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O DIÁRIO DE TERESÓPOLIS
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A importância da história de Teresópolis para o turismo local

De George March ao caminho do ouro e a conquista das montanhas, nosso passado tem ajudado a construir um futuro melhor

Nina Benedito
@ninabenedito

Se existe algo que define uma cidade e que a torna única é a sua história e sua cultura. Ver a sua arte, viver suas tradições, provar a sua gastronomia e passear pela sua construção histórica… Muitas pessoas tem conhecimento de Teresópolis apenas em relação aos parques, visto que a cidade é uma das poucas no mundo incrustada entre tantas montanhas com formatos diferentes. Contudo, o município tem uma história muito interessante que começa desde a sua colonização e várias curiosidades indígenas e de quilombos, entre outros pontos que estão cada vez mais sendo explorados turisticamente. Em recente entrevista ao “Programa da Nina”, na Diário TV, o Guia de Turismo Henrique Silva destacou essa importância histórica  para o setor. Ele pontuou alguns tópicos que ajudaram a construir a identidade que vivemos hoje.
“Teresópolis foi um refúgio muito interessante porque muitos negros gostavam de ser escravos de George March, um português de origem inglesa que adquiriu algumas terras onde hoje situa-se o bairro do Alto e as transformou na Fazenda de Santo Antônio. Quando o conquistador da Pedra do Sino esteve aqui, o botânico George Gardner, ficou encantado com a forma com que March tratava os escravos dele com respeito e dignidade, e havia nessa região muitos índios ainda, eles não desciam a serra porque encontravam com alguns antropófagos lá em baixo, então eles iam geralmente em direção ao interior do município, Além Paraíba, e isso fazia com que o local se restabelecesse, até porque devia ser muito difícil passar o inverno em Teresópolis só de tanguinha”, conta Henrique.
Os escravos que eram muito bem tratados, tinham o domingo de folga, George March fazia festas com eles, e um dos escravos chamado Pai Felipe que acompanhou Gardner até a conquista da Pedra do Sino, quando já estava bem idoso e voltou aqui em 1941 para terminar a conquista, o próprio Pai Felipe que era um escravo, designou que o filho fosse junto, então eles tinham essa autonomia de poder escolher, eles tinham voz, George March sempre respeitou bastante a opinião deles”, enfatiza o Guia. “Diz a história que a esposa de George March também era descendente afro e veio morar na cidade, então ele já tinha esse carinho, uma ligação com esse povo”.  

Um dos caminhos do ouro
“Teresópolis foi um dos caminhos do ouro, quando os tropeiros vinham de Minas Gerais. Tivemos aqui ao pé da serra o primeiro pedágio do Brasil, onde na Fazenda Barreiras, próximo ao Garrafão, eles eram obrigados a parar e fazia-se então a contagem do que os tropeiros tinham de ouro. Embarcavam na Baía de Guanabara, e de acordo com o que eles possuíam, tinham que pagar um pedágio desse ouro, e aí surgiu aquela história da santinha do pau oco, porque os tropeiros traziam santas de madeira cheias de ouro, e o que estava dentro da santa, não se pagava pedágio porque os soldados não sabiam que a santa era oca”, relata Henrique. 

Os tipos de Turismo em Teresópolis
Teresópolis tem um público de turismo bem específico, o turismo de montanhas, com escaladas e caminhadas, e o turismo gastronômico, contudo, nós não temos um grande investimento em turismo histórico, embora a cidade tenha muitas curiosidades e prédios históricos. “Nós vamos começar a fazer agora um levantamento de azulejos e vitrais de Teresópolis. Eu fiz um pequeno documentário sobre a Igreja de Santa Tereza, e assim se descobre coisas maravilhosas. A história dos vitrais é muito interessante porque quando foram introduzidos nas igrejas europeias, era muito comum os fiéis não saberem ler, então quando você entra na igreja, você vê uma ilustração como uma história em quadrinhos nos vitrais. Então as pessoas não sabiam ler a Bíblia, mas faziam uma interpretação pelos desenhos, logo isso se propagou por todas as igrejas e o mesmo acontece com a nossa igreja de Santa Tereza D’Avila”, conta Henrique. “Quando eu fui fazer esse levantamento, descobri que havia um senhor polonês chamado Sordenit, que trouxe uma empresa para São Paulo, fez os vitrais da Catedral da Sé, o Mercado Municipal de São Paulo, e foi o mesmo que fez os vitrais da Igreja de Santa Tereza. E um dia visitando o Castelo Montebello, vi um painel muito bonito, e por curiosidade fotografei o nome do artista, e era o mesmo. A nossa intenção é fazer um levantamento desses vitrais, junto com a Secretaria de Cultura e também dos azulejos, e com isso, nós possamos ter um turismo específico, acredito que vão querer visitar Teresópolis apenas para conhecer um trabalho artístico, de um determinado artista, e nós temos a nossa história” enfatiza o guia de turismo. 

