Marcello Medeiros
Imagine você passar anos e anos pedindo ajuda, sem resposta. A voz parece não sair mais. Ou às vezes ela até sai, mesmo que rouca, mas quem deveria estender a mão não faz o mínimo de esforço para ouvir – assim como agia mesmo quando eram gritos. Essa é a situação de moradores do Parque do Ingá, em Teresópolis, que há muito tempo, desde prefeitos anteriores, vêm tentando que seja feita uma manutenção adequada no sistema de manilhas e pequenas galerias que atravessa o bairro, sem solução. No máximo, foram substituídas partes das redes danificadas. Hoje, nem isso tem sido feito. A cada nova tempestade, como a que ocorreu na última terça-feira, a situação só piora com o afundamento de vias e o risco de acidentes até fatais no trânsito. Imagine um motociclista sendo surpreendido por uma cratera, levando um tombo e sendo projetado contra um amontoado de paralelos. Esse é só um exemplo do que pode ocorrer enquanto o governo municipal continua se ausentando da responsabilidade de atualizar sistemas ultrapassados ou, no mínimo, manter em dia o que temos.
Duas ruas que são grandes exemplos da falta de ações do poder público municipal são a Dulcídio Gonçalves e Napoleão Bonaparte, que se encontram em determinado ponto e tem em comum mais do que uma esquina. Manilhas quebradas, grandes buracos abertos, desnivelamento grave da pista e até lamaçal onde deveria ser o calçamento somente em paralelepípedos. E esses problemas não são nenhuma novidade, como citado no início dessa reportagem. Entra prefeito e sai prefeito, nada muda. Sabe aquela frase de campanha “essa velha política está acabando com Teresópolis”? Pois é. Parece que o novo já nasceu velho por aqui.
“Cansamos de fazer reclamações aos secretários, de ligar para prefeitura, de fazer pedido pelo aplicativo, tudo que pedem para fazer. Ficamos meses com as ruas totalmente esburacadas, com manilhamento estragado, aí vem fazem um remendo meia boca e vão embora. Isso quando vem. Agora que estamos entrando no período chuvoso novamente, a preocupação é ficar sem o acesso por conta da inoperância de um governo que acha bonito fazer vídeo para TikTok, mas que ignora as verdadeiras demandas do teresopolitano”, relatou ao Diário uma moradora da Napoleão Bonaparte, via que nada lembra a importância do imperador Francês que escreveu seu nome na história desse país europeu… Aliás, se tivesse que passar por aqui com sua tropa, ele não sairia nada satisfeito e provavelmente declararia guerra ao inoperante governador responsável por tantos problemas.
Na manhã desta quarta-feira, 13, entramos em contato com a Assessoria de Comunicação do Governo Vinicius Claussen, para saber se há previsão de manutenção para o Parque do Ingá. Em nota, foi informado que “a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos informa que fará vistoria no local nesta quinta-feira”.
Muqui
Também recebemos um pedido de ajuda de morador da Rua Tabelião Luis Bessa, na Vila Muqui. Segundo ele, cerca de um mês atrás, e depois de semanas de solicitações feitas, equipe da secretaria de Serviços Públicos realizou a troca de uma manilha quebrada no início da via. Porém, os paralelos não foram recolocados e, para piorar, o sistema de escoamento da água da chuva já apresentou problema novamente, tendo tido início novo afundamento de pista. “Fica a preocupação, né. Quantos meses serão necessários para se trocar uma simples manilha?”, questiona o contribuinte.
A culpa é de quem?
Não só a secretaria de Obras e Serviços Públicos tem sido questionada, mas diversas outras pastas têm deixado a desejar em Teresópolis nos últimos meses. Mas será exclusivamente do titular a culpa? Informações que têm chegado à redação do Diário dão conta da total falta de estrutura que essas pessoas têm para manter o serviço em dia, diante do quase nenhum investimento feito pelo governo municipal. Vamos comparar essa situação com um famoso restaurante, onde o prato principal da casa é à base de queijo. Aí o Chef recebe o pedido, descobre que não tem o laticínio derivado de leite e reclama com o patrão, recebendo como resposta: “Faz com requeijão mesmo, é o que tem”. Logicamente o prato vai passar longe do satisfatório e fica a pergunta: a culpa é do Chef ou do dono do restaurante?