Um estudo realizado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia, acompanhou 3.308 bebês com síndrome congênita da zika até os três anos de idade e identificou uma mortalidade 11 vezes maior que a das crianças sem a doença. As principais causas das mortes variam de acordo com a idade, e entre elas estão anomalias congênitas, doenças infecciosas e parasitárias e causas relacionadas ao sistema nervoso central. O estudo foi divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado na revista científica The New England Journal of Medicine. É a primeira pesquisa a acompanhar crianças diagnosticadas com a síndrome até o terceiro ano de vida e faz parte da Plataforma de Vigilância de Longo Prazo para Zika e suas Consequências, coordenada pelo Cidacs/Fiocruz Bahia.
Para chegar a essa amostra de mais de três mil crianças com a síndrome congênita, foram analisados dados de mais de 11 milhões de recém-nascidos cadastrados no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), entre 2015 e 2018. A síndrome congênita da zika ocorre por alterações no sistema nervoso central dos bebês causadas quando o vírus infecta as mães durante a gravidez. A forma mais conhecida da doença é a microcefalia, mas há também anomalias funcionais, como a dificuldade para engolir, ou sequelas clínicas, como a epilepsia.
Entre as mais de três mil crianças com a doença acompanhadas, houve 398 óbitos até os três anos de idade. Os pesquisadores identificaram que, para bebês que nascem com menos de 32 semanas ou menos de 1,5 kg, não há diferença na mortalidade quando as crianças com a síndrome são comparadas com as que não têm. Já para crianças que nascem com 32 a 36 semanas, a síndrome causada pelo zika aumenta as chances de morrer até os três anos em nove vezes. E para aquelas que nascem após as 37 semanas, esse risco aumenta em 14 vezes. O estudo mostra ainda que a chance aumentada de morrer se estende por todo o período de vida analisado. Até os 28 dias de vida, o risco é sete vezes maior do que para as crianças sem a síndrome. Já entre um e três anos de vida, a possibilidade chega a ser 22 vezes maior.
Agência Brasil
Para chegar a essa amostra de mais de três mil crianças com a síndrome congênita, foram analisados dados de mais de 11 milhões de recém-nascidos