Luiz Bandeira
A estação do ano quando há uma maior incidência de chuvas na Região Serrana já passou, mas ainda há risco de novas tempestades. Em 2012, por exemplo, um temporal em 06 de abril causou mortes e destruição em diversos bairros. E, além desse exemplo, basta olhar para os últimos para constatar problemas gerados pelas fortes chuvas. Além disso, muitas vezes tal situação é ampliada devido a participação da própria população, que joga todo o tipo de lixo em via pública e diretamente dentro dos cursos d´água. Tais problemas já são muito preocupantes e, não bastasse isso, esta semana foi constatado um caso ainda mais grave: um bueiro foi concretado na Avenida Lúcio Meira, na Várzea, para evitar mau cheiro causado pela rede. Porém, o responsável pela “obra” resolve um problema e arruma outro ainda maior, com a ampliação dos alagamentos. Nesta terça-feira, 29, nossa equipe conversou com o Secretário Municipal de Serviços Públicos, Davi Serafim, sobre esse e outros problemas encontrados em to o município.
A pasta está tendo muito trabalho para solucionar danos em galerias, desobstruindo e reparando sistemas de escoamento de águas de chuvas que muitas das vezes sofreram com a ação inapropriada da própria população e de alguns comerciantes. É urgente que se faça um levantamento de como anda a rede que coleta água de chuva nos bairros e na região central, sobretudo com o aumento de edificações com muitas unidades habitacionais, com a consequente impermeabilizam do solo que leva muito mais água para as galerias, estas construídas há muitos anos para uma cidade com uma população bem menor.
Em toda a cidade foram registrados alagamentos, na mesma proporção em que foram mobilizadas equipes da Secretaria de Serviços Públicos para solucionar os transtornos à população. No início do ano, O Diário denunciou um alagamento que se repetia a cada chuva em uma das vias mais movimentadas do centro, Avenida Parque Regadas. Na ocasião a equipe da Secretaria de Serviços Públicos detectou uma obstrução sob um prédio na Avenida Lúcio Meira que impedia o escoamento para o Rio Paquequer das águas das chuvas acumuladas na via. O trabalho para resolver o problema demandou alguns dias e ainda assim houve a necessidade de aumentar a rede no setor para solucionar de vez o problema.
Cerca de uma semana depois outro alagamento, desta vez na Avenida Lúcio Meira próximo da antiga Casa de Saúde, onde a galeria estava completamente obstruída por lixo de todo tipo, onde inclusive, no dia seguinte, um colchão foi retirado de dentro da galeria por servidores da prefeitura. “Esse trabalho de limpeza a gente já vem fazendo há mais de um ano… abrimos uma caixa de passagem e ela estava lotada de detritos, garrafa pet, colchão, travesseiro. É uma manilha de um metro e meio que vem lá da Ermitage, corta toda a Manoel Lebrão e aqui tem essa caixa que faz a junção das águas. Com a saída dela totalmente obstruída por esse monte de detrito o ralo não deu vazão e encheu. Nós tiramos um caminhão de entulho, inclusive um colchão. Até berço e colchão de berço estava na rede de água”, relata o secretário Davi Serafim.
Aí nós temos dois problemas, um que é o fato de as galerias da cidade não suportarem mais o volume que recebem a cada chuva mais forte ou persistente. E o outro é a falta de consciência de parte da população que não se preocupa em destinar o lixo que produz da forma mais adequada, depositando nas ruas lixo doméstico, entulhos de obras, restos de móveis e objetos rejeitados diversos. Enquanto isso a pasta comandada pelo secretário Davi Serafim vai enxugando gelo nessa dura tarefa de minimizar os transtornos causados por alagamentos na cidade. “A gente aproveita a audiência de vocês para pedir a colaboração dos comerciantes, dos moradores, da população. Porque a gente varre a cidade tanto durante o dia quanto durante a noite, de madrugada a gente tem equipes varrendo, limpando o ralo, tirando sujeira da “boca de lobo”, para que não aconteça, mas infelizmente a gente se depara a cada dia com mais sujeira, com mais falta de colaboração da população nisso aí, a prefeitura tem trabalhado diariamente para que alagamentos não aconteçam”, pondera Davi Serafim.
Bueiros fechados
Nesta terça-feira um “vídeo denúncia” chegou à nossa redação mostrando que um bueiro, importante instrumento para o sistema de escoamento de água da chuva, na Avenida Lúcio Meira, instalado entre a Igreja da Lagoinha e um comércio, foi deliberadamente tapado com concreto, anulando sua função de evitar alagamento naquela área. O secretário Davi Serafim falou sobre essa prática. “Infelizmente a gente tem alguns pontos da cidade onde contribuintes acabam fazendo isso. Porque às vezes o ralo acaba dando mau cheiro, a gente está lá à disposição para atender o comerciante, ele liga e a gente vem solucionar da melhor forma, ele só precisa fazer a sua reclamação através dos canais disponíveis, mas aí joga um concreto e entope o ralo definitivamente, aí depois esse mesmo contribuinte, esse mesmo comerciante vai às redes sociais, vai à imprensa reclamar que encheu em frente a sua loja. Agora, se ele mesmo está colaborando para que aquilo aconteça não tem como reclamar depois”, desabafa o secretário. Ainda segundo a autoridade, ao menos quinze casos semelhantes já foram detectados na cidade pela secretaria.