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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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Vinte anos sem Mozart Catão e Alexandre Oliveira

Neste sábado 3, faz vinte anos que Teresópolis perdeu dois grandes alpinistas: Mozart Catão, então com 35 anos, e Alexandre Oliveira, de 24. Junto com Othon Leonardos, 23, eles tentavam escalar a face sul do Aconcágua (com 6.962 metros de altitude) quando foram arrastados por uma avalanche, estando os corpos até hoje na Cordilheira dos Andes. Citado três vezes no Guinness Book, o livro dos recordes, Catão era considerado um dos melhores do Brasil no esporte. Oliveira tinha dez anos de escalada e se destacava na rocha e em alta montanha, devido à sua excelente capacidade de aclimatação.

Marcello Medeiros

Neste sábado 3, faz vinte anos que Teresópolis perdeu dois grandes alpinistas: Mozart Catão, então com 35 anos, e Alexandre Oliveira, de 24. Junto com Othon Leonardos, 23, eles tentavam escalar a face sul do Aconcágua (com 6.962 metros de altitude) quando foram arrastados por uma avalanche, estando os corpos até hoje na Cordilheira dos Andes. Citado três vezes no Guinness Book, o livro dos recordes, Catão era considerado um dos melhores do Brasil no esporte. Oliveira tinha dez anos de escalada e se destacava na rocha e em alta montanha, devido à sua excelente capacidade de aclimatação. 
A terceira vítima da avalanche, Othon Leonardos morava em Brasília, mas tinha forte ligação com Teresópolis. Sua família possuía casa na localidade de Montanhas, onde ele abriu vias de escalada junto com Mozart e outros teresopolitanos. A tragédia no Aconcágua aconteceu seis dias depois deles terem saído do acampamento base, sendo dois já de espera pela melhora no tempo. Cinco anos após a morte dos alpinistas, foi lançado o livro "Montanha em Fúria", do jornalista Marcus Vinicius Gasques, que conversou com dois sobreviventes, amigos e parentes de Catão e alpinistas renomados. Além das entrevistas, Marcus teve acesso a uma fita de vídeo gravada durante a expedição.
No ano em que o livro foi publicado, a revista Época fez reportagem sobre o assunto. Segundo a matéria, intitulada “Drama no Aconcágua”, o erro da expedição foi insistir em chegar ao topo pela rampa Messner, um corredor de 600 metros, local seguro quando o tempo está firme, mas exposto a avalanches durante nevascas. A outra possibilidade é a via francesa, menos perigosa, porém mais longa. Pela Messner, é possível atingir o cume em três dias de escalada. Pelo caminho convencional, levam-se quatro ou cinco. Naquele ano, as condições metereológicas andavam instáveis devido ao fenômeno El Niño. Os brasileiros optaram pela rota mais curta. Como agravante, tinham comida para apenas quatro dias. Caso não chegassem logo, seriam obrigados a desistir", diz o texto.

Destaque no Guinness
Em 1976, aos 14 anos, Mozart ingressou no Centro Excursionista Serra dos Órgãos – de Teresópolis, e a partir dali começou uma trajetória que o levaria a escalar os maiores e mais difíceis picos do mundo, tanto em expedições como em investidas solitárias, seguindo a melhor tradição dos grandes aventureiros.
Vencendo a Face Sul, Mozart Catão esperava teria sua quarta inscrição no Guinness Book, o livro dos recordes, igualando-se a Pelé. Catão conseguiu no Guinness Book as citações: Recorde na ascensão do monte Kilimandjaro, em 17 horas e meia; recorde de ciclismo em altitude, ao pedalar uma mountain bike no topo do monte Aconcágua, e primeiro brasileiro a conquistar a conquistar o monte Everest, o topo do mundo.
Aos 35 anos, Catão já havia conquistado sete dos oito picos que pretendia escalar para cumprir a meta de atingir o ponto mais alto de cada continente. A mais dura conquista foi o Mont Blanc, o ponto mais alto da Europa Ocidental, com 4.807m, que Catão escalou sozinho. No trecho final, ficou pendurado no paredão, com um precipício sob seus pés. 

Alexandre em ascensão
Aos 25 anos, Alexandre Oliveira era especialista em equipamentos para montanhismo. Praticava alpinismo desde 1988, era referência na cidade e se destacava a nível nacional, não só em rocha, como em alta montanha, devido à sua excelente capacidade de aclimatação. Foi campeão em diversas competições de mountain bike e realizou escaladas nas mais diferentes regiões do Brasil, Argentina e Estados Unidos.
Em 2004, a Praça de Esportes Radicais recebeu o nome de Alexandre, assim como mirante no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no final da trilha batizada com o nome do amigo morto no Aconcágua. Em exposição no Museu do Esporte, no Pedrão, e na sede do Parna-SO, foram mostrados materiais utilizados ou criados pelos dois.

Na lembrança dos 10 anos da tragédia do Aconcágua, o Centro Excursionista Teresopolitano colocou placa no Parque Imbui com o nome de Mozart Catão, e deu a Alexandre o nome de uma via, o Ice Wall. O CET, aliás, foi fundado meses depois do acidente, em agosto de 1998, por amigos dos dois teresopolitanos, com a intenção de colocar em prática a idéia de Catão de criar uma entidade para fortalecer o esporte na cidade. “Buscando manter viva a memória e os feitos daquele grande montanhista, o CET presta uma singela homenagem, batizando com seu nome o campo escola localizado no Parque do Imbuí, parede que teve sua primeira via aberta por ele e hoje é um dos mais importantes points de escaladas da cidade”, explicou Alexandre Formiga, Vice-Presidente do clube. Foi feito um “up-grade” na via de Mozart, com direito a uma variante saindo de outra conquista naquela parede, a ser batizada em homenagem a Alexandre.

 

Placa no Caminho do Aconcágua, em homenagem aos brasileiros

Dois meses antes da tragédia do Aconcágua, em dezembro de 1997 os alpinistas Mozart Catão, Dalio Zappin, Ronaldo Franzen e Othon Leonardos fizeram essa magnífica pose para a revista Manchete no Dedo de Deus. Mozart e Othon, e também Alexandre de Oliveira, morreriam dois meses depois, em 3 de fevereiro de 1998, vítimas de uma avalanche de neve no Aconcágua.
Ícones do montanhismo nacional, os teresopolitanos Mozart e Alexandre viraram nome de via de caminhada no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Mozart Catão dá nome à trilha e Alexandre Oliveira ao mirante que pode ser acessado na estrada da Barragem, num percurso de menos de dois quilômetros, e além de outras homenagens, em memória dos montanhistas brasileiros foi colocada uma placa no caminho do Aconcágua, na Argentina.

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Edição 23/11/2024
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