Marcello Medeiros
No início da semana publicamos em nossa página na rede social Facebook um flagrante dos agentes da Guarda Municipal rebocando um veículo estacionado irregularmente no início da Delfim Moreira. Na postagem, muitos elogios à medida e também um pedido de fiscalização a uma situação que, se não é irregular, pelo menos incomoda muita gente: A utilização de vias públicas como agências para venda de automóveis. Naquela avenida e outras ruas próximas, é comum encontrar dezenas de veículos com os mesmos números de telefone e identificação sobre ano e modelo, assim como nas lojas voltadas para esse serviço, automóveis que ficam semanas – e alguns até meses – parados no mesmo lugar aguardando um novo proprietário. Questionada, a Prefeitura informou que no momento, sem a cobrança de estacionamento, como acontecia na época do Promaj ou Pare Legal, não pode fazer nenhum tipo de fiscalização nesse sentido. Porém, anunciou uma medida que está em estudo e que pode evitar esse tipo de negócio e ainda contribuir com os muitos lojistas que mantém suas portas abertas na região central do município: A efetivação de um rotativo que não permita estacionamento por um longo período, aumentando a liberação de vagas e garantindo espaço para quem precise fazer compras em determinada loja, por exemplo. Tal esquema já é utilizado em diversas cidades turísticas, algumas que Teresópolis tenta se espelhar, como Gramado, por exemplo.
De acordo com a nota encaminhada à redação do jornal O DIÁRIO e DIÁRIO TV pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura “a Gestão Municipal estuda a implantação do estacionamento rotativo, com tempo máximo de permanência em algumas vias, para permitir que as vagas sejam utilizadas por um número maior de cidadãos. Essa é uma das alternativas para aumentar as vagas disponíveis para a população”.
Em cidades vizinhas, como Petrópolis, por exemplo, não é possível estacionar em vias públicas sem contribuir com a arrecadação municipal. Na terra de Pedro é utilizado o sistema de parquímetros, além de existirem funcionários fiscalizando a manutenção da tarifa exigida para utilizar as ruas. Dentro desse sistema, existe um tópico que pode ser copiado para Teresópolis, nessa suposta nova modalidade de cobrança de rotativo: Quem estiver fazendo compras no comércio local e apresentar as notas fiscais referentes tem grande desconto na hora de quitar o estacionamento, bastando procurar o fiscal para estornar a tarifa depositada no parquímetro.
Quase 100 mil veículos registrados
Teresópolis perdeu seu jeitinho de cidade de interior faz tempo. Há vários motivos que justificam tal afirmativa, sendo o trânsito um dos principais deles. Em diversos horários do dia, é preciso ter paciência para atravessar a região central do município ou bairros como Barra do Imbuí e São Pedro. Analisando dados fornecidos pelo Departamento Estadual de Trânsito é fácil compreender tal problema. Até agosto passado já haviam sido registrados aqui 99.563 veículos, ou seja, contabilizando aqueles emplacados em outros municípios, esse número passa facilmente de 100 mil. Em outra vertente dessa história, é importante destacar que, mesmo com a ampliação da frota, que ganha cerca de três mil novos registros por ano, as ruas são as mesmas de 50 anos atrás. São muitos veículos para estreitas e disputadas vias.
6.988 multas em oito meses
Dados do Departamento Estadual de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro mostram que, entre janeiro e agosto deste ano, a Guarda Civil Municipal aplicou 6.988 multas em Teresópolis, uma média de quase 30 notificações por dia. De acordo com o setor de estatísticas do Detran, o mês com maior número de penalizações aos que insistem em desrespeitar o Código Brasileiro de Trânsito foi março, com 1.270 multas aplicadas. Abril também teve um número alto, 1.171. Mesmo com a melhoria na necessária fiscalização, diante da grande quantidade de motoristas que “acha normal” desrespeitar o próximo – parando em fila dupla, por exemplo, Nova Friburgo e Petrópolis continuam na frente nesse quesito. No primeiro município, foram 7.424 no mesmo período. No segundo, 16.374 multas emitidas nos primeiro oito meses do ano.
A situação se reflete ao ano passado quando comparamos os três principais municípios da Região Serrana. Porém, em 2017 a situação era muito pior em Teresópolis. Com um governo municipal sem a mínima preocupação em investir no setor, a secretaria de Segurança, responsável pela GCM, tinha como secretário um cabo eleitoral do prefeito. Além disso, o próprio gestor do município, depois que teria sido multado por ser flagrado dirigindo sua caminhonete sem o cinto de segurança, teria ordenado que os agentes de trânsito tivessem os talões de multa recolhidos. Como resultado, um caos ainda maior nas ruas, avenidas e calçadas. Em todo o ano passado, foram aplicadas apenas 4.276 multas. Em Petrópolis foram 23.973.