário ao contribuinte local. Um dos casos é o de um menino que há meses aguardava a realização de artrodiastase de joelho e tornozelo direito, a ser realizada no Hospital Estadual da Criança, em Vilar dos Teles, bairro do município de São João de Meriti, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Esta semana, ao receber a aguardada notícia do agendamento do procedimento cirúrgico, a família ficou muito feliz. Porém, logo a seguir, veio a preocupação. “Estávamos há um ano esperando a cirurgia. Na terça-feira ligaram confirmando e informando que seria ontem (quarta-feira) pela manhã. Quando deu 9h, ligaram para a mãe do meu filho dizendo que não tinha carro, que não fornecem pneus para viaturas, peças para repor essas viaturas, que estão oferecendo risco para pacientes e motoristas”, relata o pai, informando que “tiveram que se virar para leva-lo ao hospital” e que não sabe como irá fazer para voltar para Teresópolis. “Para festa, para um monte de coisa tem dinheiro”, frisou.
Outro caso que chegou ao nosso conhecimento é de um paciente renal, em situação semelhante. Ele aguardava há meses a realização de uma cirurgia e, ao chegar à secretaria municipal de Saúde, na Tijuca, no dia de embarcar para o hospital, recebeu a informação que o veículo que faria o transporte teria quebrado. Na ocasião, uma funcionária que faria parte do quadro diretivo do setor teria ficado indignada com a cena que estava presenciando e dito que “se fosse necessário, o levaria em seu carro particular”, conseguindo a seguir outra viatura para o transporte do teresopolitano para o Rio de Janeiro.
Viaturas paradas
Nesta quinta-feira, 13, a reportagem do Diário e Diário TV esteve na garagem da prefeitura no bairro do Vale do Paraíso, registrando viaturas com a identificação da secretaria de Saúde paradas. Algumas parecem estar nesse local há bastante tempo, aparentando estar caminhando para servirem como “doadoras de peças” e, depois que quase mais nada sobrar, serem destinadas para leilão público. Extraoficialmente, apuramos que, além de pelo menos duas aguardando peças no Vale do Paraíso, outras seis estariam na mesma situação na sede do setor, entre elas alguns do modelo VW Gol e vans de transporte de passageiros.
Também extraoficialmente, obtivemos a informação que tal manutenção estaria parada desde novembro do ano passado e que muitas das viaturas em circulação estariam sem condições, utilizando pneus em condições ruins e outros problemas. Cobramos um posicionamento oficial do governo Vinicius Claussen nesta quinta-feira, não obtendo nenhuma resposta até o fechamento desta edição. “Estamos em apuração. Tão logo recebamos resposta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), iremos enviar uma nota sobre”, informou a Assessoria de Comunicação.
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