Nielmar de Oliveira – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A assessoria de imprensa do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caixas, confirmou a morte, na noite de ontem (21), da costureira Vânia Silva Tiburcio, de 37 anos.
Ela teve inicialmente morte cerebral decretada durante a tarde, mas agora, com o óbito confirmado, o corpo deverá seguir para o Instituto Médico Legal (IML), de Duque de Caxias, no estado do Rio.
Vânia foi baleada na noite da última segunda-feira por policiais militares, em Gramacho, também na Baixada, quando o Volkswagen Up em que ela e o marido estavam foi parado em uma blitz e um dos PMs disparou contra o veículo alegando que o carro – que constava nos registros da polícia como tendo sido roubado – tentou furar o bloqueio, o que é contestado pelo marido da costureira, Carlos Alberto Lopes Júnior.
Ele alegou em depoimento à Polícia Civil que o policial atirou contra o carro em que estavam, mesmo tendo respeitado a ordem de parar e que o veículo teria dado um tranco a partir do momento em que ele se assustou com o disparo e que seu pé escorregou da embreagem.
Roubado em abril, o carro em que estava o casal foi recuperado no mesmo mês, mas Carlos Alberto sustenta que iria somente nesta terça-feira ao Departamento de Trânsito para legalizar o veículo, atribuindo o atraso à falta de dinheiro para o pagamento das taxas necessárias.
Carlos Alberto argumenta que o PM responsável pelo disparo pediu desculpas por várias vezes ainda no hospital.
Segundo o delegado Daniel Rosa, da Delegacia de Homicídios, o policial militar responsável pelo disparo que tirou a vida de Vânia vai responder em liberdade pelo crime de homicídio doloso.
A identidade do PM autor dos disparos não foi informada.
PM divulga nota
Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro informa que a Corregedoria da Corporação acompanha o inquérito instaurado pela Polícia Civil, assim como abriu procedimento interno para apurar as circunstâncias em que a costureira foi baleada durante uma blitz.
“De acordo as primeiras informações obtidas em depoimentos na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, o veículo VW UP placa KQR-9943, conduzido pelo marido da vítima, constava como roubado desde abril e, possivelmente por esse fato, não obedeceu a ordem de parar e tentou fugir da equipe”, diz o comunicado.
A nota afirma que “o veículo foi perseguido e interceptado por outras viaturas em seguida num sinal luminoso. O motorista desembarcou com o veículo ligado e engrenado. O carro, em movimento, quase atropelou um dos policiais, induzindo a guarnição a achar que se tratava de uma tentativa de fuga ao bloqueio por supostos outros ocupantes. Foi quando houve o disparo”.
“Os policiais que participavam da blitz cursaram recentemente Estágio de Aplicações Táticas, aprimoramento técnico ministrado pelo Comando de Operações Especiais da Polícia Militar. Portanto, estavam capacitados para cumprir missões em blitz, mesmo em condições adversas”, finaliza a nota.