Durante audiência pública da Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta terça-feira (22), o Vice-prefeito do Rio e secretário de Transportes, Fernando Mac Dowell afirmou que o custo para acabar com a dupla função de motoristas de ônibus – com a volta de cobradores nos coletivos – é equivalente a 4% do valor da passagem. "O acréscimo seria para a contratação dos cobradores. Os motoristas hoje vivem um estresse muito grande. Dessa forma você resolveria um problema. Essa foi uma promessa da nossa campanha e estamos trabalhando para cumprir com ela o quanto antes. Ainda não temos um prazo definido para aplicação da medida", explicou.
O presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PSol), disse que o estudo apresentado por Macdowel deve ser avaliado junto com os motoristas. "É preciso entender a necessidade do aumento da passagem, já que isso pode mexer no bolso dos passageiros", afirmou. O deputado Gilberto Palmares (PT) também esteve na reunião e apoiou a solicitação do presidente.
O presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Fittr), Antonio de Freitas Tristão, lembrou que há cerca de 10 anos os motoristas sofrem com a dupla jornada em vários municípios, o que aumentou problemas de saúde na categoria. "Tenho amigos que estão com problemas de coluna e depressão. É muito estressante. Temos que vigiar os passageiros que utilizam o cartão, dar o troco, o olhar o trânsito e aguentar a reclamação dos passageiros quanto a demora", relatou. Tristão também informou que cerca de 40% dos passageiros ainda pagam a tarifa com dinheiro. "Pouco menos da metade dos cariocas fazem uso do cartão eletrônico. E temos que lembrar que é direito do passageiro escolher como pretende pagar a passagem", afirmou.
Lei descumprida
O presidente da Comissão lembrou que, de acordo com a Lei estadual 4.291/04, os ônibus devem ter cobrador. "Essa afirmação consta no artigo 10 do texto da matéria. Está muito claro que essa lei está sendo descumprida, temos que saber se o TST tem conhecimento da norma", afirmou. O procurador do Ministério Público de Transporte, Joao Carlos Teixeira, disse que é possível que a função do cobrador se extinga, mas lembrou que o poder público deve apresentar uma contrapartida para esses trabalhadores. "Muita coisa precisa melhorar. É preciso olhar a questão do ponto de vista do trabalhador, o que não acontece com frequência", concluiu.
FOTO: Octacílio Barbosa
Fernando Mac Dowell afirmou que o custo para acabar com a dupla função de motoristas de ônibus na cidade – com a volta de cobradores nos coletivos – é equivalente a 4% do valor da passagem