Estradas ruins e malconservadas, ônibus lotados, poucos horários nos finais de semana… Em Teresópolis, onde o que mais desagrada no transporte público, na cidade, são os constantes atrasos nos horários dos ônibus, o que não tem faltado é reclamação quanto ao transporte coletivo, também, para o interior do município, assunto tão importante que virou até promessa de eleição, como ocorreu anos atrás, com a promessa da passagem a 1 Real.
Para se ter uma ideia da importância do ônibus para o interior, e da necessidade de o tema entrar na pauta dos políticos, são cerca de 10 mil passageiros por dia para as localidades do Segundo e Terceiro Distritos, um total de 335 mil passageiros/mês nas linhas do interior, sendo que 45% destas passagens são gratuidades.
RECLAMAÇÕES
Se faltam horários de ônibus durante a semana, nos sábados e domingos, e nos feriados, a situação fica ainda pior, porque algumas linhas sofrem redução de horários. Quando chove, em dias de semana ou nos finais de semana, os ônibus também podem parar porque algumas estradas, de tão malconservadas ficam impróprias para veículos pesados. O DIÁRIO já publicou, também, as condições das pontes, muitas delas em mau estado de conservação e oferecendo perigos, e mesmo interrupção de linhas.
O problema do transporte para o interior é bem maior do que somente a tarifa ou a vã promessa de passagem gratuita de ônibus, como já se fez na campanha eleitoral. Quase metade de quem atualmente usa o serviço já não paga a passagem, que custa o mesmo valor da passagem urbana, R$ 5,30. Para ter uma ideia, um ônibus de Teresópolis para Guapimirim tem um trajeto de 25 km e uma tarifa de R$ 8,65. Já a linha Teresópolis – Água Quente, tem 51 km de distância, mais que o dobro, daria para vir de Guapimirim e voltar para ter a mesma distância, custando somente R$ 5,30.
Os percursos longos das linhas, juntos, somam mais de 220 mil km rodados por mês, o que representa um desgaste enorme para a frota. Em média são gastos por mês 75 mil litros de combustível, em uma conta rápida, só de combustível são mais de R$ 400 mil por mês de gasto com os ônibus nas linhas do interior. Se incluir valores de manutenção, peças, pagamento de pessoal, e toda uma estrutura por trás disso enorme e com custo muito alto.
A FROTA DO INTERIOR
Com a renúncia da Viação Teresópolis às linhas interurbanas que controlava, e a entrega do serviço à empresa que faz o transporte na cidade, a viação Dedo de Deus conta com 30 veículos, entre eles três reservas, para atender Três Córregos, Canoas, Andradas, Santa Rita, Providência, Vargem Grande, Vale Alpino, Brejal, Imbiú, Arrieiro, Serrinha, Venda Nova, Vila do Pião, Água Quente, Mottas, Vieira, Bon-sucesso e Cruzeiro.
O MESMO PREÇO
A iniciativa de igualar o preço das passagens de ônibus do interior ao da cidade é elogiável, mas a mudança não veio acompanhada de compensação, por parte do poder público, diluindo o custo da passagem do interior no preço a ser pago pelo passageiro da cidade.
Mesmo com 45% de gratuidade, muitas pessoas trabalham em Teresópolis e recebem o RioCard de suas empresas. Morar em Bonsucesso ou Água Quente não gera uma despesa maior para a empresa que contratar um morador do interior do município, como era antes, o que é bom.
APLICATIVOS
Enquanto no perímetro urbano o número de veículos por aplicativo aumenta a cada dia, tirando passageiros pagantes dos ônibus, para o interior, a demanda de passageiros pagantes continua estável, porque não há interesse no transporte por aplicativo. Para quem não pode esperar um ônibus, e escolher um moto taxi, para Água Quente, vai pagar R$ 39, e de carro a viagem custa R$ 62, conforme pesquisa do DIÁRIO na noite desta segunda-feira, 23, e ainda depende do motorista se interessar pela corrida, já que voltaria vazio, sendo pouco lucrativa a viagem.
NÃO TEM DINHEIRO
Esse ano, Teresópolis chegou a registrar uma greve de motoristas de ônibus após a Prefeitura de Teresópolis não repassar para a empresa o valor para compensar os gastos com gratuidades e a Viação não ter recursos para o aumento do salário da categoria. O prefeito Vinicius Claussen havia prometido usar o valor do novo estacionamento rotativo para ajudar com os custos das gratuidades de idosos. Além de não cumprir a promessa, sendo acionado na Justiça para cumprir o pagamento das passagens gratuitas, o governo também vem atrasando os pagamentos à empresa pelo serviço do transporte escolar, que só não foi suspenso porque a Justiça obrigou a Prefeitura a fazer acordo e pagar os atrasados.
