Wanderley Peres
Um mês atrás, em sessão da Câmara Municipal, os vereadores deram publicidade a um arranjo que estaria sendo feito, com a participação da Prefeitura, para ser desapropriado um terreno no Golfe Clube para a construção de uma Estação de Tratamento de Esgotos pela concessionária do serviço de água e esgoto, Águas da Imperatriz. Antes disso, e já resolvida a insatisfação que provocou a decisão que todos sabiam já estar acertada, sem desmentir a possibilidade, que era real, o prefeito já havia se manifestado, dizendo ser uma inverdade. “Diversas áreas estão sendo estudadas pelo município e pela concessionária, e a decisão, além de técnica, buscará o menor impacto possível em nosso dia a dia. O resto é especulação”, disse o prefeito, garantindo que não haveria ainda essa definição.
Lembrando que o prefeito se gabava de contar com o apoio das associações de moradores, e das entidades de classe, de comércio e clubes, o vereador Rangel recordou que ninguém fez coro com a imprensa e a Câmara contra a venda da água e que o interesse da empresa de fazer ali a ETE, não é porque seria o local mais apropriado, porque não é, afinal se for feita mais para baixo, ficaria até melhor. “Mas o que é melhor para a cidade ou o serviço não importa para essa empresa, querem fazer ali porque é mais fácil, e fica mais barato, por conta da melhor topografia e melhor logística do terreno. Não vi o presidente do clube criticar o prefeito, mesmo depois de se ver prejudicado, criticou a empresa, aí é fácil”, disse Rangel, à época.
Depois de tentar construir a estação de tratamento de esgoto no aprazível Golf Clube, e impedido por
por ser área verde, e bonita, e porque provocaria enorme impacto visual e estético ao ambiente, e também por conta das reclamações dos empresários que tem interesses no local, isso é um fato, se sabe, agora, que a construção vai ser próxima à Cascata do Imbuí, onde já teria gente da empresa fazendo demarcação de terrenos para que a Prefeitura faça a desapropriação.
“Vai ficar na Cascata Imbui a ETE, na entrada da Cascata, depois da divisa com o Golf, porque na área do clube decidiram que não vão fazer mais, é o que estamos sabendo. A empresa já está fazendo a marcação do terreno, esperando apenas passar a eleição para fazer a estação, desta vez em locais que já foram interditados, como fomos informados. E não vão construir nesse lugar porque entendem que é o melhor local, mas porque é o local mais fácil e mais barato para a construção, e pouco importa o cheio ruim que vai vazar para os diversos vizinhos da área que é bastante habitada. Inclusive já estão sendo levantados os terrenos e casas para a desapropriação. Se a população ficar quieta, como ficou com a venda da água e deu no que deu, vai ser construída ali, perto das casas, e próximo a uma atração turística da cidade que é a Cascata do Imbuí”, alertou o vereador Marcos Rangel.
Aparteando o colega, o vereador Dr. Amorim apontou para o inexistente interesse público da suposta desapropriação, que envolve dinheiro do contribuinte, e que necessitaria de aprovo da Câmara para ser feita.
“De antemão, já se sabe que a empresa vai, através do executivo, desapropriar, bens de terceiros. Como pode o empresário se arvorar disso, se beneficiando de ações do governo municipal. Não pode usar dinheiro público para comprar terreno para dar para alguém, não pode desapropriar sem a Câmara autorizar. Isso já falamos outras vezes, porque rasgaram a nossa constituição municipal, porque as desapropriações têm que passar por esta Casa e o executivo faz o que quer, também, como também vem comprando pelo preço que bem entende. A Prefeitura vai comprar, é o que se fala, para entregar, de mão beijada para uma empresa que explora o povo que é dono do dinheiro que vai beneficiar a empresa milionária que não pagou ainda a primeira parcela da concessão, e já está recebendo benesses do governo. Temos que lutar, como puder, para que essas desapropriações passem pelo crivo do legislativo, como era antigamente”, conclamou os colegas o vereador Dr. Amorim, sem mais apartes.