Wanderley Peres
Com a média de 1 paciente transferido por dia para municípios vizinhos pela falta de leitos UTI Covid na rede municipal, e ainda de 1 morte por semana e 1 caso novo de Covid-19 a cada 2 minutos, é grave a condição de Teresópolis no recrudescimento da pandemia do coronavirus com a variante ômicron. Já morreram 933 teresopolitanos [894 segundo a prefeitura] acumulando agora, entre segunda e quinta-feira desta semana, 24 a 27-01, o total de 2.767 novos casos positivos, positividade de quase 50% nos testes feitos. Na segunda-feira foram 477 confirmações; na terça 833; quarta-feira 757 e quinta-feira 700. Os números poderiam ser maiores ainda se todas as pessoas com sintomas buscassem fazer o exame junto à prefeitura, mas as condições de risco em que eles são feitos pela administração municipal, com aglomeração e demora, vem retraindo o público, e muitos que suspeitam estar com a doença tem preferido não se arriscar à certeza do contágio, alguns optando a fazer os testes nas farmácias e laboratórios, que cobram entre R$ 120 e R$ 150 pelo exame, feito com maior agilidade e segurança.
Diante do crescente número de casos de Covid-19 e da grita dos servidores pelo adiamento do retorno às aulas, o prefeito fez reunião do gabinete da pandemia nesta quinta-feira, 27, quando decidiu por novo protocolo de testagem em Teresópolis, adiamento do carnaval e eventos particulares, que seriam marcados para o feriado de 21 de abril, restando mantida no entanto a reabertura das escolas, confirmada para o dia 7 de fevereiro. Assim que acabou a reunião, Vinicius fez postagem em seu perfil pessoal do Facebook, pedindo que todos se vacinassem e implorou por empatia do povo com os servidores da saúde, “porque o número de profissionais de saúde afastados chega já a 30% do efetivo. Há postos de saúde com atendimento mínimo porque todos os profissionais estão afastados. Precisamos de um compromisso coletivo em manter o uso da máscara, do álcool em gel e em evitar as aglomerações para deter a contaminação”, anunciando ainda rigor na fiscalização do Decreto Covid em vigor e bastante flexibilizado, ou ignorado, pela administração.
Décimo oitavo município do estado em população, Teresópolis se mantém em quinto lugar no número de mortes por Covid, com 933 mortes, e média de 511 por 100 mil habitantes, mais que Petrópolis (506) e Nova Friburgo (460). Os números são do Painel Covid desta quinta-feira, 27, em sistemas.saude.rj.gov.br. Enquanto temos mais mortes registradas, somos o município da região com menos leitos, apenas 4 leitos de enfermaria e 5 UTI, o que tem levado o município a trasladar doentes para as cidades vizinhas, nos últimos dez dias, foram 10 pacientes, média de 1 por dia. Na difícil condição de verem seus familiares transferidos para outros municípios, sujeitando-se aos transtornos que o flagrante descaso representa, além dos moradores de Teresópolis estão os de Valença, Cachoeiras de Macacu, Três Rios, Rio das Ostras, Cardoso Moreira e, também, Nova Friburgo, que tem 10 leitos Covid, o dobro que Teresópolis, mas “insuficientes”, segundo a secretaria estadual de Saúde.
Dispararam os casos de Covid em Teresópolis. Por culpa da população, é claro, que ficou desleixada com os cuidados já sabidos para a necessária prevenção. Em vez de distanciamento social, festinhas e aglomerações. Com a máscara no queixo ou sem máscara porque já “está vacinado”. E, da higiene pessoal com as mãos, especialmente, só consegue cuidar quem carrega o frasco de álcool gel para a proteção pessoal porque agências bancárias e lojas comerciais não vem dispondo o precioso item de segurança contra a doença. A prefeitura não fiscaliza o rigor do decreto que emite, deixando o povo ao deus-dará a cura e, além de não sair em defesa da prevenção, quando faz o atendimento é pela metade, no improviso, na carência, fartando mesmo somente as firulas nas postagens de Facebook, onde a cidade de fantasia em que o prefeito vive e governa funciona como estivesse tudo uma maravilha. Tem vacina para crianças, só que não tem; não tem um decente atendimento infantil, os locais de testagem são uma aglomeração só e os leitos, que o governo dizia que tinha em quantidade irreal também não tem mais. Aliás, os leitos, agora, são 4 clínicos e 5 de UTI apenas porque contratos não foram providenciados.
Tem muitos casos de Covid, muito mais que em outras cidades, mas o número de internações não aumenta, como vem ocorrendo em outros municípios. Ou seja, informação coerente e verdadeira, transparente, a prefeitura também não tem. Por conta do descaso, bem diferente do tempo antigo, quando era referência de atendimento de saúde na região, Teresópolis está agora exportando doentes, ignorando o mau prefeito como ficam as famílias, com o coração nas mãos, tamanha agonia com a falta de notícias e outras dificuldades por conta desse humilhante traslado.