Para o final de semana
“Os parques estão sempre bem cuidados, impecáveis. Se você quer fazer algo mais longo, pode ir a Pedra do Sino, a Pedra do Papudo fazer várias travessias dentro do parque. Se quiser fazer a parte mais baixa, a Trilha 360 é um cartão postal e a trilha Mozart Catão, são espetaculares. Se você preferir cachoeiras, não precisa visitá-las somente no verão, você poderá ir no inverno também, curtir a paz, o curso de água, se rejuvenescer espiritualmente com a energia daquele local, ver orquídeas que florescem em diferentes épocas do ano, os pequenos animais”, sugere o guia de turismo. Os parques estão em primeiro lugar, o ponto crucial que todo teresopolitano deveria conhecer, fora isso, temos alguns prédios históricos que valem a pena conhecer, como o Palacete Granado, o Colégio Higino da Silveira, o Colégio Euclides da Cunha que tem uma arquitetura fantástica, foi o primeiro colégio estadual do município, a Fonte Judith que tem uma história belíssima e os azulejos com todo o conteúdo histórico dela, além da Fonte Amélia, recentemente revitalizada. “São lugares que você pode conhecer caminhando. A Casa da Memória Artur Dalmasso, onde você pode descobrir curiosidades sobre esses locais, enfim, tem muita coisa para se fazer em Teresópolis, mesmo sendo uma cidade pequena”, destaca.

Outras curiosidades
Nós temos várias palavras que são do Tupi Guarani e estão no nosso dia a dia e nós não sabemos a tradução. Um exemplo é o Rio Paquequer, que corta a cidade e quer dizer “lugar onde dormem as pacas”. Outra curiosidade é o nome de Teresópolis antes mesmo de ser chamada de Quinta do Santo Antônio, os índios chamavam-na de “caiuã”, lugar de boa morada. “É um prazer imenso quando você passa essas curiosidades para os turistas ou para o teresopolitano. Teresópolis é uma cidade riquíssima em história, nós temos aqui história de tropeiros que passavam por aqui, nós temos história de indígenas, nós temos o Quiosque das Lendas que a Secretaria de Cultura está tentando um processo para revitalizar, toda a região do Alto, da Família Guinle, do Adolph Bloch e tantas outras” conta. 

Turismo para todo público
Teresópolis desperta a curiosidade de todo tipo de público: Os jovens que vem em busca de aventura do montanhismo e escalada; O turismo gastronômico que envolve o público de todas as idades, e que também tem uma história, já que muitos legumes e verduras foram introduzidos pelos ingleses, com prédios históricos que enriquecem cada vez mais todos esses roteiros; E o turismo rural, que está despertando com muita força, através da Guia de Turismo Julianna Rocha, proprietária da agência de turismo receptivo Ecoplay Tour, que oferece roteiros imperdíveis pela área rural da cidade com muitos atrativos e atividades.

Dica do Guia de Turismo
Henrique dá dicas valiosas: “Se você mora em Teresópolis, redescubra a sua cidade. Se você não conhece Teresópolis, venha conhecer. Uma das cidades mais seguras do país, uma gastronomia fantástica, e a única cidade no mundo, que é incrustada entre três unidades de conservação, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Parque Estadual dos Três Picos e o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis. Esse friozinho gostoso, aquele calorzinho gostoso, no verão você pode curtir as cachoeiras, então é uma cidade para você curtir o ano inteiro. Venha para Teresópolis, você será sempre bem acolhido pelo teresopolitano, pelos guias de turismo. Só não venha para Teresópolis se estiver de regime, porque a gastronomia aqui é maravilhosa”, finaliza.

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Edição 27/11/2024
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