Marcus Wagner
A Casa do Pequeno Trabalhador de Teresópolis (Capette) está passando por graves dificuldades financeiras e corre o risco de ter que suspender os importantes projetos sociais que desenvolve desde 1974 em Teresópolis com crianças e adolescentes carentes. A prefeitura não está realizando o repasse da verba que se comprometeu com a instituição e essa situação vem prejudicando o trabalho pela impossibilidade de arcar com as despesas. A Capette conta com uma creche que atende 75 crianças com idade entre 2 e 5 anos, além de projetos com adolescente. Por conta da falta de dinheiro, várias atividades foram canceladas e as que continuam não estão garantidas por muito tempo caso não apareçam recursos para manter a instituição.
A creche pode ter que deixar em período integral em breve, já que os funcionários cedidos pela prefeitura só trabalham em um turno e o repasse que havia até 2015 no valor de R$ 8 mil mensais, que era oriundo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, foi suspenso, deixando a situação crítica. Atualmente a prefeitura só garante uma merenda diária e sete funcionários da Secretaria de Educação.
Um dos locais mais importantes que está parado é o consultório odontológico todo equipado, mas que desde janeiro deste ano não funciona: “Nós tínhamos uma odonto-pediatra que atendia as 75 crianças da creche e também abríamos para outras que fossem encaminhadas pela rede. Ela vinha um dia na semana, mas a partir de janeiro este trabalho foi suspenso, não tivemos explicação sobre isso. Nós lamentamos profundamente, porque nós entrávamos com o espaço, que é um consultório lúdico, pagamos a luz, fornecemos tudo que a entidade pode e a prefeitura entrava com medicamento e a dentista. A gente entendia que era uma parceria bastante boa para a sociedade, mas que infelizmente não acontece mais” explicou a vice-presidente Aparecida Borcard.
Jovens perdem capacitação
Para atender adolescentes em vulnerabilidade social, a Capette criou o importante programa social "Jardineiro Mirim", que tinha a capacidade de atender até 50 adolescentes, o que ficou inviabilizado e atualmente conta com menos de dez jovens. Mesmo com todas as dificuldades, o intuito é não deixar os jovens desamparados: “Dentro desse programa temos ainda o programa de garçom e garçonete que procura uma inserção deles, desenvolvendo o gosto pelo trabalho com oportunidades diferentes daquelas que acabam prejudicando muito o adolescente na sua comunidade. Eles ficam com a gente no contra turno escolar, então tem refeições e tudo tem sido extremamente difícil pela falta do repasse de verbas”, contou Aparecida.
A bióloga Daniela de Lorenzi ensina como trabalhar em uma horta respeitando boas práticas ambientais, capacitando tanto para o conhecimento da produção agrícola como também para práticas que são benéficas para a sociedade: “A gente realiza um trabalho de educação ambiental e agroecologia, produzindo alimentos e entendendo todos os cuidados de sustentabilidade. Trabalhamos a relação humana promovendo uma nova visão, pois ao plantar eles vêem que a produção é voltada para utilização na creche, existe um processo para entender a ecologia e dar uma importância ao social”. Além da estrutura da horta, também há uma composteira com minhocário e um viveiro que está sem utilização pois também não há recursos para a implementação.
Falta de recursos
A entidade depende muito do apoio de diversos cidadãos para manter os serviços sob os princípios consagrados na Declaração dos Direitos da Criança e do Adolescente. A Capette é devidamente registrada nos órgãos legais e considerada instituição de Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal, todos com validade renovada anualmente.
“Todas as instituições sociais e filantrópicas não só de Teresópolis, mas também do estado e até do Brasil estão passando dificuldades porque as primeiras coisas que se cortam são as doações para esta área, infelizmente. As despesas só aumentam então temos que continuar pedindo aos empresários, aos sócios atuais, amigos e clubes de serviço para contribuir de alguma forma, financeiramente ou através de parcerias. Convido a quem puder ajudar a fazer uma visita e nós estamos fazendo campanhas sem parar”, explicou Paulo Roberto Martins Rocha, presidente da Capette.
Espaço desperdiçado
A falta de recursos impede que o espaço seja melhor aproveitado, já que há necessidade de melhorar a estrutura. A construção de uma quadra, por exemplo, é um dos sonhos da direção, mas que esbarra na necessidade de realizar obras de infraestrutura. Até mesmo a área de lazer da creche está muito aquém do que poderia ser. “Houve um corte de uma arvore e a Defesa Civil orientou que as crianças ficassem dento de uma margem de segurança, tivemos que retirar balanços e as elas ficaram em um espaço reduzido. Ficamos de coração partido porque temos todo este espaço sem ser utilizado porque não temos recurso para aproveitar. Nosso sonho de consumo é construir uma quadra de esportes e uma área de lazer da forma que as crianças realmente necessitam e os professores trabalharem de uma maneira bem melhor”, enfatizou Aparecida.
Colabore com a Capetter
Há também a necessidade urgente de investir na segurança do terreno, já que o muro lateral ameaça cair a qualquer momento e muitos motoristas desavisados estacionam seus carros na calçada lateral que fica na Rua Juruena. “Não temos condições financeiras de resolver. Nós fazemos um apelo a todos que queiram colaborar de alguma forma com a Capette que nos procurem aqui na Rua Juruena, 73, em Agriões. Nosso telefone é 2742-0057 e estamos abertos esperando que todos tenham o mínimo de pensamento de colaborar com a gente porque não temos outra forma a não ser contar com a sociedade teresopolitana”.
Doações em dinheiro podem se feitas através de depósito na conta bancária da Capette no Banco do Brasil: agência 741-2 / conta corrente 3551-3.