Utilizando as imagens de satélite da Google ainda hoje é possível ver melhor o estrago causado pelo temporal do dia 12 de janeiro de 2011 em Teresópolis, que, mais do que marcas nas florestas e locais onde havia dezenas de imóveis, deixou muita tristeza. De cima e com os dados da grande empresa, atualmente podemos fazer um comparativo de imagens de antes e depois. Mas é de baixo, de perto, que vemos que essa e outras localidades próximas ainda têm muita vida. Para mostrar que não devemos deixar de olhar para essa região, nada melhor que fazer uma caminhada da Posse até Santa Rita, admirando de perto toda a potencialidade, inclusive turística, desse trecho da zona rural do município. Já mostrei parte desse caminho aqui no Mochileiro, mas, recentemente, fiz novamente a pequena travessia entre primeiro e segundo distritos para registrar o passeio para o programa homônimo da DIÁRIO TV. E valeu muito a pena. A caminhada tem início nas proximidades da Escola Adolfo Josetti, na Posse. Ali fica o começo da estrada Rincão do Vovô, que corta a localidade do Arrieiro.
Caminhada pela estrada de terra batida, recomendada para todas as idades. Trajeto também é ideal para pedalar e cavalgar
São cerca de três quilômetros de subida, cruzando a área do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis e admirando mais distantes outras unidades de conservação ambiental que cercam nosso município, o Parque Estadual dos Três Picos e Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Ou seja, caminhando morro acima encontramos várias “janelas” para boa parte das belezas do nosso município! Aliás, quase no final da subida, é possível ver em destaque as montanhas mais altas da Serra dos Órgãos, Papudo e Sino, que tem 2.245 e 2.255 metros de altitude, respectivamente.
Após um trecho mais forte, a “cortina de floresta” se abre e ficamos de frente para o Segundo Distrito, vendo de cima as montanhas Pedra de Santa Rita e Pessegueiros, à direita, e à esquerda Fazenda Alpina e Timóteo. Bom, além das formações rochosas, estamos bem de pertinho muitos pássaros, flores e nascentes… A natureza tentando voltar à harmonia – sem contar a ação do homem – de antes do dia 12 de janeiro.
Pelo caminho, mesmo hoje ainda são visíveis as marcas da catástrofe. O caminho das avalanches vale abaixo e imóveis destruídos. Talvez por isso, sem contar as vidas perdidas, muita gente deixou de morar por lá. Mas, ainda assim, encontramos muitas pessoas apaixonadas pelo silêncio e encanto do interior e que esperam que o poder público não se esqueça desse cantinho de Teresópolis. “Isso aqui é bom demais e tem que voltar a crescer”, relatou um produtor rural.
Em um dos “cantinhos” de Santa Rita, curiosas rochas expostas após a catástrofe de 2011
Nossa caminhada, de cerca de nove quilômetros, passando pelas estradas Rincão do Vovô e Santa Rita, terminou nas proximidades do antigo campo de futebol. Perto dali, em contraste com os estragos causados pela enxurrada, um símbolo de esperança para toda a região: A sede do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis. Construída na antiga fazenda Urso Branco, o local serve mais do que de base para a unidade de conservação ambiental, será fundamental para a recuperação de Santa Rita, Cruzeiro, Arrieiro, Fazenda Alpina, Engano… Além da recuperação e conservação das áreas naturais, é grande incentivo o turismo rural, que deve envolver todas as comunidades beneficiadas. O local conta com a pequena e bonita trilha do Jacu, com menos de um quilômetro e recomendada para público de todas as idades, além de quadra de futsal e brinquedos como balanço e escorregadores. Também está sendo finalizada a construção de uma área de camping.
Além desse trajeto, essa região conta com muitas outras estradas que podem ser explicadas turisticamente ainda de outras formas, como através do ciclismo e cavalgadas, por exemplo. Para saber sobre esse passeio, o e-mail da coluna é o marcello@odiariodeteresopolis.com.br. Outra dica é visitar uma das reuniões sociais do Centro Excursionista Teresopolitano (CET), que acontecem todas as quartas-feiras, a partir das 20h30, na loja da Sociedade Pró-Lactário (Número 555 da Avenida Lúcio Meira, ao lado da ponte, na Várzea).
Pedras de Santa Rita e Pessegueiros vistas da parte mais alta da estrada do Arrieiro