Marcello Medeiros
A expectativa era que fosse lido, discutido e votado na sessão desta terça-feira (14) da Câmara Municipal o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada para apurar denúncias de supostos desvios e esquemas envolvendo na área de saúde em Teresópolis durante a gestão Tricano. Porém, o recém-empossado vereador Marco Aurélio Buco-Maxilo (PHS) fez pedido de vista do processo. O motivo alegado é que, como parte da comissão da Casa nessa área, ele precisaria analisar os documentos obtidos durante a investigação. Esta foi a segunda sessão que Marco Aurélio participou. Ele substituiu José Carlos da Estufa – que por sua vez era o primeiro suplente de Ronny Carreiro – que pediu afastamento para voltar ao cargo de secretário municipal de Agricultura no governo Vinícius Claussen.
“É legítimo o pedido de vista do Vereador. Importante frisar que a CPI já está concluída e apenas aguardando pauta para votar relatório para encaminhar depois ao Ministério Público, Polícia Federal, enfim, aos órgãos competentes para que medidas cabíveis sejam tomadas. Conseguimos identificar diversas irregularidades durante a gestão da saúde da nossa cidade pela ABBC, OSs que tinha contrato milionário com o município para administrar a UPA. Com o pedido de vista vamos aguardar para leitura, discussão e votação que vai acontecer na próxima terça-feira. Nesse pedido de vistas o vereador pode ficar com processo três dias, então na próxima semana já estaremos discutindo, votando e encaminhando para os órgãos competentes tomarem as medidas necessárias”, relata o Presidente da CPI, vereador Maurício Lopes.
Ainda segundo ele, em um momento que se discute bastante a situação da saúde do município, que carece de investimentos em diversos setores, o desenrolar do processo que apura supostas irregularidades no governo mantido por força de liminar por mais de dois anos é extremamente importante. “Conseguimos constatar que eles sangraram literalmente a saúde da nossa cidade. Acredito que esses documentos na mão do Ministério Público Estadual, Ministério Público Estadual, Polícia Federal, vão ajudar a aprofundar as investigações”, destacou.
Questões trabalhistas
Ainda dentro da preocupante situação, na próxima quarta-feira, dia 22, às 19h, a Câmara Municipal realiza audiência pública com os servidores públicos lotados na saúde e contratados diretamente pelo município após a saída da ABBC da gestão da UPA e Postos de Saúde da Família. O tema será os valores dos salários pagos para a categoria, que estariam bem abaixo dos pisos previstos. “”Quero ouvir os profissionais da cidade e contar com a participação do atual prefeito, do atual secretario de saúde, para chegarmos ao denominador comum. Sabemos que é dramática a situação dos servidores, que tem contrato direto com a prefeitura com salário abaixo da categoria. É necessário ter diálogo com o chefe do executivo para que se evite esvaziamento desses profissionais da cidade. Isso pode acontecer. Eles podem receber propostas de trabalho, podem surgir com salário melhor e profissionais irem embora nossa cidade. Temos que evitar um mal maior em nossa saúde. A proposta dessa audiência é ouvir os trabalhadores e o governo e evitar até uma paralisação da saúde no município”, pontuou Maurício.
Saúde em discussão
O tema tem sido recorrente nas sessões ordinárias do Legislativo. Na semana anterior, o vereador Alessandro Cahet solicitou ao executivo municipal a viabilidade de estudar junto a secretaria municipal de Saúde a implantação de um posto para exames complementares (coleta de sangue, fezes e urina) e raio-x no SPA Dr. Eitel Abdallah, conhecido como "Tiro D´Or", no bairro de São Pedro. O objetivo é desafogar o grande número de ocorrências na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e outros setores do município. Também tem sido falado bastante em relação ao retorno do serviço de pronto socorro para o Hospital das Clínicas Costantino Otaviano, administrado pela Fundação Serra dos Órgãos (FESO). Alguns vereadores lembraram que o atendimento funcionava melhor no HCT e que, quando havia alguma ocorrência mais grave, o paciente imediatamente já era transferido para setor especializado. Hoje, a pessoa costuma ficar dias na UPA aguardando vaga e transferência.