Marcello Medeiros
Montanhas com formatos únicos, icônicos, beleza cênica incomparável e um clima convidativo a passar horas contemplando as maravilhas na parte alta da Serra dos Órgãos… Isso é apenas um pequeno resumo da travessia que liga Petrópolis a Teresópolis através de íngremes trilhas que ultrapassam os dois mil metros de altitude em relação ao nível do mar. Aberta nos anos 30 pelo Centro Excursionista Brasileiro, o CEB, essa travessia é objeto de desejo da grande maioria das pessoas que praticam esportes de montanha. “Simplesmente é a cadeia de montanhas mais bonita do Brasil. Sou suspeito para falar, pois sou morador da cidade, mas isso é o que todos os meus clientes dizem. A partir dela se vê a Serra dos Órgãos de uma maneira única, digamos, ao contrário da vista clássica do Soberbo, da vista mais comum, além de cidades como Rio de Janeiro, Petrópolis e Teresópolis de cima, entre outras”, pontua o experiente guia teresopolitano Maicon Rocha, da empresa Ser Aventureiro, um dos que mais têm conduzido visitantes entre os dois municípios nos últimos anos.
É tanta beleza que não é fácil descrevê-la em palavras. Mas, basta olhar para a grande quantidade de pessoas interessadas em se desafiar montanha acima nas escarpas da Serra dos Órgãos para compreender a sua grandeza. “Já guiei pessoas do Uruguai, dos Estados Unidos, e até de Honduras, um país que a gente conhece pouco e nem imagina que vão conhecer aqui. Do Brasil, principalmente do eixo Sudeste, Rio, Minas e São Paulo, mas também muitos visitantes do Paraná, que tem uma galera forte de montanha que quando descobre a travessia quer logo fazê-la. Já guiei também gente de outros estados aleatórios, há muitas pessoas interessadas em conhecer nossa beleza”, atenta Maicon.
Dificuldades
Mas, uma dica, não se prenda apenas às maravilhas naturais protegidas pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos e seus campos de altitude. Para admira-las com seus olhos, é preciso andar. E bastante. São aproximadamente 30 quilômetros de caminhada, com grande desnível tanto positivo quanto negativo, o que significa um verdadeiro “sobe e desce nas montanhas”, que podem ser vencidos em um, dois ou três dias, dependendo do condicionamento da pessoa. “A distância final varia de acordo com os atrativos que a pessoa vai conhecer, ficando entre 28 e 33 quilômetros. Quando faço com clientes, no primeiro dia levo no Véu de Noiva de Petrópolis, depois tem os Portais de Hercúles, quando o clima está favorável, chegando no Sino tem o nascer e o pôr do Sol, com duas subidas a partir do acampamento, então isso pode aumentar em torno de cinco quilômetros”, explica o experiente guia. Apesar do nome pelo qual é conhecida, devido ao ponto de acesso e de saída, essa travessia contempla ainda cumes que fazem limite com Guapimirim.
Orientação e ajuda
Além de bom preparo físico, outro desafio para realizar a Petrópolis x Teresópolis é a orientação, nem sempre precisa, principalmente no trecho entre as pedras do Açu e Sino. “Tem vários trechos que não se têm boa marcação, sinalização, aí se acontecer de baixar a cerração, muito popular na região, fecha a trilha e pode complicar bastante. Por isso é importante fazer com um guia experiente para não correr o risco de se perder, de pegar o caminho errado”, frisa Maicon, que também orienta os clientes na logística para chegar e sair do município, entre outras dicas para um passeio seguro.
Ingresso e guiamento
Atualmente o Parque Nacional da Serra dos Órgãos não tem cobrança de ingressos. Porém, para acessar a unidade de conservação, nas atividades de montanha, é preciso realizar um agendamento virtual – enfrentando grande disputa para o reduzido volume de permissões diárias. Para saber mais sobre o procedimento e o trabalho de guia na Travessia Petrópolis Teresópolis e outras trilhas na região, os contatos podem ser feitos pelo Instagram ( /guiamaiconrocha ), telefone (21 99497-2500), e-mail seraventureiro@gmail.com ou ainda pelo Facebook ( /ser.aventureiro ).