Como é sabido, os meses de novembro e dezembro são de grande volume de chuvas em Teresópolis, com muitos anos de registros precipitação intensa durante todo esse período, com o transbordamento de cursos d´água e escorregamentos de encostas nas comunidades mais propícias a esse tipo de situação. Para tentar minimizar os problemas da grande elevação dos rios, geralmente os locais de passagem da água das chuvas são limpos nos meses que antecedem o período de chuva. Dessa vez, porém, o governo estadual, em parceria com prefeitura de Teresópolis, parece não ter se atentando para os riscos: Com bastante atraso, o programa “Limpa Rio” foi anunciado há cerca de três semanas, com a presença do Governador Wilson Witzel e a promessa que seriam desobstruídos o Paquequer, Príncipe (Que nasce em Campo Grande e deságua na Cascata do Imbuí), Córrego Imbuí (Caleme) e São José (Bonsucesso). Porém, apesar da indicação que as máquinas estariam trabalhando a partir do último dia 21, até o momento nada aconteceu. Através da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, a Secretaria de Meio Ambiente informou que, “devido a questões administrativas do Inea, as ações do programa Limpa Rio serão iniciadas em Teresópolis nos próximos dias”. Logo em seguida, cobramos um posicionamento do órgão estadual sobre o assunto, recebendo uma resposta um pouco diferente. “O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informa que os trabalhos do Programa Limpa Rio foram iniciados na segunda-feira, 21, conforme cronograma, com serviços de batimetria, que medem o nível de assoreamento do canal”. Porém, nenhum funcionário foi visto realizando tal serviço e, mesmo empiricamente, se sabe que não é possível aprofundar tanto tal retirada de material de assoreamento por conta das construções permitidas praticamente dentro dos cursos d´água nas últimas décadas.
Quando o início de tal programa foi anunciado, O DIÁRIO alertou que tal limpeza é aguardada há anos e também que o problema é muito maior do que apenas os locais citados pelos políticos. Além de não informar quais trechos do Paquequer serão contemplados, por exemplo, moradores de bairros como Meudon e Ermitage, que todos os anos sofrem com transbordamentos de cursos d´água, se sentiram desprestigiados mais uma vez. Além disso, mesmo para os locais beneficiados ainda há dúvidas sobre o serviço que será realizado. Na semana passada, moradores da região da Cascata do Imbuí e Posse entraram em contato com a redação para tentar mais informações sobre o “Limpa Rio” e lembrar que não podem ser visitados apenas alguns trechos. “O anseio local é que o desassoreamento ocorra em toda a extensão do córrego, até o desabamento na cascata. A situação está terrível. Há uma floresta em todo o leito”, destacou o aposentado Cesar Fernandes, vizinho do rio Príncipe. Em 12 de Janeiro de 2011, tal curso d´água tomou proporções nunca vistas e causou a morte de dezenas de pessoas. Meses depois, questionáveis obras foram realizadas pelo Inea, que canalizou o rio em vários pontos, serviço que hoje impede o acesso de uma retroescavadeira, por exemplo.
"São quase 100 km de curso de água que iremos recuperar para evitar enchentes e tragédias, como as de 2011. O Programa Limpa Rio é importante, porque são mais de 40 milhões de investimento, que devem ser destinados à área ambiental. Portanto, é fundamental para as cidades de Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo", disse o governador Wilson Witzel. Na Região Serrana, além dos rios de Teresópolis, Piabanha e Quitandinha, em Petrópolis; e o Córrego Dantas, em Nova Friburgo, serão beneficiados com os serviços, que representam R$ 4,4 milhões do programa para as localidades. A estimativa é de que a população beneficiada diretamente seja de cerca de 300 mil pessoas.