Luiz Bandeira
Na última quarta-feira, 27, pais de alunos da rede pública estiveram na redação do jornal O Diário de Teresópolis e Diário TV para expor as dificuldades enfrentadas por seus filhos na ida a escola e volta para casa, por conta do aumento da demanda no transporte público. Ouvimos as queixas destes pais e buscamos as explicações da empresa responsável pelo serviço. A Gerente de Comunicação da Dedo de Deus/Primeiro de Março, Bianca Nóboa, relata que a empresa está sensível aos problemas enfrentados pelos usuários do transporte de passageiros e solidária ao clamor da sociedade por uma solução, mas é preciso discutir melhor o tema. Um dos pontos levantados pelas mães que estiveram na redação foi que a Secretaria Estadual de Educação teria repassado o valor referente à gratuidade no transporte através do sistema Riocard. Porém, a empresa diz que no período anterior a pandemia ônibus extras eram alocados para atender especialmente os estudantes, por liberalidade da VDDL/1º de Março, visto que, segundo ela, na verdade não há repasse de verba para o transporte dos estudantes da rede estadual desde 2016. A empresa também se queixa por ser atingida pela crise a qual passa o setor de transportes no país, agravada pela pandemia, que reduziu a demanda de passageiros pagantes muito abaixo do ponto de equilíbrio do sistema. A pressão inflacionária sobre os insumos é também um tema que, evidentemente, afeta o sistema de transportes. Tudo isso obrigou a empresa a redimensionar seu quadro de funcionários, mas segundo Bianca Nóboa, todas as linhas que atendem o município foram mantidas e a empresa ainda absorveu as linhas do interior, que eram de responsabilidade da empresa Viação Teresópolis.
A Gerente de Comunicação Bianca Nóboa relata que desde 2016 o governo não repassa subsídio para gratuidade de estudantes
Questionamos a representante da empresa sobre ações para minimizar os impactos no sistema com a volta dos alunos da rede pública de ensino. Ela nos respondeu que a Dedo de Deus e a Primeiro de Março estão empenhadas para reverter esse quadro, agindo em reestruturação de todos os processos internos, adequando os custos à nova realidade. A representante disse ainda que apresentaram proposta ao poder público com a intenção de otimizar e garantir a continuidade do sistema e reclama da falta de notificação prévia por parte do estado na retomada das aulas, o que impossibilitou a montagem de uma estratégia para atender a demanda crescente, acrescentando que tal estratégia deveria ter sido construída em conjunto, pelo Governo, sociedade e empresa.
O escalonamento dos horários de entrada e saída dos alunos é apresentado pela representante da empresa como possível solução para minimizar os transtornos potencializados por se darem justamente no momento em que há um maior fluxo de veículos nas ruas e trabalhadores no transporte público.
Ruim para todos
Também no seu posicionamento, a Dedo de Deus/Primeiro de Março diz entender que os maiores prejudicados nesta falta de diálogo, foram, em primeira análise, as crianças e adolescentes que fazem uso do sistema de transporte urbano e também usuários habituais deste modal, colocando-se a disposição dos pais, da sociedade e dos entes públicos para desenvolver uma saída que seja eficaz para todos.
Também foi citado que a empresa presta bons serviços à população nestes últimos 61 anos e que “mesmo diante da crise não cogita a possibilidade de parar suas atividades um dia sequer, mesmo que os últimos 18 meses tenham sido cruéis para sua saúde financeira”.
BIBI
ÔNIBUS/TRÂNSITO