Débora Brito – Repórter da Agência Brasil Brasília
Às seis da manhã, Natasha Conceição de Souza, 17 anos, já estava na estrada rumo a Brasília, onde vai fazer pela primeira vez a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A jovem mora em Santa Helena de Goiás, distante cerca de 112 km da capital, e saiu cedo com o pai, de moto, para evitar imprevistos. O horário de abertura dos portões é às 12h (horário de Brasília). Às 13h, os portões serão fechados.
Natasha afirma que seu sonho é fazer enfermagem. Ela conta que estudou muito e está nervosa com a prova. “Eu estava com medo de perder a prova, porque eu nunca fiz. Estou com medo do meu nervosismo me atrapalhar.”
Na véspera, passou o dia estudando, fazendo um simulado dos conteúdos e treinando redação. Preocupado, o pai, Hércules de Souza Silva, acompanha a jovem. “Meu conselho é foco, tentar conter a ansiedade e fazer o que ela gosta de fazer, que é estudar. Eu digo a ela, “filha, estuda para ter uma carreira, porque a gente sem escolaridade é difícil. Estuda para arrumar um trabalho e não depender de ninguém”, completa o pai que é lavrador.
A estudante diz que o horário de verão não atrapalhou, porque já está acostumada a acordar cedo, por morar na área rural. Mesmo ansiosa, Natasha está confiante de que pode se sair bem. “Eu espero tirar uma nota boa para conseguir uma bolsa para entrar na faculdade. É meu sonho, me dar bem na prova, porque eu estudei bastante para isso”, diz a jovem.
Horário especial
No dia da primeira etapa do Enem, outros estudantes chegaram bem antes do horário de abertura dos portões para garantir a realização da prova. Na capital do país, vários inscritos, principalmente os que moram em áreas mais distantes do centro, chegaram bem cedo, por volta de 8h30.
Como o horário de verão teve início na madrugada de hoje, o país está com quatro fusos horários diferentes. Os estudantes das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul tiveram que adiantar o relógio em uma hora e os participantes das regiões Norte e Nordeste terão que seguir o horário de Brasília.
Lorena da Silva Gomes, 17 anos, foi a primeira a chegar em seu local de prova. Moradora de Águas Lindas, município goiano no Entorno do Distrito Federal, Lorena saiu de casa por volta das 7h, ao lado da mãe. “A gente não sabia que horas ia passar o ônibus, se ia ter engarrafamento, então chegamos mais cedo”, destaca Lorena.
A estudante quer estudar direito e conta que não fez nada de especial para controlar a ansiedade. Estudante do 2º ano do ensino médio, Lorena afirma que a prova deste ano é apenas um teste.
Descontração
No local onde Natasha e Lorena vão fazer prova, a administração montou pela primeira vez um espaço de descontração para que os estudantes pudessem relaxar antes da aplicação do exame. Na área de relaxamento, os jovens puderam aproveitar os momentos finais da abertura dos portões deitados em pufes, redes, jogando videogame, brincado com o tradicional “totó” ou pebolim e ouvindo música.
Quem curtiu bastante o espaço foi Brenda da Silva Souza, 19 anos. Deitada em um dos puffes, Brenda conta que é a primeira vez que vai fazer a prova do Enem. Ela chegou ao local de prova às 9h para evitar imprevistos e disse que não foi problema acordar cedo com o horário de verão. “A expectativa grande, espero que eu tenha uma nota alta e consiga fazer faculdade. Quero fazer psicologia”.
Ao lado da mãe, elogiou a iniciativa de criar o espaço de descontração. “Estou achando bem relaxante, está ajudando porque a gente fica muito ansioso. A gente pode curtir uma música aqui, está bem tranquilo o clima”, disse.
Enquanto aguarda a abertura dos portões, a jovem ainda ouve conselhos da mãe. “Pedi para ela não ficar muito ansiosa, confiar no que estudou. E essa música está ajudando a relaxar, né”, diz a mãe Rosângela de Souza.
Igor Miqueias Oliveira, 18 anos, também aprovou as atividades de relaxamento. O jovem mora na Cidade Ocidental (GO) e chegou por volta das 10h30, sem acompanhante.
É a segunda vez que faz a prova, como já conhece o esquema, está mais tranquilo. Mesmo assim, aproveitou o espaço de descontração. “Legal, está ajudando a relaxar. Ontem, joguei videogame, não estudei, me ajudou, estou mais relaxado. Acho que vou bem na prova”, diz Igor que pretende fazer o curso de direito.
São Paulo
Por ter acompanhado os casos de desespero de estudantes que em provas anteriores perderam a chance de participar por chegarem até um minuto depois de encerrado o horário para o fechamento dos portões, a estudante do ensino médio Vanessa Silva, de 17 anos, se antecipou para evitar contratempos. Ela chegou acompanhada de seu pai meia hora antes da abertura do local. “Estou muito ansiosa, mas estudei bastante e acho que estou preparada”, disse, acrescentando que pela primeira vez se submete ao teste com a pretensão de fazer, no ano que vem, um curso para comissária de bordo.
Já o estudante Lucas Mendes, de 17 anos, que faz o ensino médio, disse que veio para treinar e, no próximo ano, quer enfrentar novamente o desafio do Enem para ingressar em uma faculdade de ponta para o curso de sistema de informação. Ele chegou ao local pontualmente às 12h.
Logo após desejar boa sorte à filha Nauana Rodrigues, de 18 anos, que entrou apressada assim que os portões abriram, Vanessa Rodrigues, de 40 anos, contou que a garota espera por uma boa pontuação, já que estudou muito, desejando cursar biomedicina na Universidade de São Paulo (USP).