Marcello Medeiros
A Secretaria de Estado de Obras e a Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (CEHAB) publicaram nesta sexta-feira, no jornal O DIÁRIO, aviso de licitação de tomada de preços para a contratação de projetos executivos necessários para a implantação de um empreendimento habitacional com 128 unidades em Teresópolis, composto por quatro blocos de quatro pavimentos, centro de convivência de idosos, creche e quadra poliesportiva, com a respectiva urbanização das vias, calçadas e áreas de lazer, além de sistema de aquecimento solar para banho em todas as unidades habitacionais. Tal condomínio, voltado para atender famílias cadastradas no programa Aluguel Social e idealizado para terreno nos fundos da comunidade da Portelinha, onde já existem outros dois, foi anunciado pelo governo estadual dois anos e meio atrás. Porém, somente agora, com liberação de recursos do Ministério das Cidades, o projeto foi retomado.
“Teresópolis vai ganhar um conjunto habitacional de interesse social sustentável. O condomínio chamado Fonte Santa III, com 128 apartamentos divididos em quatro blocos, será o primeiro conjunto habitacional verde construído pelo governo estadual. O projeto-piloto está sendo coordenado por um grupo de profissionais da Companhia Estadual de Habitação (Cehab-RJ), vinculada à Secretaria de Habitação. Um estudo preliminar apontou as melhores alternativas ecológicas a serem adotadas. A próxima etapa será licitar a empresa que fará o projeto executivo. A expectativa é de que as obras comecem em 2016”, divulgou o jornal O DIÁRIO em março de 2015.
De acordo com o presidente da Cehab-RJ, Thadeu Galvani, o objetivo é atender a população, melhorando sua qualidade de vida, agregando a questão da preservação do meio ambiente. Destinado a famílias de baixa renda, o empreendimento verde terá um conjunto de dispositivos de economia hídrica, além de um sistema fotovoltaico (energia solar) para redução do consumo de energia elétrica, inclusive para o aquecimento de água. O material usado nas paredes, cobertura e vidros dos cômodos, além da tinta utilizada na pintura dos apartamentos também será escolhido com base no conforto térmico. “Para garantir que os moradores utilizem os dispositivos e se conscientizem da importância da economia de recursos, a Cehab-RJ vai realizar palestras e oficinas educativas, com o auxílio da concessionária Enel”, prometeu ainda a Companhia Estadual de Habitação.
Ainda de acordo com o que foi divulgado pelo governo estadual à época, além da capacitação de lideranças, o programa terá uma segunda etapa, que inclui treinamentos para a formação do corpo técnico da Habitação que atuará, em parceria com a Defesa Civil, no socorro de comunidades em casos de desastres climáticos.
Nem os primeiros foram concluídos
Em março de 2015, estivemos na comunidade da Portelinha para ouvir moradores dos condomínios Fonte Santa I e Fonte Santa II, que, tanto tempo depois de entregues – sendo que alguns imóveis nem chegaram a ser liberados oficialmente – ainda conviviam com problemas gerados pelo abandono do governo estadual. Havia problema na regularização dos serviços de energia e água e calçamento adequado, além de terem sido construídos vários imóveis de maneira irregular, entre os condomínios do estado e o terreno onde deve ser feita a terceira etapa.
Casas do Rosário nunca saíram do papel
Em agosto de 2013, o então prefeito Arlei Rosa anunciou um grande projeto para atender aos moradores de uma das comunidades com maior risco de deslizamentos de terra e pedras do município, o Rosário. Um terreno de 4.056,50 metros quadrados na Rua Alagoas, entre os bairros de Araras e Barroso, próximo ao Ciep Sebastião Mello, foi desapropriado para a construção de um bloco de apartamentos. Inicialmente, seriam 120 imóveis. Depois, analisando a necessidade da construção de um muro de contenção, esse número foi reduzido para algo em torno de 70 e 80 apartamentos. Meses depois, começou a dança das cadeiras no Palácio Teresa Cristina: Sai Arlei, entra Catão. Sai Catão, entra Arlei. Volta Catão, entra Mario Tricano… E essa foi única mudança desde então, visto que o terreno adquirido com recursos do município continua exatamente do mesmo jeito: Abandonado e servindo como área de lazer improvisada e depósito de lixo nas margens. Na “solenidade” de desapropriação da área, foi apresentado projeto de construção de apartamentos na área e prometido que as obras teriam início em setembro daquele ano. A obra aconteceria com recursos próprios, através de dinheiro obtido com a negociação da antiga Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima (que hoje é e propriedade da família Tricano). Meses depois do anúncio oficial, “ficou esclarecido que esse recurso seria específico para investimento no segmento da Saúde”. A partir daí, a PMT começou a adiar o início da construção do condomínio popular e promessas de utilização do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social (FMHIS), mas até então centenas de famílias vivem o medo diário de perderem suas vidas em um deslizamento de terra nas encostas do Rosário.