Anderson Duarte
Os mais antigos na cidade já sabem, com Tricano, todo cuidado é pouco. E quando vemos certas manobras promovidas pelo hábil político, essa premissa acaba sendo confirmada mesmo. Como no recente caso de pedido de isenção de IPTU em que o próprio e os seus seguidores e assessores ferrenhos tentaram promover uma das mais imorais ações maquinadas por homem público contra o interesse comum teresopolitano. Depois que O DIÁRIO mostrou a “cara de pau” da família em solicitar uma isenção de quase meio milhão de reais em impostos municipais, o grupo de comunicação comandado pela mesma família iniciou um processo de ataques e ilações contra quase todos os concorrentes do grupo na área da imprensa, acusando os mesmos de terem recebido dinheiro dos governos anteriores, esquecendo é claro que as mesmas empresas pertencentes ao seu vasto patrimônio também o recebiam na forma de publicidades. Tanto no episódio do IPTU, em que a Justiça mandou cancelar a farra da isenção, quanto nas denúncias infundadas sobre a verba de imprensa, o ardiloso político acabou se dando mal, sem contar que deve sair do cargo devendo muito ao município.
E a expressão “se deu mal” é bem pertinente no caso da denúncia contra a imprensa, já que uma manobra maquinada pelo grupo tricanista esperava ocultar os arquivos anteriores ao ano corrente em seu “Portal da Transparência” e assim evitar possíveis comparações entre os períodos. Segundo os limitados dados disponíveis, realmente as empresas do grupo de comunicação comandado pela família Tricano não receberam nada do governo, entretanto, nada antes de 2018 em termos de pagamentos realizados, empenhos dedicados e contratações feitas está disponível, como se a cada ano, uma nova história começasse do zero. O que sabemos não existe e consiste em crime contra o direito de informação do cidadão. Mas nossa reportagem possui algumas destas informações e mostra, em documentos, que no período de 2011 a 2013, por exemplo, tanto na gestão Jorge Mario, quanto Arlei Rosa, os “paladinos” da imprensa da Geração 2000, receberam da prefeitura pomposos pagamentos de sete mil reais por mês, com mais de cinquenta mil reais sendo empenhados como propaganda para o grupo.
Curioso foi ver que o ex-secretário e eterno “aspone” do político Mario Tricano, o radialista Raphael Teixeira defender a devolução de recursos, mas não lembrar da dívida justa do patrão com a antiga Casa de Saúde
Portal da transparência da Prefeitura de anos anteriores "sumiu" mas documentos comprovam que Tricano fornecia para os governos Arlei e Jorge Mario
Até aí nada demais, visto que é de propaganda que em sua maioria vivem os veículos de comunicação, e a prefeitura precisa publicizar os seus atos. Mas não é demais lembrar que junto ao grupo também estavam empresas de carro de som e blogs políticos e jornais de circulação duvidosa sediados em outros municípios, como Guapimirim, por exemplo. Aí sim repousam irregularidades insanáveis. Sem poder exercer o poder de fiscalização e acompanhamento daquilo que é gasto pelo município, a população segue suscetível as mentiras ventiladas pelos comunicadores do grupo comandado por Tricano e família, esses sim em sua maioria não só na lista de empenhos como também na folha de pagamentos do município. Assim, mostrando aquilo que não está mais disponível no canal que deveria prestar informações a população, aos poucos as pessoas começam a entender os reais motivos pelos quais os empregados do político estão tão empenhados em intimidar o Grupo Diário. O objetivo de uma propaganda institucional promovida pela prefeitura é alcançar o máximo da população possível e para isso a abrangência dos veículos contratados é fundamental.
Chega a ser quase irônico que tudo isso tenha começado justamente depois de uma colocação publicitária pouco feliz em que o governo Mario Tricano “puxava” a orelha de quem ainda não tinha pago todos os seus tributos municipais. No começo do ano, Tricano percorreu algumas ações nas ruas e registrou devidamente sua trajetória com algumas paradas estratégicas para gravar depoimentos, e em uma delas “convocou” a população a pagar o IPTU e outras eventuais dívidas com a municipalidade para que os investimentos em saúde, educação e outras áreas pudessem ser retomados. Caso fosse um prefeito convencional, até aí nada demais, já que é exatamente o que se espera de um Chefe do Executivo, mas não é o caso do político, que entre muitas outras irregularidades, também foi investigado pelo Ministério Público por tentar conseguir isenção de IPTU para propriedades de sua família.
Como mostramos amplamente, o Hotel Jecava teria sido liberado do pagamento de IPTU no período entre 2013 a 2017, num valor superior aos quatrocentos mil reais, que agora já volta a aparecer no sistema como débito
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Teresópolis, instaurou inquérito para apurar o possível ato de improbidade administrativa do prefeito Tricano. Segundo o órgão, houve renúncia ilegal de receita do IPTU devido com violação aos princípios da moralidade administrativa e da impessoalidade no processo. Como mostramos amplamente, o Hotel Jecava teria sido liberado do pagamento de IPTU no período entre 2013 a 2017, num valor de R$ 407 mil, que agora já volta a aparecer no sistema como débito. Ou seja, além de representar um retrocesso nestes anos em que ocupou o cargo de forma irregular fraudando o processo eleitoral, Tricano está prestes a deixar o cargo com outra dívida com os teresopolitanos, que não aquela moral, quase impagável hoje em dia.